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Prefeitura de SP: há uma vaga para a direita no segundo turno

Os principais nomes que se apresentam são o do prefeito Ricardo Nunes e do deputado federal e ex-ministro Ricardo Salles

Prefeitura de São Paulo (Djalma Vassão/Fotos Públicas)
Prefeitura de São Paulo (Djalma Vassão/Fotos Públicas)
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Money Report – Aluizio Falcão Filho

Publicado em 28 de março de 2023 às, 11h37.

Última atualização em 28 de março de 2023 às, 11h38.

Aluizio Falcão Filho

Entre aqueles que se debruçam sobre os dados das pesquisas sobre a eleição para a prefeitura da maior cidade do país, há uma certeza: Guilherme Boulos já está no segundo turno. Mas também existe outro consenso: haverá uma vaga para um candidato de direita. Quem será? Os principais nomes que se apresentam são o do prefeito Ricardo Nunes e do deputado federal e ex-ministro Ricardo Salles.

Este será mais um pleito polarizado, do tipo esquerda contra direita? Provavelmente sim. Então, o melhor nome para enfrentar Boulos seria o de Salles, que deverá trazer o apoio de Jair Bolsonaro? Não necessariamente. Salles é bastante rejeitado entre os eleitores de centro e pode ter um teto baixo para evoluir nas pesquisas. Não é à toa, portanto, que o PL, seu partido, vem hesitando em relação à candidatura do ex-ministro do Meio Ambiente. É por isso que alguns mandachuvas da agremiação começam a falar no astronauta Marcos Pontes para concorrer à prefeitura.

Mais do que um antagonismo político, também teremos uma disputa entre jovens e maduros. A juventude, em sua maioria, estará a favor de Boulos – fenômeno que já ocorreu em 2020, estimulado pela campanha do PSOL. O candidato de esquerda trabalhou uma narrativa totalmente centrada em diversidade, justiça e ambientalismo, temas muito caros à juventude (aliás, imagine o rebuliço que os jovens fariam contra a candidatura de Salles).

Progressismo X Conservadorismo

Por fim, teremos também outra possível disputa: progressismo contra conservadorismo. Quem fará mais barulho? São grupos que podem transformar a rede social em um campo de batalha, com lacradas e tiradas agressivas de todos os lados.

A campanha em São Paulo tem tudo para abrigar o apoio de outras autoridades. De lado, teremos o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiando Boulos. De outro, o governador Tarcísio de Freitas apoiando algum dos Ricardos. Essa deverá ser uma saia justa, uma vez que o governador está construindo uma relação com o presidente, que pode ficar abalada com a troca de chumbo habitual que existe nestas ocasiões.

O prefeito Nunes se articula e tenta o apoio do PL, partido de Salles. Por enquanto, Valdemar da Costa Neto prefere apoiar o candidato à reeleição. Mas atendeu aos apelos do ex-presidente Jair Bolsonaro e deu alguns meses para Salles mostrar que tem viabilidade como candidato.

O grande desafio do ex-ministro do Meio Ambiente é conquistar os eleitores de centro. A atuação de Salles no ministério criou uma rejeição razoável dentro dessa faixa de eleitorado. Quando foi empossado, Ricardo Salles era visto como um técnico conservador. À medida em que o tempo foi passando, porém, ele passou a ser visto como um bolsonarista de quatro costados. Declarações bombásticas – especialmente aquela sobre a “boiada”, proferida durante uma reunião ministerial – produziram um efeito negativo junto ao eleitorado. Ele conta, no entanto, com forte apoio dos eleitores de direita raiz. Conseguirá sair deste nicho? Só saberemos com o passar do tempo.

Ricardo Nunes, por sua vez, atua em silêncio. Mas precisa romper uma barreira pessoal: ele é avesso a holofotes e prima pela discrição. Tanto é que uma pesquisa realizada no início deste mês mostra que 60 % dos eleitores não sabem o nome do prefeito de São Paulo.

Se quiser virar esse jogo, Nunes terá de construir uma nova imagem, aproveitando todas as chances de aparecer – e polarizar com Boulos. Pode começar com uma provocação e perguntar ao adversário o que ele, como prefeito, faria se a entidade que chefiou durante anos, o MTST, invadisse as propriedades da prefeitura? Deixaria a invasão rolar? Ou evacuaria o local, como o fez o governo de Lula em uma fazenda da União invadida pelo MST no interior de Goiás?