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Popularidade de Bolsonaro cai, como FHC, Dilma e Temer. O que há em comum?

A resposta está em uma economia sem brilho e com problemas

Presidente Jair Bolsonaro. (Andressa Anholete/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 14h12.

Aluizio Falcão Filho

Ontem, uma pesquisa da Consultoria Atlas, publicada pelo jornal Valor Econômico, mostrou que a aprovação do presidente Jair Bolsonaro caiu pela primeira vez abaixo do nível de 20 %. Esse índice bateu a casa dos 19 %, contra 24 % obtidos em setembro, segundo o mesmo instituto (no início do mandato, 39 % dos entrevistados aprovavam o governo). Os números obtidos por Bolsonaro guardam bastante semelhança com os de Fenando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Michel Temer na reta final de suas administrações. O que há de comum entre eles?

A resposta está em uma economia sem brilho e com problemas. FHC enfrentou uma série de crises mundiais em seu segundo mandato. Mesmo assim, manteve-se fiel ao tripé econômico e não se deixou seduzir pelo canto da heterodoxia. Segurou os gastos públicos e manteve o tripé econômico (câmbio flutuante, metas fiscais e metas de inflação) e garantiu o sucesso do Plano Real. O Produto Interno Bruto, no entanto, refletiu a retração da atividade em econômica. Em 1998, por exemplo, o PIB chegou a US$ 863 bilhões. No último ano de Efeagá, 2001, bateu os US$ 559 bilhões.

Com Dilma, a economia sofreu um grande descontrole. Se Luiz Inácio Lula da Silva tinha feito uma administração que respeitou a receita econômica tucana (com Henrique Meirelles à frente do Banco Central), Dilma resolveu incrementar o déficit público e inchar o Estado brasileiro. O resultado dessa política foi catastrófico. Tivemos, no ano de seu impeachment (2015) um PIB de 1,8 trilhão, contra US$ 2,6 trilhões obtidos em 2011.

Michel Temer assumiu o poder com a promessa de reduzir a inflação e voltar à uma política ortodoxa de economia, trazendo Henrique Meirelles de volta ao governo, desta vez como ministro da Fazenda. A economia sofreu no início e ensaiou uma recuperação em 2017. Mas, em 2018, o PIB voltou a cair.

Não foi à toa, portanto, que Fernando Henrique, Dilma e Temer viram seu índice de popularidade despencar em seus estertores finais (embora o marido de Marcela, diga-se, nunca tenha desfrutado exatamente de grande aprovação).

Com Bolsonaro, a expectativa de todo o primeiro escalão do governo era de que 2019 e 2020 fossem anos dedicados à arrumação da casa. Dessa forma, a economia iria girar forte em 2021 e 2022. Com a pandemia, entretanto, esses planos tiveram de ser revistos. Os resultados do ano passado foram ruins, mas a população entendeu plenamente o papel da Covid-19 nesta performance sofrível.

Durante esse período de pandemia, o presidente enfrentou problemas com a opinião pública após determinadas declarações e atitudes. Mas foi o desempenho da economia em 2021 que jogou a aprovação de Bolsonaro paulatinamente na lona. O crescimento em forma de V emperrou, o desemprego continuou em alta e a inflação decolou – e, neste último item, a gestão de hoje guarda uma forte semelhança com o governo de Dilma. O boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, mostra que o mercado financeiro espera um alta de preços da ordem de 10,15 % em 2021. A título de comparação, a inflação, sob a ex-presidente, pulou de 6,41 %, em 2014, para 10,67 % em 2015.

Os brasileiros com mais de 45 anos de idade têm ainda viva na memória a lembrança de viver sob a égide da inflação. Mas são aqueles com mais de 50 anos que têm o registro mais forte do que é enfrentar uma hiperinflação de dois dígitos mensais e não querem sequer imaginar como seria voltar a este cenário. Mais importante que esse temor é o efeito pernicioso de corrosão do poder aquisitivo, algo que faz a população se irritar em progressão geométrica.

Como o que ocorreu no governo Temer, a administração Bolsonaro (em especial, um núcleo do ministério da Economia) foi pródiga em reformas. Tanto em quantidade como em qualidade, a atual gestão fez muito pela simplificação de processos que ajudam a iniciativa privada.

Isso, no entanto, não se traduz em votos ou em pesquisas positivas de opinião. Reformas que beneficiam as empresas terão efeito prático e benéfico para a sociedade no futuro, seja ele próximo ou não. Mas não são percebidas como vantagens pelo eleitor comum. Dessa forma, essas boas novas não são páreo para uma inflação crescente que mina o poder aquisitivo dos brasileiros.

Bolsonaro e seu núcleo duro já perceberam que essas pesquisas apenas refletem a realidade e nada têm de fabricadas. Por isso, se mexem com rapidez para tentar neutralizar os efeitos nefastos da inflação e cabalar votos junto à sociedade. O novo programa social, que ameaça o teto fiscal, é uma dessas medidas. Mas, para vencer sem sobressaltos, o governo precisa se superar para reativar a economia. De nada adiantará, porém, se esses esforços forem engendrados à custa de uma política fiscal irresponsável. Adotar soluções heterodoxas traz apenas dores de cabeça e a certeza de que, cedo ou tarde, alguém será chamado para pagar a conta e tapar os rombos públicos.

