O verdadeiro potencial de Simone Tebet: uma rejeição de 63%
Um a um, os nomes que se apresentaram para representar a Terceira Via foram ficando pelo caminho. Por que esses nomes não emplacaram na vontade popular?
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2022 às 08h41.
Aluizio Falcão Filho
A pesquisa divulgada ontem pelo site Poder 360 mostra que a rejeição em torno da senadora Simone Tebet na corrida presidencial é altíssima. Entre os entrevistados, 63 % disseram que não votariam nela de jeito nenhum. Para piorar o quadro enfrentado pela candidata emedebista, 90 % dos eleitores de Jair Bolsonaro e de Luiz Inácio Lula da Silva declararam que não devem mudar o voto até outubro, o que reduz bastante suas possibilidades de crescimento.
A tendência indicada por esta sondagem, se confirmada por outras pesquisas que estão no forno, deve destruir a tese de que Simone Tebet seria um nome de grande potencial para fazer frente a Bolsonaro e a Lula. Ao mesmo tempo, mostra que o movimento que retirou a candidatura do ex-governador João Doria do páreo era uma farsa. A julgar pelos números apurados neste último estudo, Tebet teria, na melhor das hipóteses, o mesmo desempenho do candidato tucano.
Um a um, os nomes que se apresentaram para representar a Terceira Via foram ficando pelo caminho. Há um número considerável de vítimas: Luiz Henrique Mandetta, Eduardo Leite, João Doria, Sergio Moro e Rodrigo Pacheco, para ficar nos mais conhecidos. Simone Tebet até deve oficializar sua candidatura, mas seu desempenho tem tudo para ser nanico, mesmo que venha contar com um nome do PSDB para sua vice-presidência. No quesito trairagem, por sinal, alguns grupos emedebistas e peessedebistas vão exercitar toda a habilidade de pular a cerca, pois devem apoiar Lula e Bolsonaro em seus estados.
Por que esses nomes não emplacaram na vontade popular? Há algumas explicações para isso.
A primeira é a de que as dificuldades econômicas que afligem as camadas mais pobres da população criaram condições para que o nome de Lula, cujos mandatos registraram crescimento expressivo no PIB, fosse reabilitado após seus processos de corrupção terem voltado à estaca zero por decisão do Judiciário.
Outro ponto diz respeito ao clima de confronto que se criou no país – especialmente nas redes sociais – em relação à opinião política. Militantes digitais do presidente Bolsonaro atacam sistematicamente quem se posiciona contra o governo ou a figura do mandatário. Eleitores de esquerda e apoiadores circunstanciais de Lula, por sua vez, devolvem os ataques na mesma moeda. O resultado é um quadro de agressividade generalizada, na qual aqueles que procuram uma Terceira Via são atacados por dois lados. Essa situação, de certa forma, acabou ajudando a esvaziar candidaturas moderadas e insuflar o voto útil já no Primeiro Turno.
Por fim, a polarização política pode ser explicada como uma espécie de válvula de escape para a agressividade represada pela sociedade. Segundo o escritor Ezra Klein, autor de “Why We’re Polarized” (mencionado nesta coluna na semana passada), o ódio que move forças políticas contrárias tem sua origem no represamento de emoções causado pela sociedade politicamente correta. Afinal, são poucos os que se atrevem a manifestar um discurso de ódio com base em questões raciais, de gênero ou religiosas. Em compensação, não há problema algum em criticar o próximo por causa de sua posição política. Esse fenômeno, forte nos Estados Unidos, pode ser utilizado para explicar parte dos ânimos exaltados no debate político que se instala no Brasil há pelo menos quatro anos.
Dentro desse cenário político polarizado, os candidatos nem precisam se manifestar de forma agressiva. Seus apoiadores fazem esse trabalho por eles e criam o caldo de cultura necessário para criar polêmicas que resultam em cancelamento de personalidades ou anônimos que ganham notoriedade. Trata-se de um panorama em que vozes mansas e argumentos racionais são ignorados. Os moderados vão se alinhando aos principais nomes, de acordo com seus princípios, valores, crenças econômicas e alinhamentos éticos. O resultado disso é a diminuição sistemática de eleitores indecisos e o crescimento que parece ser inevitável de Lula e de Bolsonaro.
Simone Tebet parece ser mais um nome a se juntar à galeria dos candidatos que ficaram pelo caminho. Dentro deste cenário polarizado, o que dizer do ex-governador Ciro Gomes, que vai para sua quarta tentativa de concorrer à presidência? Ele, na última pesquisa, tem 6 % (em 1998, obteve 10 % dos votos úteis). Ciro se diz um político de esquerda, mas faz sua campanha atacando Lula em 100 % das oportunidades. Seu estilo agressivo talvez o coloque em evidência nestes tempos de polarização. Mas 2022 não deve ser o seu ano. De qualquer forma, pode ganhar musculatura para tentar se viabilizar novamente em 2026, quando terá 68 anos (a título de comparação: Bolsonaro tem 67 e Lula 76).
