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Você trabalharia com sua esposa ou com seu marido?

O maior desafio está em tudo que envolve dinheiro: gastar ou não recursos do caixa é a maior fonte de discórdia em uma sociedade, em um casamento ou não

Lucille Ball e Desi Arnaz, que controlavam a produtora de TV Desilu e estrelavam o seriado “I Love Lucy”, um dos maiores sucessos da história da TV americana (Reprodução/Reprodução)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2021 às 11h12.

Aluizio Falcão Filho

Amanhã é o Dia dos Namorados . Por isso, decidi fazer uma homenagem à minha namorada, com quem me casei há quase 17 anos. Muita gente me pergunta: como é trabalhar com sua esposa? São pessoas que têm dificuldades de imaginar como seria a labuta ao lado do cônjuge e que preferem separar a vida profissional da pessoal. Mas eu trabalho com Cristina desde 2014 – e contamos nos dedos as vezes que nos desentendemos para valer.

Qual o segredo?

Há alguns. O primeiro é o respeito mútuo e a total inexistência de competição entre nós. Cada um tem uma habilidade muito específica a oferecer para nosso negócio. Eu não tenho o talento necessário para fazer o papel dela na empresa – e vice-versa. Quando alguém é extremamente competente em sua função, para a qual você não tem vocação alguma, não há alternativa a não ser admirar essa pessoa. É o que ocorre entre nós. O mesmo acontece em relação à falta total de competição entre nós. A competitividade profissional contamina um casal e pode levar um relacionamento à ruína, fazendo o mesmo com uma empresa se os dois forem sócios.

O maior desafio está em tudo que envolve dinheiro: gastar ou não gastar recursos do caixa é a maior fonte de discórdia em uma sociedade, seja ela feita dentro de um casamento ou não. Por isso, é melhor estabelecer regras e criar uma política de transparência total: se um quiser gastar ou poupar, o outro precisa estar de acordo ou confortável em desistir de sua posição inicial.

Homens e mulheres são muito diferentes. E, na base da observação, é possível aprender com o cônjuge. Mulheres, em geral, têm um senso de justiça muito apurado. Os homens, por sua vez, são mais pragmáticos e abrem mão de ter razão para chegar ao final de uma conversa desagradável. Assim, mulheres – segundo a regra – podem esticar desnecessariamente uma discussão, enquanto os homens a encurtam para evitar mal-entendidos. Se um aprender a entender o comportamento de seu cara-metade, assim, podemos encontrar um meio-termo em várias situações que terminam em briga.

Mulheres têm uma capacidade invejável para os homens – o talento nato para a multitarefa. Elas são capazes de fazer inúmeras coisas ao mesmo tempo, ou tratar de três assuntos simultaneamente. Já o homem precisa de concentração, na maior parte dos casos, e faz uma coisa de cada vez. É outro caso típico em que uma parte pode assimilar uma forma de suavizar o próprio comportamento.

Existe uma grande oportunidade para um casal trabalhar no comando de uma empresa familiar. Trata-se do comprometimento que se cria através de empreendedorismo. Isso impulsiona os dois sócios a enveredar por uma estrada de aprendizado mútuo.

Se o casal não tiver uma vida familiar marcada pela tranquilidade, entretanto, o convívio profissional também estará sujeito a chuvas e trovoadas. Não adianta pensar que o trabalho unirá um casal com problemas. Isso pode até acontecer, mas não é uma regra. É mais fácil um casal unido se desentender por conta do trabalho do que o trabalho unir a família.

Temos duas regras que funcionam muito bem para nós. Uma vale para o casamento como um tudo e foi aplicada no trabalho – trata-se de não deixar nada guardado. Mágoas podem ser fatais para qualquer relacionamento. Por isso, se algo incomodou, nossa norma é falar sobre o acontecido, de preferência na hora. Se não for possível, o assunto ficará para depois. Mas precisa ser resolvido. De preferência, sem clima inquisitório ou no estilo da famigerada “DR”.

Por fim, tentamos não falar de trabalho em casa. Nem sempre, porém, isso é possível. Nesta semana, por exemplo, isso ocorreu algumas vezes. Mas a conversa só existirá se o outro autorizar. Caso um não queira, o interlóquio ficará para depois, sem queixas.

Esse texto não é uma receita infalível. Provavelmente essas regras não valerão para outros casais. Mas funciona plenamente para nós e preserva nossos momentos íntimos, necessários para qualquer casamento – como a comemoração que planejamos para o sábado.

Feliz Dia dos Namorados a todos.

