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Os sete pecados capitais no mundo dos negócios

Vários fracassos empresariais podem ser ligados a condutas inapropriadas de executivos e empresários

Conflitos no trabalho: "Existem profissionais que se deixam levar pela ira, criando ambientes tóxicos e contaminando equipes inteiras com comportamentos belicosos e injuriosos" (foto/Getty Images)
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Publicado em 25 de julho de 2020 às 19h59.

Ao contrário da crença popular, os sete pecados capitais não estão na Bíblia, como os Dez Mandamentos. A lista de heresias foi compilada apenas no século 6 pelo Papa Gregório I e continha oito itens em sua versão original. Dois tópicos foram fundidos e surgiu a relação que todos conhecemos: inveja, gula, avareza, luxúria, ira, soberba e preguiça.

Esses protótipos do comportamento, já experimentados por toda a humanidade em algum momento da vida, acometem diariamente empresários CEOs e executivos de todos os níveis. Vários fracassos empresariais podem ser ligados a essas condutas, assim como inúmeras carreiras que foram para a lama por causa de atitudes impróprias.

Imagine a quantidade de pessoas que jogaram tudo pela janela em função de casos de assédio sexual, especialmente nos últimos tempos, manifestando uma luxúria incontrolável. Um episódio notório é o do produtor de filmes, Harvey Weinstein, sócio da Miramax, uma das maiores empresas cinematográficas do mundo. Weinstein foi acusado por má conduta sexual por dezenas de mulheres. Resultado: sua empresa foi à falência e ele acabou sendo condenado a 23 anos de reclusão.

Mas esse tipo de coisa não acontece apenas no show business. Grandes corporações também têm problemas parecidos. Ford e Bank of America, para ficar em alguns exemplos, também enfrentaram alguns processos dirigidos a executivos de alto escalão.

Há também aqueles que quiseram dar passos maiores que a perna e, como os glutões, não conseguiram fazer frente ao que almejaram. A Quaker, por exemplo, adquiriu nos anos 1980 a Gatorade e achou que precisava comprar mais uma empresa de bebidas. Botou US$ 1,7 bilhão em cima da mesa e levou a Snapple em 1994. Três anos depois, passou-a para frente por US$ 300 milhões. A lista de fusões e aquisições que não deram certo por conta da sofreguidão de seus acionistas em expandir negócios é enorme: Google e Motorola, Arby’s e Wendy’s, Daimler-Benz e Chrysler são alguns exemplos recentes.

No elenco de pecadores empresariais, temos também os que perderam talentos imprescindíveis a suas companhias porque, avaros, não pagaram o suficiente aos colaboradores. Esta relação continua com executivos que, preguiçosos, não se dedicam como deveriam ao trabalho e acabam demitidos por total inoperância.

Existem também profissionais que se deixam levar frequentemente pela ira, criando ambientes tóxicos e contaminando equipes inteiras com comportamentos belicosos e injuriosos. E o que dizer da soberba? Ela pode levar um CEO, que poucas vezes ouve um “não” pela frente, a viver em um universo paralelo no qual somente seus desejos importam – e onde a empatia é mercadoria que inexiste.

No filme “O Advogado do Diabo”, o personagem John Milton, vivido por Al Pacino, diz na última cena: “A vaidade, definitivamente, é meu pecado favorito”. O personagem de Pacino prefere a vaidade, mas o fato é que todos os pecados enumerados por Gregório são intrigantes. Nenhum, porém, atiça tanto a minha curiosidade quanto a inveja.

“Os perversos invejam e odeiam; é a sua forma de admirar”, disse o escritor Victor Hugo no século 19. Realmente, a inveja tem sua raiz em algo positivo – a admiração. O invejoso poderia transformar esse enaltecimento em ambição e buscar construir algo maior ou melhor. Mas, em vez de usar seu foco para construir, prefere conspirar e criticar.

O maestro Tom Jobim, cuja obra foi gravada nos quatro cantos do planeta, era um alvo constante da dor de cotovelo alheia. Durante toda a sua vida, foi criticado e instado a se explicar sobre eventuais cutucadas de pares, fãs e competidores. “Sucesso, no Brasil, é a pior das ofensas pessoais”, disse Jobim.

A inveja coloca executivos no quadrante psicológico do rancor. Quem é tomado por este sentimento deixa de olhar para a frente e esquece de prestar atenção nos desafios e nas oportunidades que se descortinam. Dentro dessa perspectiva, nada tem mais importância do que as conquistas alheias, que ganham até mais transcendência que os próprios triunfos.

Entregar-se a um sentimento sem altivez vai minando a alma – especialmente nesse período de dificuldades pandêmicas. Como fugir desta sensação maligna? O primeiro passo é reconhecer a sua existência e partir para uma vida sem tantas comparações, buscando exemplos edificantes. Quem continuar escravo da inveja, entretanto, dificilmente terá êxito em suas empreitadas. Margaret Thatcher, que também se arriscou pelo tema, afirmou: “O espírito da inveja pode destruir, mas nunca construir”. Definitivamente, trata-se de um pecado intrigante e devastador – para quem o sente e para quem é atingido por ele.

