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Os executivos que querem trapacear dentro das regras

Um caso em uma empresa nos Estados Unidos descortinou a ética duvidosa de alguns executivos

Um caso em uma empresa nos Estados Unidos descortinou a ética duvidosa de alguns executivos (Tom Merton/Getty Images)

Publicado em 24 de outubro de 2024 às 12h56.

Nesta semana, o Financial Times revelou um caso que descortinou a ética duvidosa de alguns executivos – e a disposição destes indivíduos de querer trapacear dentro das regras existentes. O episódio ocorreu em maio, quando a filial da EY nos Estados Unidos organizou a maratona de aprendizado “EY Ignite Learning Week”, na qual vários vídeos de treinamento foram colocados à disposição dos colaboradores da empresa.

Ocorre que a EY requer aos funcionários que eles adquiram 40 créditos educacionais ao ano, que podem ser obtidos com a participação em cursos ou assistindo a gravações como as oferecidas durante a semana de aprendizado. O que dezenas de colaboradores da empresa fizeram? Assistiram dois vídeos ao mesmo tempo, em diversas ocasiões, para acelerar o acúmulo de pontos.

Ao descobrir a maracutaia, a empresa simplesmente demitiu os trapaceiros na última sexta-feira. Mas houve gritaria. Segundo os demitidos, a EY nunca avisou que seria proibido “ver” dois vídeos ao mesmo tempo?

Bem, a pergunta é óbvia: isso seria preciso?

É claro que não. O chororô dos demitidos é uma tentativa de justificar o injustificável, dizendo que tudo foi dentro das regras estabelecidas. Bem, uma coisa é atuar dentro da zona cinzenta de um manual de normas. Outra é desafiar descaradamente o senso comum para se dar bem, já que ninguém (salvo os superdotados) consegue acompanhar duas aulas ao mesmo tempo.

Mas há gente que sempre tenta encontrar brechas nas regras para se beneficiar. Ou então utilizam esses buracos para justificar malfeitos ou cambalachos. Há, no entanto, pessoas que conseguem encontrar fórmulas de sucesso que podem não ser moralmente aceitas, mas nada têm de ilegal.

Um exemplo disso é uma história clássica no mundo da publicidade, que patrocinava anualmente um torneio de tênis entre os executivos do setor. Em praticamente todas as ocasiões, ano após ano, a final era disputada entre os mesmos dois jogadores e vitória oscilava entre um e outro.

Até que um desses esportistas teve uma ideia muito boa (mas questionável do ponto de vista ético). Contratou um jogador profissional para observar o estilo do adversário e ensiná-lo a explorar os pontos fracos do oponente. Aquele que foi treinado pelo tenista profissional teve uma vitória acachapante, ao contrário das partidas anteriores, sempre muito parelhas e disputadas ponto a ponto.

O derrotado, intrigado, perguntou ao vitorioso o que ele tinha feito para jogar tão bem. O campeão não resistiu e contou seu estratagema. O tenista que perdeu a partida ficou inconformado. Mas deu o troco no ano seguinte – usando um método ainda mais questionável.

Antes da final, ligou para o rival e disse que eles teriam de adiar a partida por conta de um compromisso inadiável no exterior. O oponente concordou. Ele, então, disse que tomaria as providências junto à organização para mudar o dia da disputa.

Só que ele nada fez. Na data original, compareceu à quadra, ao contrário do adversário, e ganhou por WO.

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Nesta semana, o Financial Times revelou um caso que descortinou a ética duvidosa de alguns executivos – e a disposição destes indivíduos de querer trapacear dentro das regras existentes. O episódio ocorreu em maio, quando a filial da EY nos Estados Unidos organizou a maratona de aprendizado “EY Ignite Learning Week”, na qual vários vídeos de treinamento foram colocados à disposição dos colaboradores da empresa.

Ocorre que a EY requer aos funcionários que eles adquiram 40 créditos educacionais ao ano, que podem ser obtidos com a participação em cursos ou assistindo a gravações como as oferecidas durante a semana de aprendizado. O que dezenas de colaboradores da empresa fizeram? Assistiram dois vídeos ao mesmo tempo, em diversas ocasiões, para acelerar o acúmulo de pontos.

Ao descobrir a maracutaia, a empresa simplesmente demitiu os trapaceiros na última sexta-feira. Mas houve gritaria. Segundo os demitidos, a EY nunca avisou que seria proibido “ver” dois vídeos ao mesmo tempo?

Bem, a pergunta é óbvia: isso seria preciso?

É claro que não. O chororô dos demitidos é uma tentativa de justificar o injustificável, dizendo que tudo foi dentro das regras estabelecidas. Bem, uma coisa é atuar dentro da zona cinzenta de um manual de normas. Outra é desafiar descaradamente o senso comum para se dar bem, já que ninguém (salvo os superdotados) consegue acompanhar duas aulas ao mesmo tempo.

Mas há gente que sempre tenta encontrar brechas nas regras para se beneficiar. Ou então utilizam esses buracos para justificar malfeitos ou cambalachos. Há, no entanto, pessoas que conseguem encontrar fórmulas de sucesso que podem não ser moralmente aceitas, mas nada têm de ilegal.

Um exemplo disso é uma história clássica no mundo da publicidade, que patrocinava anualmente um torneio de tênis entre os executivos do setor. Em praticamente todas as ocasiões, ano após ano, a final era disputada entre os mesmos dois jogadores e vitória oscilava entre um e outro.

Até que um desses esportistas teve uma ideia muito boa (mas questionável do ponto de vista ético). Contratou um jogador profissional para observar o estilo do adversário e ensiná-lo a explorar os pontos fracos do oponente. Aquele que foi treinado pelo tenista profissional teve uma vitória acachapante, ao contrário das partidas anteriores, sempre muito parelhas e disputadas ponto a ponto.

O derrotado, intrigado, perguntou ao vitorioso o que ele tinha feito para jogar tão bem. O campeão não resistiu e contou seu estratagema. O tenista que perdeu a partida ficou inconformado. Mas deu o troco no ano seguinte – usando um método ainda mais questionável.

Antes da final, ligou para o rival e disse que eles teriam de adiar a partida por conta de um compromisso inadiável no exterior. O oponente concordou. Ele, então, disse que tomaria as providências junto à organização para mudar o dia da disputa.

Só que ele nada fez. Na data original, compareceu à quadra, ao contrário do adversário, e ganhou por WO.

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