Os novos movimentos em torno da eleição para a prefeitura de SP
Presidente do PL, Valdemar Costa Neto disse ontem que não há outro candidato viável para a prefeitura de SP que não seja Ricardo Nunes ou Guilherme Boulos
Publicado em 1 de agosto de 2023 às, 18h01.
O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, disse ontem que não há outro candidato viável para a prefeitura de São Paulo que não seja o atual titular do cargo, Ricardo Nunes, ou o deputado federal Guilherme Boulos. Ele ainda não aderiu à candidatura de reeleição do prefeito, mas tampouco fechou a porta. “Não temos nenhum novo candidato com potencial. Estamos estudando ainda”, afirmou.
Do jeito que a coisa anda, o pleito municipal de São Paulo deve ficar mesmo entre Nunes e Boulos por falta de oponentes. Do lado da esquerda, o PT – embora sob protestos internos – pode ficar mesmo de fora da disputa, honrando um acordo firmado entre Guilherme Boulos e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. Na outra ponta do ringue, Nunes vai costurando o apoio do centro e da direita: está muito perto de obter o suporte oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para Nunes, Boulos é o candidato ideal: é de esquerda e jovem, mas causa arrepios em parte do eleitorado por conta de seu passado como invasor de propriedades alheias. É o nome perfeito para ser demonizado junto aos mais conservadores, que também não gostaram do discurso inclusivo que fez sucesso entre a juventude na eleição de 2000.
Boulos também considera Nunes um oponente perfeito: o prefeito, apesar de ocupar o cargo há cerca de dois anos, ainda não é conhecido pela maioria da população. E ainda não se sabe ao certo qual é seu cacife eleitoral. Mas o deputado federal aposta que os eleitores da capital paulista, que já colocaram Luiza Erundina, Marta Suplicy e Fernando Haddad no comando da maior cidade da América do Sul, vão repetir a dose e eleger a esquerda em 2024.
Essa parece ser uma eleição na qual os principais candidatos estão no pódio das intenções de voto por WO – já que não há outros aspirantes na disputa. O deputado Ricardo Salles, que se retirou, já não reunia grandes chances, pois ficaria restrito aos votos da direita e da extrema direita.
Existe, porém, uma possibilidade para que a eleição não fique entre esses dois nomes.
Basta surgir um nome de centro-esquerda com capacidade de entusiasmar os eleitores.
Nunes está no páreo por ocupar a cadeira de alcaide. Mas também porque se transformou na única voz que pode aglutinar a direita e o centro em torno de si. Se houver um candidato que consiga trazer votos da direita, da esquerda e principalmente do centro, pode mudar essa eleição, que parece estar com as cartas marcadas (sem fraude, obviamente).
Os velhos nomes que são considerados nessa disputa, como o deputado Celso Russomano e o apresentador José Luiz Datena, parecem não ter capacidade de entusiasmar o eleitor – além de não sensibilizar os eleitores de esquerda menos radicais.
Sempre existe a possibilidade para um nome novo neste pleito. João Doria, por exemplo, entrou como um azarão e elevou a eleição ainda no primeiro turno. Mas a história recente mostra que os vices que herdaram o cargo e se candidataram à reeleição se deram muito bem. É o caso de Gilberto Kassab (segundo de José Serra) e de Bruno Covas (vice de João Doria).
Ricardo Nunes poderá repetir essa saga? Sim. Mas, para isso, terá de investir em algo que não fez até agora: aparecer. Talvez Nunes seja o prefeito paulistano mais low-profile da cidade que completa 470 anos em 2024. Se quiser realizar seu objetivo de reeleição, precisará se mexer para ser reconhecido nas ruas – e, de preferência, ser aplaudido. Mas isso, diga-se, não é obrigatório.
Veja o caso de Bruno Covas: uma quinzena antes de ser reeleito, ele entrou em uma churrascaria em silêncio e ninguém o cumprimentou. No mesmo dia, foi tomar um café no Shopping Iguatemi e ficou sentado em uma mesa próxima à Praça de Alimentação sem ser incomodado durante meia hora. Em compensação, Covas esteve ativíssimo na internet e nas redes sociais. Ganhou a eleição, mas – infelizmente – perdeu a batalha para o câncer e nos deixou antes de completar seis meses de seu novo mandato. Se tivesse sobrevivido, Covas poderia ter mudado os rumos da eleição de governador no ano passado e, sem dúvida, desempenharia um papel importante no pleito municipal de 2024.