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Os bastidores da participação de Moro no debate de domingo

A participação de Moro no debate começou a ser costurada na quarta-feira, quando o ministro Fábio Faria ligou para o senador eleito e fez uma sondagem

Ex-ministro da Justiça Sergio Moro. (Andre Coelho/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 18 de outubro de 2022 às 12h17.

Nem bem o debate presidencial havia acabado na Band e os jornalistas invadiram o palco para entrevistar os candidatos. Rapidamente, o presidente Jair Bolsonaro puxou para o seu lado o ex-ministro e ex-desafeto Sergio Moro para aparecer nas entrevistas. Naquele momento, a presença de Moro tinha um significado especial: afinal, o oponente Luiz Inácio Lula da Silva tinha sido fustigado por Bolsonaro em várias acusações sobre corrupção no decorrer do programa. E o ex-juiz foi justamente quem havia colocado o petista na cadeia. Portanto, a associação de imagens e ideias poderia ser feita rapidamente na cabeça dos eleitores.

Para tornar o cenário perfeito para o presidente, Moro poderia ter feito uma expressão facial melhor. Ele parecia constrangido de estar ali, com feições contraídas e manifestando um certo mal-estar (embora muitos dizem que essa expressão não é muito diferente da habitual). De qualquer modo, entende-se essa linguagem corporal. Afinal, Moro saiu do governo atirando e dizendo que o combate à corrupção tinha deixado de ser uma prioridade do Planalto. Mas o ex-ministro, bem ou mal, fez uma opção. Achou que Lula seria pior para o Brasil e abraçou-se a ex-desafeto.

A participação de Moro no debate começou a ser costurada na quarta-feira à noite, quando o ministro Fábio Faria ligou para o senador eleito e fez uma sondagem. A resposta foi positiva. O ministro, então, consultou o presidente, que deu o sinal verde. A única exigência de Moro foi a de que o colóquio contasse com a presença de uma autoridade e não apenas pessoal de campanha.

Um pequeno grupo, então, foi a Curitiba na manhã seguinte e o encontro se deu no escritório particular do ex-juiz. Moro mostrou-se aberto à aproximação e disse que não queria nada em troca em um eventual segundo mandato de Bolsonaro. Levantou apenas um único pedido: que fosse poupado nas redes sociais pela militância governista.

Pedido feito, pedido aceito. Fez, então, algumas sugestões sobre a campanha, sem imposições e com bastante tranquilidade. E redigiu algumas perguntas que poderiam ser utilizadas por Bolsonaro no debate – a que versava sobre o líder criminoso Marcola, por sinal, foi uma dessas.

Diante dessa aliança, os petistas e simpatizantes da candidatura Lula voltaram a usar o argumento de que Moro foi um juiz parcial e que estava apoiando Bolsonaro desde o início, repisando o argumento de que a Operação Lava-Jato teria sido uma farsa (só que não foi: dezenas de corruptos foram, pela primeira vez, encarcerados e tiveram de devolver dinheiro roubado aos cofres públicos. Ocorre que esse tipo de argumento sensibiliza mais que, já vai votar em Lula e não dos indecisos – pois se trata de um raciocínio já veiculado exaustivamente nas redes sociais.

A adesão de Moro pode ajudar Bolsonaro? Provavelmente, sim.

O ex-juiz pode trazer para o barco bolsonarista uma parte dos indecisos ou os chamados órfãos da Operação Lava-Jato. Antes das eleições calculava-se esse grupo representava cerca de 8 % do eleitorado. Não se sabe quantos desses eleitores poderiam despejar seus votos em Bolsonaro, mas a essa altura do campeonato, qualquer ajuda é bem-vinda no quartel general da campanha de reeleição.

Pode-se dizer que, em quatro anos, a vida de Moro deu uma volta de 360 graus, como diria Adriane Galisteu. Ele aderiu publicamente a Bolsonaro no último trimestre de 2018. Antes da metade do mandato do presidente, porém, saiu do governo e bandeou-se para a oposição. E, agora, alinha-se novamente com o mandatário.