P.S.: para quem está curioso sobre o par que ilustra essa coluna, trata-se de Lucille Ball e Desi Arnaz, que controlavam a produtora de TV Desilu e estrelavam o seriado “I Love Lucy”, um dos maiores sucessos da história da TV americana. O casamento deles não era exatamente uma maravilha, pois Arnaz era um tremendo mulherengo. Mas a Desilu foi um grande êxito empresarial e responsável por grandes hits televisivos dos anos 1960, como “Os Intocáveis”, “Jornada nas Estrelas” e “Missão Impossível”.

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Aluizio Falcão Filho

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Qual o segredo?

Há alguns. O primeiro é o respeito mútuo e a total inexistência de competição entre nós. Cada um tem uma habilidade muito específica a oferecer para nosso negócio. Eu não tenho o talento necessário para fazer o papel dela na empresa – e vice-versa. Quando alguém é extremamente competente em sua função, para a qual você não tem vocação alguma, não há alternativa a não ser admirar essa pessoa. É o que ocorre entre nós. O mesmo acontece em relação à falta total de competição entre nós. A competitividade profissional contamina um casal e pode levar um relacionamento à ruína, fazendo o mesmo com uma empresa se os dois forem sócios.

O maior desafio está em tudo que envolve dinheiro: gastar ou não gastar recursos do caixa é a maior fonte de discórdia em uma sociedade, seja ela feita dentro de um casamento ou não. Por isso, é melhor estabelecer regras e criar uma política de transparência total: se um quiser gastar ou poupar, o outro precisa estar de acordo ou confortável em desistir de sua posição inicial.

Homens e mulheres são muito diferentes. E, na base da observação, é possível aprender com o cônjuge. Mulheres, em geral, têm um senso de justiça muito apurado. Os homens, por sua vez, são mais pragmáticos e abrem mão de ter razão para chegar ao final de uma conversa desagradável. Assim, mulheres – segundo a regra – podem esticar desnecessariamente uma discussão, enquanto os homens a encurtam para evitar mal-entendidos. Se um aprender a entender o comportamento de seu cara-metade, assim, podemos encontrar um meio-termo em várias situações que terminam em briga.

Mulheres têm uma capacidade invejável para os homens – o talento nato para a multitarefa. Elas são capazes de fazer inúmeras coisas ao mesmo tempo, ou tratar de três assuntos simultaneamente. Já o homem precisa de concentração, na maior parte dos casos, e faz uma coisa de cada vez. É outro caso típico em que uma parte pode assimilar uma forma de suavizar o próprio comportamento.

Existe uma grande oportunidade para um casal trabalhar no comando de uma empresa familiar. Trata-se do comprometimento que se cria através de empreendedorismo. Isso impulsiona os dois sócios a enveredar por uma estrada de aprendizado mútuo.

Se o casal não tiver uma vida familiar marcada pela tranquilidade, entretanto, o convívio profissional também estará sujeito a chuvas e trovoadas. Não adianta pensar que o trabalho unirá um casal com problemas. Isso pode até acontecer, mas não é uma regra. É mais fácil um casal unido se desentender por conta do trabalho do que o trabalho unir a família.

Temos duas regras que funcionam muito bem para nós. Uma vale para o casamento como um tudo e foi aplicada no trabalho – trata-se de não deixar nada guardado. Mágoas podem ser fatais para qualquer relacionamento. Por isso, se algo incomodou, nossa norma é falar sobre o acontecido, de preferência na hora. Se não for possível, o assunto ficará para depois. Mas precisa ser resolvido. De preferência, sem clima inquisitório ou no estilo da famigerada “DR”.

Por fim, tentamos não falar de trabalho em casa. Nem sempre, porém, isso é possível. Nesta semana, por exemplo, isso ocorreu algumas vezes. Mas a conversa só existirá se o outro autorizar. Caso um não queira, o interlóquio ficará para depois, sem queixas.

Esse texto não é uma receita infalível. Provavelmente essas regras não valerão para outros casais. Mas funciona plenamente para nós e preserva nossos momentos íntimos, necessários para qualquer casamento – como a comemoração que planejamos para o sábado.

Feliz Dia dos Namorados a todos.

P.S.: para quem está curioso sobre o par que ilustra essa coluna, trata-se de Lucille Ball e Desi Arnaz, que controlavam a produtora de TV Desilu e estrelavam o seriado “I Love Lucy”, um dos maiores sucessos da história da TV americana. O casamento deles não era exatamente uma maravilha, pois Arnaz era um tremendo mulherengo. Mas a Desilu foi um grande êxito empresarial e responsável por grandes hits televisivos dos anos 1960, como “Os Intocáveis”, “Jornada nas Estrelas” e “Missão Impossível”.

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