Um dia totalmente dedicado às mulheres
O MONEY REPORT terá um dia inteiro dedicado às mulheres, num evento virtual com vários painéis discutindo o papel feminino nas empresas
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2021 às 10h00.
Por Aluizio Falcão Filho
Hoje não é 8 de março, eu sei – estamos no dia 24 de junho. Mas, nesta data, MONEY REPORT terá um dia inteiro dedicado às mulheres, num evento virtual com vários painéis discutindo o papel feminino nas empresas, nos conselhos de administração e também no poder público. Trata-se de um tema alinhado com as necessidades do momento, no qual precisamos repensar, como diz a canção de Raul Seixas, a velha opinião formada sobre tudo.
Geralmente, na hora de celebrar as mulheres e de reivindicar um maior protagonismo feminino dentro do mundo corporativo, os eventos – presenciais ou não – buscam pessoas bem-sucedidas e nomes conhecidos do grande público. A ideia, nesses casos, é mostrar trajetórias do sucesso e fazer dessas histórias uma espécie de mentoria para sensibilizar o público e inspirar as mudanças necessárias dentro da sociedade.
O evento de MONEY REPORT vai nessa linha e traz palestrantes e debatedoras de peso. Conheço algumas há muitos anos, como Ana Maria Diniz, Cila Schulman e Sonia Hess. Outras, há pouco tempo, mas igualmente com grande admiração: Alcione Albanesi, Cristina Andriotti e Stella Dhama estão entre essas.
Mas, em minha participação, vou exaltar justamente as mulheres anônimas que fazem parte de nossas vidas e são as grandes responsáveis pelos valores disseminados de geração em geração. Estou falando das mães, das operárias, das esposas, das gerentes, das namoradas, das caixas de banco, da irmãs, das executivas, das filhas, das motoristas, das avós e das CEOs.
Pessoas que estão longe dos holofotes e que, com sabedoria e generosidade, nos ensinaram e nos ajudaram a crescer em nossas vidas. Gente que passou sua vida batalhando e venceu; outras que também batalharam, mas não conseguiram destaque por alguma razão.
São mulheres intuitivas e com uma perspicácia acuradíssima. Que sentem o cheiro de uma coisa errada a milhas de distância. Ou do tipo racional ao extremo, que analisam seus passos e o de seus liderados. Ou aquelas que estão no meio do caminho entre os extremos do racional e do emocional.
Apesar do que dizem por aí, as mulheres não são todas iguais. Mesmo assim, percebo algumas características que aparecem mais no sexo feminino do que no masculino. Um apurado senso de justiça é um delas. As mulheres se empenham mais do que os homens na busca da retidão e do julgamento correto. Não que os homens sejam injustos – mas eles geralmente viram a página mais rapidamente. Neste quesito, deveríamos aprender mais com o sexo oposto.
Outra grande lição que nós, homens, precisamos aprender melhor – assimilar a dignidade que emana das mulheres. Os representantes do sexo masculino passam pelas dificuldades exibindo sua resiliência e espírito combativo. Nada de errado nisso. Mas o sexo feminino tem uma capacidade de se manter inabalável em meio a crises quase que incontornáveis. Talvez o poder de gerar vidas seja o responsável por essa característica em particular.
Abraçar sem medo as emoções também é algo que está em minha lista particular de inveja. Somente depois de muitos anos de terapia – com uma psicanalista – é que consegui entender melhor a importância de não esconder os sentimentos e viver a intensidade do momento. Varrer as emoções para debaixo do tapete não é um jeito recomendável de superar as dificuldades, mas é desta forma que muitos homens enfrentam uma situação adversa. Já as mulheres nasceram com a capacidade de absorver cada gota de emoção que surge quando lidamos com problemas. Isso não quer dizer que os homens sejam insensíveis. Mas as mulheres conseguem nos deixar totalmente para trás neste quesito.
Elas são seres contraditórios, como todos nós, humanos. Que nos brindam com elegância e delicadeza em momentos de ternura e com veemência e firmeza em horas cruciais. Não têm vergonha do impasse, da insegurança e da divergência. São pessoas que enxergam a vida em sua plenitude e entendem melhor a fugacidade de nossa existência.
São inúmeras as mulheres que admiro, de escritoras a atrizes, de empresárias a compositoras. Mas gostaria de citar uma em especial, que não é óbvia e a quem dificilmente se liga o nome à pessoa. Estou falando da cineasta e escritora Nora Ephron (foto). O script de “Harry e Sally – Feitos Um para o Outro”, por exemplo, é dela. “Sintonia de Amor”, aquele romance em que Tom Hanks e Meg Ryan só se encontram na última cena do filme, tem Ephron na direção (ela foi casada com Carl Bernstein, um dos meus ídolos jornalísticos, e o casamento teve um final trágico).
Mas Ephron, que faleceu em 2012, entendia a humanidade como poucos. E desenvolveu personagens femininos especialíssimos, como o de Meg Ryan em “Harry e Sally”. Ela dizia que tentava “criar papéis femininos tão complicados e interessantes como as mulheres realmente são”. O resultado deste trabalho sempre foi complexo e sensível, com direito a momentos de pura comédia. Certa vez, em uma entrevista, ela disse o seguinte: “Minha mãe sempre nos ensinou que as tragédias de nossas vidas tinham potencial para se transformar nas histórias cômicas que os vizinhos iriam contar mais tarde”.
Essa visão mostra a sabedoria feminina: não ver o mundo em preto e branco e não assumir verdades absolutas. Uma capacidade que, hoje, as mulheres têm em quantidades industriais, enquanto os homens possuem apenas algumas gramas à disposição. Como marido de uma mulher espetacular e pai de uma garota brilhante de 13 anos, posso garantir: aprendo coisas novas com as mulheres diariamente. E quero que o mundo seja cada vez mais delas.
