Precisamos nos livrar dos sentimentos de impotência, raiva e medo
Temos de pressionar por um mecanismo rápido e eficaz para fazer chegar os imunizantes mais rapidamente à população
denysegodoy
Publicado em 16 de janeiro de 2021 às 09h49.
No emaranhado de sentimentos que nos atinge em meio a uma pandemia que está prestes a completar um ano no Brasil, um se destaca – o de impotência.
Não sabemos ainda direito como o coronavírus age e porque ele atinge tão fortemente algumas pessoas enquanto outras passam incólumes pela contaminação ou sequer são infectadas. Não temos controle algum sobre o processo de produção, distribuição e aplicação de vacinas. E, para finalizar, vemos um festival de incompetências assolar certas autoridades sem que possamos fazer nada para consertar a inépcia alheia. É como se fôssemos passageiros em um ônibus desgovernado. Só podemos torcer para que ele não bata em ninguém e que chegue ao nosso destino sem causar muitos danos.
A impotência gera dois outros estados de espírito: a raiva e o descontrole. O primeiro é visto a granel nas redes sociais. Diante da frustração em ver o outro não se curvar a seus argumentos, vários indivíduos partem para o destempero verbal. No mundo físico, o descontrole impera igualmente. Seja por conta de quem não queira respeitar as regras sanitárias, como usar máscaras em ambientes fechados ou por conta de quem se sinta desrespeitado em suas convicções e queira partir para a ignorância.
Ontem mesmo, numa conversa informal, senti um tom agressivo por parte de meu interlocutor. Isso me deixou intrigado, até porque ele estava concordando comigo e contribuía com argumentos que corroboravam minha tese. Percebi, então, que esse era o tom padrão que ele estava utilizando em qualquer tipo de conversa (quando o assunto mudou, o estilo se manteve). Esse é um fenômeno recente: as pessoas estão usando um timbre irritadiço até quando falam sobre temas aleatórios, como a qualidade dos pães de fermentação natural.
Estamos no meio de uma explosão de contágio e nada indica que as pessoas vão, por conta própria, se recolher. Diria que, no meu universo particular, uma entre cada dez estão reclusas. As demais estão circulando e apostando em hedonismo e em diversão. Ou seja, há pessoas que deixaram de se preocupar com a pandemia e podem entrar em confronto com quem considera esse um assunto seríssimo. Há grande potencial para desentendimentos e até embates físicos.
O lockdown parece ser a única saída para prevenir uma evolução sistemática do contágio. Mas, mesmo que essa providência seja adotada, uma parcela considerável da população irá desobedecê-la. O fato é que, do ponto de vista comportamental, muitos chegaram ao seu limite e preferem correr riscos. Outros, que foram contaminados e estão imunizados, também ganharam as ruas e querem voltar ao seu dia-a-dia. Ou seja, é possível que os confrontos e as discussões até piorem em um pequeno espaço de tempo.
O sentimento de impotência, entretanto, precisa ser combatido. Assim como o medo. São emoções negativas que nos destroem por dentro. A única saída possível para esse torvelinho de negatividades é a vacinação, que vai desafogar hospitais e reativar a economia. Por isso, temos de pressionar por um mecanismo rápido e eficaz para fazer chegar os imunizantes mais rapidamente à população. E trocar a impotência pelo inconformismo.
No emaranhado de sentimentos que nos atinge em meio a uma pandemia que está prestes a completar um ano no Brasil, um se destaca – o de impotência.
Não sabemos ainda direito como o coronavírus age e porque ele atinge tão fortemente algumas pessoas enquanto outras passam incólumes pela contaminação ou sequer são infectadas. Não temos controle algum sobre o processo de produção, distribuição e aplicação de vacinas. E, para finalizar, vemos um festival de incompetências assolar certas autoridades sem que possamos fazer nada para consertar a inépcia alheia. É como se fôssemos passageiros em um ônibus desgovernado. Só podemos torcer para que ele não bata em ninguém e que chegue ao nosso destino sem causar muitos danos.
A impotência gera dois outros estados de espírito: a raiva e o descontrole. O primeiro é visto a granel nas redes sociais. Diante da frustração em ver o outro não se curvar a seus argumentos, vários indivíduos partem para o destempero verbal. No mundo físico, o descontrole impera igualmente. Seja por conta de quem não queira respeitar as regras sanitárias, como usar máscaras em ambientes fechados ou por conta de quem se sinta desrespeitado em suas convicções e queira partir para a ignorância.
Ontem mesmo, numa conversa informal, senti um tom agressivo por parte de meu interlocutor. Isso me deixou intrigado, até porque ele estava concordando comigo e contribuía com argumentos que corroboravam minha tese. Percebi, então, que esse era o tom padrão que ele estava utilizando em qualquer tipo de conversa (quando o assunto mudou, o estilo se manteve). Esse é um fenômeno recente: as pessoas estão usando um timbre irritadiço até quando falam sobre temas aleatórios, como a qualidade dos pães de fermentação natural.
Estamos no meio de uma explosão de contágio e nada indica que as pessoas vão, por conta própria, se recolher. Diria que, no meu universo particular, uma entre cada dez estão reclusas. As demais estão circulando e apostando em hedonismo e em diversão. Ou seja, há pessoas que deixaram de se preocupar com a pandemia e podem entrar em confronto com quem considera esse um assunto seríssimo. Há grande potencial para desentendimentos e até embates físicos.
O lockdown parece ser a única saída para prevenir uma evolução sistemática do contágio. Mas, mesmo que essa providência seja adotada, uma parcela considerável da população irá desobedecê-la. O fato é que, do ponto de vista comportamental, muitos chegaram ao seu limite e preferem correr riscos. Outros, que foram contaminados e estão imunizados, também ganharam as ruas e querem voltar ao seu dia-a-dia. Ou seja, é possível que os confrontos e as discussões até piorem em um pequeno espaço de tempo.
O sentimento de impotência, entretanto, precisa ser combatido. Assim como o medo. São emoções negativas que nos destroem por dentro. A única saída possível para esse torvelinho de negatividades é a vacinação, que vai desafogar hospitais e reativar a economia. Por isso, temos de pressionar por um mecanismo rápido e eficaz para fazer chegar os imunizantes mais rapidamente à população. E trocar a impotência pelo inconformismo.