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Precisamos falar sobre o Dia Internacional da Mulher

A data é um marco das batalhas femininas por reconhecimentos que deveriam vir naturalmente, mas que ainda são emperrados por uma mentalidade retrógrada

(Maria Ponomariova/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 8 de março de 2023 às 19h18.

Desde que me tornei pai de uma menina, quase quinze anos atrás, comecei a me sintonizar com assuntos ligados ao universo feminino. Nunca fui exatamente um machista. Mas como todos os homens de minha geração, fui criado como tal. Confesso que só comecei a me incomodar com as discriminações que testemunhava após o nascimento de Maria Luiza. Afinal, entendi que se não fizesse nada pelas mulheres, não estaria fazendo nada por minha filha.

Nesse processo de equalizar as oportunidades de gênero, cada um deve fazer a sua parte – e o primeiro passo de todo homem é tentar se despir de pequenas atitudes machistas (ou até misóginas) que nos acompanham em nosso dia a dia, como aquilo que os americanos chamam de “manterrupting” (homens interrompendo a fala de mulheres) e “mansplaining” (senhores explicando o óbvio, de forma condescendente, para senhoras). O ideal, ainda, é combinar chances iguais para ambos os sexos com a devida compreensão das diferenças entre eles.

Isso não quer dizer que tenhamos de compactuar com radicalismos, longe disso. Mas é preciso entender que, sem a ação da sociedade como um todo, as coisas vão demorar para mudar. A ONU, nessa semana, anunciou que, no ritmo atual, a igualdade de gênero só será atingida no mundo daqui a 300 anos. Convenhamos: três séculos para atingirmos algo que deveria ser normal nos dias de hoje? Não dá para aguardarmos tanto tempo.

Muitos dizem que o feminismo é uma agenda de esquerda – e, curiosamente, suas origens são mesmo esquerdistas. O primeiro dia que celebrou a mulher foi o 28 de fevereiro de 1909, por iniciativa do Partido Socialista americano. Outra iniciativa de sindicalistas mudou a data para 19 de março, em 1911. Mas foi em 1917, na Rússia, que surgiu a comemoração em torno do dia 8 de março. Nessa data, as russas ganharam o direito de voto no país, seguindo a queda do governo czarista ocorrida naquele ano, com a ascensão comunista ao Kremlin.

Somente nos anos 1960 é que o dia da mulher seria lembrado nos Estados Unidos pelos movimentos feministas que começaram a pipocar pelo país. Em 1975, a ONU adotou a data e a colocou em seu calendário oficial. No Brasil, no entanto, essa efeméride passou a ser celebrada apenas na década de 1980.

No Brasil e nos EUA, a data é conhecida como o “Dia Internacional da Mulher”. Na França, porém, o nome é um pouco diferente: “Journée internationale des droits des femmes” (“dia internacional dos direitos das mulheres”). Além de ser uma questão linguística, trata-se de uma diferença de mentalidade. Para a França, não é apenas uma oportunidade para comemorar: é um marco para se debater igualdade, um dos pilares da Revolução Francesa.

No Brasil, em um passado não muito longínquo, as mulheres tinham menos prerrogativas em relação aos homens. Embora já pudessem votar desde 1932, antes da Itália– quando esse direito foi instituído em 1946 –, elas só puderam trabalhar e viajar sem autorização de um homem (pai ou marido) a partir de 1962.

O oito de março, assim, é um marco das batalhas femininas por reconhecimentos que deveriam vir naturalmente, mas que ainda são emperrados por uma mentalidade tacanha e retrógrada por parte de alguns extratos da sociedade. Precisamos, nessa data, lembrar a frase de Margaret Thatcher, que foi a maior liderança política da Grã-Bretanha ao lado de Winston Churchill. Ela dizia: “Se você quiser alguma coisa para ser dita, chame um homem; mas se quiser que algo seja feito, peça a uma mulher”.

Essa é uma das grandes características femininas: a realização. Não é à toa que existem 30 milhões de empreendedoras no Brasil, o sétimo país do mundo em número de mulheres que empreendem. E que venham mais outras 30 milhões, pois o país precisa criar riquezas e reduzir desigualdades sociais. O empreendedorismo é uma das principais formas de combater a pobreza e o subdesenvolvimento — e pode também ajudar muito nas injustiças de gênero.