 

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Aluizio Falcão Filho

Ontem, uma pesquisa da Consultoria Atlas, publicada pelo jornal Valor Econômico, mostrou que a aprovação do presidente Jair Bolsonaro caiu pela primeira vez abaixo do nível de 20 %. Esse índice bateu a casa dos 19 %, contra 24 % obtidos em setembro, segundo o mesmo instituto (no início do mandato, 39 % dos entrevistados aprovavam o governo). Os números obtidos por Bolsonaro guardam bastante semelhança com os de Fenando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Michel Temer na reta final de suas administrações. O que há de comum entre eles?

A resposta está em uma economia sem brilho e com problemas. FHC enfrentou uma série de crises mundiais em seu segundo mandato. Mesmo assim, manteve-se fiel ao tripé econômico e não se deixou seduzir pelo canto da heterodoxia. Segurou os gastos públicos e manteve o tripé econômico (câmbio flutuante, metas fiscais e metas de inflação) e garantiu o sucesso do Plano Real. O Produto Interno Bruto, no entanto, refletiu a retração da atividade em econômica. Em 1998, por exemplo, o PIB chegou a US$ 863 bilhões. No último ano de Efeagá, 2001, bateu os US$ 559 bilhões.

Com Dilma, a economia sofreu um grande descontrole. Se Luiz Inácio Lula da Silva tinha feito uma administração que respeitou a receita econômica tucana (com Henrique Meirelles à frente do Banco Central), Dilma resolveu incrementar o déficit público e inchar o Estado brasileiro. O resultado dessa política foi catastrófico. Tivemos, no ano de seu impeachment (2015) um PIB de 1,8 trilhão, contra US$ 2,6 trilhões obtidos em 2011.

Michel Temer assumiu o poder com a promessa de reduzir a inflação e voltar à uma política ortodoxa de economia, trazendo Henrique Meirelles de volta ao governo, desta vez como ministro da Fazenda. A economia sofreu no início e ensaiou uma recuperação em 2017. Mas, em 2018, o PIB voltou a cair.

Não foi à toa, portanto, que Fernando Henrique, Dilma e Temer viram seu índice de popularidade despencar em seus estertores finais (embora o marido de Marcela, diga-se, nunca tenha desfrutado exatamente de grande aprovação).

Com Bolsonaro, a expectativa de todo o primeiro escalão do governo era de que 2019 e 2020 fossem anos dedicados à arrumação da casa. Dessa forma, a economia iria girar forte em 2021 e 2022. Com a pandemia, entretanto, esses planos tiveram de ser revistos. Os resultados do ano passado foram ruins, mas a população entendeu plenamente o papel da Covid-19 nesta performance sofrível.

Durante esse período de pandemia, o presidente enfrentou problemas com a opinião pública após determinadas declarações e atitudes. Mas foi o desempenho da economia em 2021 que jogou a aprovação de Bolsonaro paulatinamente na lona. O crescimento em forma de V emperrou, o desemprego continuou em alta e a inflação decolou – e, neste último item, a gestão de hoje guarda uma forte semelhança com o governo de Dilma. O boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, mostra que o mercado financeiro espera um alta de preços da ordem de 10,15 % em 2021. A título de comparação, a inflação, sob a ex-presidente, pulou de 6,41 %, em 2014, para 10,67 % em 2015.

Os brasileiros com mais de 45 anos de idade têm ainda viva na memória a lembrança de viver sob a égide da inflação. Mas são aqueles com mais de 50 anos que têm o registro mais forte do que é enfrentar uma hiperinflação de dois dígitos mensais e não querem sequer imaginar como seria voltar a este cenário. Mais importante que esse temor é o efeito pernicioso de corrosão do poder aquisitivo, algo que faz a população se irritar em progressão geométrica.

Como o que ocorreu no governo Temer, a administração Bolsonaro (em especial, um núcleo do ministério da Economia) foi pródiga em reformas. Tanto em quantidade como em qualidade, a atual gestão fez muito pela simplificação de processos que ajudam a iniciativa privada.

Isso, no entanto, não se traduz em votos ou em pesquisas positivas de opinião. Reformas que beneficiam as empresas terão efeito prático e benéfico para a sociedade no futuro, seja ele próximo ou não. Mas não são percebidas como vantagens pelo eleitor comum. Dessa forma, essas boas novas não são páreo para uma inflação crescente que mina o poder aquisitivo dos brasileiros.

Bolsonaro e seu núcleo duro já perceberam que essas pesquisas apenas refletem a realidade e nada têm de fabricadas. Por isso, se mexem com rapidez para tentar neutralizar os efeitos nefastos da inflação e cabalar votos junto à sociedade. O novo programa social, que ameaça o teto fiscal, é uma dessas medidas. Mas, para vencer sem sobressaltos, o governo precisa se superar para reativar a economia. De nada adiantará, porém, se esses esforços forem engendrados à custa de uma política fiscal irresponsável. Adotar soluções heterodoxas traz apenas dores de cabeça e a certeza de que, cedo ou tarde, alguém será chamado para pagar a conta e tapar os rombos públicos.

 

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