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Uma última reflexão sobre as barbaridades de Arthur do Val

Entusiasmado por um raciocínio machista e rastaquera, produziu pérolas que não merecem ser repetidas

Arthur-do-Val: deputado pretendia se candidatar ao governo de São Paulo. (Carol Jacob/Alesp/Divulgação)
Arthur-do-Val: deputado pretendia se candidatar ao governo de São Paulo. (Carol Jacob/Alesp/Divulgação)
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Money Report – Aluizio Falcão Filho

Publicado em 6 de março de 2022 às, 12h08.

Aluizio Falcão Filho

O assunto mais comentado do final de semana é o vazamento de áudios do deputado estadual Arthur do Val, gravados na Ucrânia e mandados para um grupo de amigos. O conteúdo chocou a maioria das pessoas, especialmente pelo teor machista e misógino. Mas não se engane. O parlamentar não é o único a dizer esse tipo de barbaridade. Em grupos privados, muitos homens falam assim. Em algum vestiário masculino do mundo, neste exato momento, algo do gênero está sendo falado.

Embora essa seja uma prática mais comum que muitos imaginam, continua sendo algo abominável. Mas é reflexo do universo em que os homens, de forma geral, foram criados. Isso não diminui a gravidade das declarações do deputado, conhecido pela alcunha de “Mamãe Falei”. Mas tem duas consequências imediatas. A primeira: revelou com perfeição o que se passa na cabeça de boa parte do sexo masculino. A segunda: chocou a ponto de reprimir fortemente esse tipo de misoginia.

“Mamãe Falei” não é um desmiolado. Já o entrevistei durante sua campanha para prefeito. É articulado e defende ideias econômicas que agradam o empresariado. Trata-se, porém, de alguém teleguiado pela fama e pela vaidade. Além disso, seu comportamento revela uma pessoa rasteira, desdenhosa e leviana. Essa combinação fatalmente leva qualquer um ao buraco.

Foi o que aconteceu. Entusiasmado por um raciocínio machista e rastaquera, produziu pérolas que não merecem ser repetidas. Para piorar, diminuiu mulheres ucranianas que passam por um sofrimento abominável, vítimas de uma guerra insana.

Este episódio mostra que a privacidade acabou. Cada vez mais, nossa vida estará exposta e seremos julgados impiedosamente pelo que falamos. O politicamente correto – sempre ele – estará sempre pautando a maioria da sociedade e condenando quem se aventurar pelas águas do preconceito e da desigualdade. O cancelamento veio para ficar e as pessoas serão implacáveis com quem apresentar pensamentos tóxicos. Arthur do Val, ao se mostrar misógino e insensível, foi o último alvo, mas está longe de ser inocente. Outras vítimas virão. Por isso, se você ainda for machista ou androcêntrico, evolua e mude. Não adianta esconder os preconceitos, pois eles sempre vêm à tona.

E, quando isso ocorre, o resultado sempre é tenebroso.