Por Aluizio Falcão Filho
Hoje não é 8 de março, eu sei – estamos no dia 24 de junho. Mas, nesta data, MONEY REPORT terá um dia inteiro dedicado às mulheres, num evento virtual com vários painéis discutindo o papel feminino nas empresas, nos conselhos de administração e também no poder público. Trata-se de um tema alinhado com as necessidades do momento, no qual precisamos repensar, como diz a canção de Raul Seixas, a velha opinião formada sobre tudo.
Geralmente, na hora de celebrar as mulheres e de reivindicar um maior protagonismo feminino dentro do mundo corporativo, os eventos – presenciais ou não – buscam pessoas bem-sucedidas e nomes conhecidos do grande público. A ideia, nesses casos, é mostrar trajetórias do sucesso e fazer dessas histórias uma espécie de mentoria para sensibilizar o público e inspirar as mudanças necessárias dentro da sociedade.
O evento de MONEY REPORT vai nessa linha e traz palestrantes e debatedoras de peso. Conheço algumas há muitos anos, como Ana Maria Diniz, Cila Schulman e Sonia Hess. Outras, há pouco tempo, mas igualmente com grande admiração: Alcione Albanesi, Cristina Andriotti e Stella Dhama estão entre essas.
Mas, em minha participação, vou exaltar justamente as mulheres anônimas que fazem parte de nossas vidas e são as grandes responsáveis pelos valores disseminados de geração em geração. Estou falando das mães, das operárias, das esposas, das gerentes, das namoradas, das caixas de banco, da irmãs, das executivas, das filhas, das motoristas, das avós e das CEOs.
Pessoas que estão longe dos holofotes e que, com sabedoria e generosidade, nos ensinaram e nos ajudaram a crescer em nossas vidas. Gente que passou sua vida batalhando e venceu; outras que também batalharam, mas não conseguiram destaque por alguma razão.
São mulheres intuitivas e com uma perspicácia acuradíssima. Que sentem o cheiro de uma coisa errada a milhas de distância. Ou do tipo racional ao extremo, que analisam seus passos e o de seus liderados. Ou aquelas que estão no meio do caminho entre os extremos do racional e do emocional.
Apesar do que dizem por aí, as mulheres não são todas iguais. Mesmo assim, percebo algumas características que aparecem mais no sexo feminino do que no masculino. Um apurado senso de justiça é um delas. As mulheres se empenham mais do que os homens na busca da retidão e do julgamento correto. Não que os homens sejam injustos – mas eles geralmente viram a página mais rapidamente. Neste quesito, deveríamos aprender mais com o sexo oposto.
Outra grande lição que nós, homens, precisamos aprender melhor – assimilar a dignidade que emana das mulheres. Os representantes do sexo masculino passam pelas dificuldades exibindo sua resiliência e espírito combativo. Nada de errado nisso. Mas o sexo feminino tem uma capacidade de se manter inabalável em meio a crises quase que incontornáveis. Talvez o poder de gerar vidas seja o responsável por essa característica em particular.
Abraçar sem medo as emoções também é algo que está em minha lista particular de inveja. Somente depois de muitos anos de terapia – com uma psicanalista – é que consegui entender melhor a importância de não esconder os sentimentos e viver a intensidade do momento. Varrer as emoções para debaixo do tapete não é um jeito recomendável de superar as dificuldades, mas é desta forma que muitos homens enfrentam uma situação adversa. Já as mulheres nasceram com a capacidade de absorver cada gota de emoção que surge quando lidamos com problemas. Isso não quer dizer que os homens sejam insensíveis. Mas as mulheres conseguem nos deixar totalmente para trás neste quesito.
Elas são seres contraditórios, como todos nós, humanos. Que nos brindam com elegância e delicadeza em momentos de ternura e com veemência e firmeza em horas cruciais. Não têm vergonha do impasse, da insegurança e da divergência. São pessoas que enxergam a vida em sua plenitude e entendem melhor a fugacidade de nossa existência.
São inúmeras as mulheres que admiro, de escritoras a atrizes, de empresárias a compositoras. Mas gostaria de citar uma em especial, que não é óbvia e a quem dificilmente se liga o nome à pessoa. Estou falando da cineasta e escritora Nora Ephron (foto). O script de “Harry e Sally – Feitos Um para o Outro”, por exemplo, é dela. “Sintonia de Amor”, aquele romance em que Tom Hanks e Meg Ryan só se encontram na última cena do filme, tem Ephron na direção (ela foi casada com Carl Bernstein, um dos meus ídolos jornalísticos, e o casamento teve um final trágico).
Mas Ephron, que faleceu em 2012, entendia a humanidade como poucos. E desenvolveu personagens femininos especialíssimos, como o de Meg Ryan em “Harry e Sally”. Ela dizia que tentava “criar papéis femininos tão complicados e interessantes como as mulheres realmente são”. O resultado deste trabalho sempre foi complexo e sensível, com direito a momentos de pura comédia. Certa vez, em uma entrevista, ela disse o seguinte: “Minha mãe sempre nos ensinou que as tragédias de nossas vidas tinham potencial para se transformar nas histórias cômicas que os vizinhos iriam contar mais tarde”.
Essa visão mostra a sabedoria feminina: não ver o mundo em preto e branco e não assumir verdades absolutas. Uma capacidade que, hoje, as mulheres têm em quantidades industriais, enquanto os homens possuem apenas algumas gramas à disposição. Como marido de uma mulher espetacular e pai de uma garota brilhante de 13 anos, posso garantir: aprendo coisas novas com as mulheres diariamente. E quero que o mundo seja cada vez mais delas.