Aluizio Falcão Filho
A pesquisa divulgada ontem pelo site Poder 360 mostra que a rejeição em torno da senadora Simone Tebet na corrida presidencial é altíssima. Entre os entrevistados, 63 % disseram que não votariam nela de jeito nenhum. Para piorar o quadro enfrentado pela candidata emedebista, 90 % dos eleitores de Jair Bolsonaro e de Luiz Inácio Lula da Silva declararam que não devem mudar o voto até outubro, o que reduz bastante suas possibilidades de crescimento.
A tendência indicada por esta sondagem, se confirmada por outras pesquisas que estão no forno, deve destruir a tese de que Simone Tebet seria um nome de grande potencial para fazer frente a Bolsonaro e a Lula. Ao mesmo tempo, mostra que o movimento que retirou a candidatura do ex-governador João Doria do páreo era uma farsa. A julgar pelos números apurados neste último estudo, Tebet teria, na melhor das hipóteses, o mesmo desempenho do candidato tucano.
Um a um, os nomes que se apresentaram para representar a Terceira Via foram ficando pelo caminho. Há um número considerável de vítimas: Luiz Henrique Mandetta, Eduardo Leite, João Doria, Sergio Moro e Rodrigo Pacheco, para ficar nos mais conhecidos. Simone Tebet até deve oficializar sua candidatura, mas seu desempenho tem tudo para ser nanico, mesmo que venha contar com um nome do PSDB para sua vice-presidência. No quesito trairagem, por sinal, alguns grupos emedebistas e peessedebistas vão exercitar toda a habilidade de pular a cerca, pois devem apoiar Lula e Bolsonaro em seus estados.
Por que esses nomes não emplacaram na vontade popular? Há algumas explicações para isso.
A primeira é a de que as dificuldades econômicas que afligem as camadas mais pobres da população criaram condições para que o nome de Lula, cujos mandatos registraram crescimento expressivo no PIB, fosse reabilitado após seus processos de corrupção terem voltado à estaca zero por decisão do Judiciário.
Outro ponto diz respeito ao clima de confronto que se criou no país – especialmente nas redes sociais – em relação à opinião política. Militantes digitais do presidente Bolsonaro atacam sistematicamente quem se posiciona contra o governo ou a figura do mandatário. Eleitores de esquerda e apoiadores circunstanciais de Lula, por sua vez, devolvem os ataques na mesma moeda. O resultado é um quadro de agressividade generalizada, na qual aqueles que procuram uma Terceira Via são atacados por dois lados. Essa situação, de certa forma, acabou ajudando a esvaziar candidaturas moderadas e insuflar o voto útil já no Primeiro Turno.
Por fim, a polarização política pode ser explicada como uma espécie de válvula de escape para a agressividade represada pela sociedade. Segundo o escritor Ezra Klein, autor de “Why We’re Polarized” (mencionado nesta coluna na semana passada), o ódio que move forças políticas contrárias tem sua origem no represamento de emoções causado pela sociedade politicamente correta. Afinal, são poucos os que se atrevem a manifestar um discurso de ódio com base em questões raciais, de gênero ou religiosas. Em compensação, não há problema algum em criticar o próximo por causa de sua posição política. Esse fenômeno, forte nos Estados Unidos, pode ser utilizado para explicar parte dos ânimos exaltados no debate político que se instala no Brasil há pelo menos quatro anos.
Dentro desse cenário político polarizado, os candidatos nem precisam se manifestar de forma agressiva. Seus apoiadores fazem esse trabalho por eles e criam o caldo de cultura necessário para criar polêmicas que resultam em cancelamento de personalidades ou anônimos que ganham notoriedade. Trata-se de um panorama em que vozes mansas e argumentos racionais são ignorados. Os moderados vão se alinhando aos principais nomes, de acordo com seus princípios, valores, crenças econômicas e alinhamentos éticos. O resultado disso é a diminuição sistemática de eleitores indecisos e o crescimento que parece ser inevitável de Lula e de Bolsonaro.
Simone Tebet parece ser mais um nome a se juntar à galeria dos candidatos que ficaram pelo caminho. Dentro deste cenário polarizado, o que dizer do ex-governador Ciro Gomes, que vai para sua quarta tentativa de concorrer à presidência? Ele, na última pesquisa, tem 6 % (em 1998, obteve 10 % dos votos úteis). Ciro se diz um político de esquerda, mas faz sua campanha atacando Lula em 100 % das oportunidades. Seu estilo agressivo talvez o coloque em evidência nestes tempos de polarização. Mas 2022 não deve ser o seu ano. De qualquer forma, pode ganhar musculatura para tentar se viabilizar novamente em 2026, quando terá 68 anos (a título de comparação: Bolsonaro tem 67 e Lula 76).