Precisamos lutar contra o antipetismo e o antibolsonarismo
Uma nação não consegue crescer neste clima de agressividade. É preciso apaziguar os ânimos e reforçar nossos valores democráticos
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2023 às 12h09.
Aluizio Falcão Filho
O ritmo vertiginoso de postagens políticas nas redes sociais continua. Nos grupos de mensagens, também há um frenesi – mas cada um com a sua bandeira. O inconformismo se mantém em alta. Nas comunidades bolsonaristas, a reclamação é contra os ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (com a demonização do juiz Alexandre de Moraes). Naqueles grupos cuja bandeira é oposta, pede-se a punição de quem atuou no vandalismo em Brasília e de quem se manifestou em frente aos quarteis (e seus financiadores).
No fundo, o que move essas pessoas não é o bolsonarismo ou o petismo. É o antipetismo e o antibolsonarismo. O combustível dessas pessoas que atuam com desenvoltura nas redes digitais é protestar contra o outro lado. A octanagem desse protesto é tão grande que um opositor vira inimigo e uma irritação vira ódio profundo.
A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva não colocou um ponto final ao confronto político. Pelo contrário. Como vimos em 8 de janeiro, os antipetistas dobraram a aposta com uma selvageria nunca antes vista no país. A reação de Alexandre de Moraes e de alguns ministros de Lula veio com forte intensidade. Muita gente foi para a prisão – e outros personagens dessa crise (quem financiou a baderna em Brasília) também deverão ser encaminhados ao xilindró.
Embora as decisões do Judiciário tenham como objetivo segurar a intensidade dos protestos pacíficos ou de manifestações violentas, a raiva dos bolsonaristas aumentou com as decisões tomadas pelos ministros do Supremo. Os posts estão ficando cada vez mais agressivos e esse tipo de rancor acumulado é algo que nunca termina bem.
A Justiça, de fato, precisa punir os responsáveis pelo quebra-quebra de 8 de janeiro. E precisa dar o exemplo de que o país não deve tolerar desrespeito tamanho aos prédios que representam os poderes da República.
Mas, ao mesmo tempo, precisamos olhar para a frente. É possível tocar o país com tanta polarização política? Como podemos caminhar em direção à pacificação sem passar pano para os vândalos?
Esse é um dilema dificílimo. De um lado, precisamos de paz para que o Brasil possa caminhar em direção ao desenvolvimento. Mas a intolerância dos dois lados impede um entendimento. Do ponto de vista político, inclusive, os extremos dessa polarização precisam do oponente para se manter fortes.
Vamos supor que o conservadorismo consiga o que quer e derrube Lula através de um golpe militar. Petistas, simpatizantes da esquerda e mesmo centristas vão reagir calados a isso? Claro que não. Haverá gente nas ruas com a ruptura institucional e o desfecho dessa trama pode ser trágico. Por isso, é melhor trilhar no caminho da democracia e enfrentar os desafios que uma administração petista vai trazer para o empresariado e boa parte da população.
Uma nação não consegue crescer neste clima de agressividade. É preciso apaziguar os ânimos e reforçar nossos valores democráticos.
Talvez a única saída seja criar um movimento em favor da pacificação nacional, quem sabe gerido por pessoas que não são petistas ou bolsonaristas. Por indivíduos que desejam apenas o entendimento e a estabilidade. Que reúna pessoas em discussão pela tolerância às ideias alheias. Que expanda ideias de magnanimidade contra o confronto.
Um movimento desses terá enormes obstáculos pela frente, pois irá de enfrentar milhões de pessoas que são movidas por sentimentos turvos. E terá de resistir às pressões das massas digitais que assediam e atacam – pois uma bandeira dessas pode ser facilmente atacada pelos dois extremos.
Sem pacificação, não teremos estabilidade. Sem estabilidade, não há crescimento. Sem crescimento, o chamado país do futuro estará relegado a se tornar uma nação ultrapassada e rancorosa. Ninguém quer isso. Mas, ao mesmo tempo, ninguém quer ser magnânimo e estender a mão ao oponente. Precisamos quebrar essas resistências e trabalhar por um Brasil mais tolerante. Antes que seja tarde.