Desde que me tornei pai de uma menina, quase quinze anos atrás, comecei a me sintonizar com assuntos ligados ao universo feminino. Nunca fui exatamente um machista. Mas como todos os homens de minha geração, fui criado como tal. Confesso que só comecei a me incomodar com as discriminações que testemunhava após o nascimento de Maria Luiza. Afinal, entendi que se não fizesse nada pelas mulheres, não estaria fazendo nada por minha filha.

Nesse processo de equalizar as oportunidades de gênero, cada um deve fazer a sua parte – e o primeiro passo de todo homem é tentar se despir de pequenas atitudes machistas (ou até misóginas) que nos acompanham em nosso dia a dia, como aquilo que os americanos chamam de “manterrupting” (homens interrompendo a fala de mulheres) e “mansplaining” (senhores explicando o óbvio, de forma condescendente, para senhoras). O ideal, ainda, é combinar chances iguais para ambos os sexos com a devida compreensão das diferenças entre eles.

Isso não quer dizer que tenhamos de compactuar com radicalismos, longe disso. Mas é preciso entender que, sem a ação da sociedade como um todo, as coisas vão demorar para mudar. A ONU, nessa semana, anunciou que, no ritmo atual, a igualdade de gênero só será atingida no mundo daqui a 300 anos. Convenhamos: três séculos para atingirmos algo que deveria ser normal nos dias de hoje? Não dá para aguardarmos tanto tempo.

Muitos dizem que o feminismo é uma agenda de esquerda – e, curiosamente, suas origens são mesmo esquerdistas. O primeiro dia que celebrou a mulher foi o 28 de fevereiro de 1909, por iniciativa do Partido Socialista americano. Outra iniciativa de sindicalistas mudou a data para 19 de março, em 1911. Mas foi em 1917, na Rússia, que surgiu a comemoração em torno do dia 8 de março. Nessa data, as russas ganharam o direito de voto no país, seguindo a queda do governo czarista ocorrida naquele ano, com a ascensão comunista ao Kremlin.

Somente nos anos 1960 é que o dia da mulher seria lembrado nos Estados Unidos pelos movimentos feministas que começaram a pipocar pelo país. Em 1975, a ONU adotou a data e a colocou em seu calendário oficial. No Brasil, no entanto, essa efeméride passou a ser celebrada apenas na década de 1980.

No Brasil e nos EUA, a data é conhecida como o “Dia Internacional da Mulher”. Na França, porém, o nome é um pouco diferente: “Journée internationale des droits des femmes” (“dia internacional dos direitos das mulheres”). Além de ser uma questão linguística, trata-se de uma diferença de mentalidade. Para a França, não é apenas uma oportunidade para comemorar: é um marco para se debater igualdade, um dos pilares da Revolução Francesa.

No Brasil, em um passado não muito longínquo, as mulheres tinham menos prerrogativas em relação aos homens. Embora já pudessem votar desde 1932, antes da Itália– quando esse direito foi instituído em 1946 –, elas só puderam trabalhar e viajar sem autorização de um homem (pai ou marido) a partir de 1962.

O oito de março, assim, é um marco das batalhas femininas por reconhecimentos que deveriam vir naturalmente, mas que ainda são emperrados por uma mentalidade tacanha e retrógrada por parte de alguns extratos da sociedade. Precisamos, nessa data, lembrar a frase de Margaret Thatcher, que foi a maior liderança política da Grã-Bretanha ao lado de Winston Churchill. Ela dizia: “Se você quiser alguma coisa para ser dita, chame um homem; mas se quiser que algo seja feito, peça a uma mulher”.

Essa é uma das grandes características femininas: a realização. Não é à toa que existem 30 milhões de empreendedoras no Brasil, o sétimo país do mundo em número de mulheres que empreendem. E que venham mais outras 30 milhões, pois o país precisa criar riquezas e reduzir desigualdades sociais. O empreendedorismo é uma das principais formas de combater a pobreza e o subdesenvolvimento — e pode também ajudar muito nas injustiças de gênero.

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