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Ao contrário da crença popular, os sete pecados capitais não estão na Bíblia, como os Dez Mandamentos. A lista de heresias foi compilada apenas no século 6 pelo Papa Gregório I e continha oito itens em sua versão original. Dois tópicos foram fundidos e surgiu a relação que todos conhecemos: inveja, gula, avareza, luxúria, ira, soberba e preguiça.

Esses protótipos do comportamento, já experimentados por toda a humanidade em algum momento da vida, acometem diariamente empresários CEOs e executivos de todos os níveis. Vários fracassos empresariais podem ser ligados a essas condutas, assim como inúmeras carreiras que foram para a lama por causa de atitudes impróprias.

Imagine a quantidade de pessoas que jogaram tudo pela janela em função de casos de assédio sexual, especialmente nos últimos tempos, manifestando uma luxúria incontrolável. Um episódio notório é o do produtor de filmes, Harvey Weinstein, sócio da Miramax, uma das maiores empresas cinematográficas do mundo. Weinstein foi acusado por má conduta sexual por dezenas de mulheres. Resultado: sua empresa foi à falência e ele acabou sendo condenado a 23 anos de reclusão.

Mas esse tipo de coisa não acontece apenas no show business. Grandes corporações também têm problemas parecidos. Ford e Bank of America, para ficar em alguns exemplos, também enfrentaram alguns processos dirigidos a executivos de alto escalão.

Há também aqueles que quiseram dar passos maiores que a perna e, como os glutões, não conseguiram fazer frente ao que almejaram. A Quaker, por exemplo, adquiriu nos anos 1980 a Gatorade e achou que precisava comprar mais uma empresa de bebidas. Botou US$ 1,7 bilhão em cima da mesa e levou a Snapple em 1994. Três anos depois, passou-a para frente por US$ 300 milhões. A lista de fusões e aquisições que não deram certo por conta da sofreguidão de seus acionistas em expandir negócios é enorme: Google e Motorola, Arby’s e Wendy’s, Daimler-Benz e Chrysler são alguns exemplos recentes.

No elenco de pecadores empresariais, temos também os que perderam talentos imprescindíveis a suas companhias porque, avaros, não pagaram o suficiente aos colaboradores. Esta relação continua com executivos que, preguiçosos, não se dedicam como deveriam ao trabalho e acabam demitidos por total inoperância.

Existem também profissionais que se deixam levar frequentemente pela ira, criando ambientes tóxicos e contaminando equipes inteiras com comportamentos belicosos e injuriosos. E o que dizer da soberba? Ela pode levar um CEO, que poucas vezes ouve um “não” pela frente, a viver em um universo paralelo no qual somente seus desejos importam – e onde a empatia é mercadoria que inexiste.

No filme “O Advogado do Diabo”, o personagem John Milton, vivido por Al Pacino, diz na última cena: “A vaidade, definitivamente, é meu pecado favorito”. O personagem de Pacino prefere a vaidade, mas o fato é que todos os pecados enumerados por Gregório são intrigantes. Nenhum, porém, atiça tanto a minha curiosidade quanto a inveja.

“Os perversos invejam e odeiam; é a sua forma de admirar”, disse o escritor Victor Hugo no século 19. Realmente, a inveja tem sua raiz em algo positivo – a admiração. O invejoso poderia transformar esse enaltecimento em ambição e buscar construir algo maior ou melhor. Mas, em vez de usar seu foco para construir, prefere conspirar e criticar.

O maestro Tom Jobim, cuja obra foi gravada nos quatro cantos do planeta, era um alvo constante da dor de cotovelo alheia. Durante toda a sua vida, foi criticado e instado a se explicar sobre eventuais cutucadas de pares, fãs e competidores. “Sucesso, no Brasil, é a pior das ofensas pessoais”, disse Jobim.

A inveja coloca executivos no quadrante psicológico do rancor. Quem é tomado por este sentimento deixa de olhar para a frente e esquece de prestar atenção nos desafios e nas oportunidades que se descortinam. Dentro dessa perspectiva, nada tem mais importância do que as conquistas alheias, que ganham até mais transcendência que os próprios triunfos.

Entregar-se a um sentimento sem altivez vai minando a alma – especialmente nesse período de dificuldades pandêmicas. Como fugir desta sensação maligna? O primeiro passo é reconhecer a sua existência e partir para uma vida sem tantas comparações, buscando exemplos edificantes. Quem continuar escravo da inveja, entretanto, dificilmente terá êxito em suas empreitadas. Margaret Thatcher, que também se arriscou pelo tema, afirmou: “O espírito da inveja pode destruir, mas nunca construir”. Definitivamente, trata-se de um pecado intrigante e devastador – para quem o sente e para quem é atingido por ele.

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