Aluizio Falcão Filho
O ritmo vertiginoso de postagens políticas nas redes sociais continua. Nos grupos de mensagens, também há um frenesi – mas cada um com a sua bandeira. O inconformismo se mantém em alta. Nas comunidades bolsonaristas, a reclamação é contra os ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (com a demonização do juiz Alexandre de Moraes). Naqueles grupos cuja bandeira é oposta, pede-se a punição de quem atuou no vandalismo em Brasília e de quem se manifestou em frente aos quarteis (e seus financiadores).
No fundo, o que move essas pessoas não é o bolsonarismo ou o petismo. É o antipetismo e o antibolsonarismo. O combustível dessas pessoas que atuam com desenvoltura nas redes digitais é protestar contra o outro lado. A octanagem desse protesto é tão grande que um opositor vira inimigo e uma irritação vira ódio profundo.
A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva não colocou um ponto final ao confronto político. Pelo contrário. Como vimos em 8 de janeiro, os antipetistas dobraram a aposta com uma selvageria nunca antes vista no país. A reação de Alexandre de Moraes e de alguns ministros de Lula veio com forte intensidade. Muita gente foi para a prisão – e outros personagens dessa crise (quem financiou a baderna em Brasília) também deverão ser encaminhados ao xilindró.
Embora as decisões do Judiciário tenham como objetivo segurar a intensidade dos protestos pacíficos ou de manifestações violentas, a raiva dos bolsonaristas aumentou com as decisões tomadas pelos ministros do Supremo. Os posts estão ficando cada vez mais agressivos e esse tipo de rancor acumulado é algo que nunca termina bem.
A Justiça, de fato, precisa punir os responsáveis pelo quebra-quebra de 8 de janeiro. E precisa dar o exemplo de que o país não deve tolerar desrespeito tamanho aos prédios que representam os poderes da República.
Mas, ao mesmo tempo, precisamos olhar para a frente. É possível tocar o país com tanta polarização política? Como podemos caminhar em direção à pacificação sem passar pano para os vândalos?
Esse é um dilema dificílimo. De um lado, precisamos de paz para que o Brasil possa caminhar em direção ao desenvolvimento. Mas a intolerância dos dois lados impede um entendimento. Do ponto de vista político, inclusive, os extremos dessa polarização precisam do oponente para se manter fortes.
Vamos supor que o conservadorismo consiga o que quer e derrube Lula através de um golpe militar. Petistas, simpatizantes da esquerda e mesmo centristas vão reagir calados a isso? Claro que não. Haverá gente nas ruas com a ruptura institucional e o desfecho dessa trama pode ser trágico. Por isso, é melhor trilhar no caminho da democracia e enfrentar os desafios que uma administração petista vai trazer para o empresariado e boa parte da população.
Uma nação não consegue crescer neste clima de agressividade. É preciso apaziguar os ânimos e reforçar nossos valores democráticos.
Talvez a única saída seja criar um movimento em favor da pacificação nacional, quem sabe gerido por pessoas que não são petistas ou bolsonaristas. Por indivíduos que desejam apenas o entendimento e a estabilidade. Que reúna pessoas em discussão pela tolerância às ideias alheias. Que expanda ideias de magnanimidade contra o confronto.
Um movimento desses terá enormes obstáculos pela frente, pois irá de enfrentar milhões de pessoas que são movidas por sentimentos turvos. E terá de resistir às pressões das massas digitais que assediam e atacam – pois uma bandeira dessas pode ser facilmente atacada pelos dois extremos.
Sem pacificação, não teremos estabilidade. Sem estabilidade, não há crescimento. Sem crescimento, o chamado país do futuro estará relegado a se tornar uma nação ultrapassada e rancorosa. Ninguém quer isso. Mas, ao mesmo tempo, ninguém quer ser magnânimo e estender a mão ao oponente. Precisamos quebrar essas resistências e trabalhar por um Brasil mais tolerante. Antes que seja tarde.