Esse apoio pode fazer diferença? Do jeito que a eleição está disputada e pode ser decidida por pouco, qualquer apoio pode ser a diferença entre vitória e derrota.

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Nem bem o debate presidencial havia acabado na Band e os jornalistas invadiram o palco para entrevistar os candidatos. Rapidamente, o presidente Jair Bolsonaro puxou para o seu lado o ex-ministro e ex-desafeto Sergio Moro para aparecer nas entrevistas. Naquele momento, a presença de Moro tinha um significado especial: afinal, o oponente Luiz Inácio Lula da Silva tinha sido fustigado por Bolsonaro em várias acusações sobre corrupção no decorrer do programa. E o ex-juiz foi justamente quem havia colocado o petista na cadeia. Portanto, a associação de imagens e ideias poderia ser feita rapidamente na cabeça dos eleitores.

Para tornar o cenário perfeito para o presidente, Moro poderia ter feito uma expressão facial melhor. Ele parecia constrangido de estar ali, com feições contraídas e manifestando um certo mal-estar (embora muitos dizem que essa expressão não é muito diferente da habitual). De qualquer modo, entende-se essa linguagem corporal. Afinal, Moro saiu do governo atirando e dizendo que o combate à corrupção tinha deixado de ser uma prioridade do Planalto. Mas o ex-ministro, bem ou mal, fez uma opção. Achou que Lula seria pior para o Brasil e abraçou-se a ex-desafeto.

A participação de Moro no debate começou a ser costurada na quarta-feira à noite, quando o ministro Fábio Faria ligou para o senador eleito e fez uma sondagem. A resposta foi positiva. O ministro, então, consultou o presidente, que deu o sinal verde. A única exigência de Moro foi a de que o colóquio contasse com a presença de uma autoridade e não apenas pessoal de campanha.

Um pequeno grupo, então, foi a Curitiba na manhã seguinte e o encontro se deu no escritório particular do ex-juiz. Moro mostrou-se aberto à aproximação e disse que não queria nada em troca em um eventual segundo mandato de Bolsonaro. Levantou apenas um único pedido: que fosse poupado nas redes sociais pela militância governista.

Pedido feito, pedido aceito. Fez, então, algumas sugestões sobre a campanha, sem imposições e com bastante tranquilidade. E redigiu algumas perguntas que poderiam ser utilizadas por Bolsonaro no debate – a que versava sobre o líder criminoso Marcola, por sinal, foi uma dessas.

Diante dessa aliança, os petistas e simpatizantes da candidatura Lula voltaram a usar o argumento de que Moro foi um juiz parcial e que estava apoiando Bolsonaro desde o início, repisando o argumento de que a Operação Lava-Jato teria sido uma farsa (só que não foi: dezenas de corruptos foram, pela primeira vez, encarcerados e tiveram de devolver dinheiro roubado aos cofres públicos. Ocorre que esse tipo de argumento sensibiliza mais que, já vai votar em Lula e não dos indecisos – pois se trata de um raciocínio já veiculado exaustivamente nas redes sociais.

A adesão de Moro pode ajudar Bolsonaro? Provavelmente, sim.

O ex-juiz pode trazer para o barco bolsonarista uma parte dos indecisos ou os chamados órfãos da Operação Lava-Jato. Antes das eleições calculava-se esse grupo representava cerca de 8 % do eleitorado. Não se sabe quantos desses eleitores poderiam despejar seus votos em Bolsonaro, mas a essa altura do campeonato, qualquer ajuda é bem-vinda no quartel general da campanha de reeleição.

Pode-se dizer que, em quatro anos, a vida de Moro deu uma volta de 360 graus, como diria Adriane Galisteu. Ele aderiu publicamente a Bolsonaro no último trimestre de 2018. Antes da metade do mandato do presidente, porém, saiu do governo e bandeou-se para a oposição. E, agora, alinha-se novamente com o mandatário.

Esse apoio pode fazer diferença? Do jeito que a eleição está disputada e pode ser decidida por pouco, qualquer apoio pode ser a diferença entre vitória e derrota.

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