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O day after do terrorismo

A pergunta que não quer calar é: por que a inteligência palaciana não fez nada?

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 15h33.

Desde a semana passada, as redes sociais já reverberavam uma convocação para a manifestação dominical em Brasília. Diante disso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, acionou a Força Nacional para reprimir os golpistas na capital brasileira. Mas nada de prático aconteceu. Milhares de manifestantes invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal – e, a partir desse momento, cometeram atos criminosos, passando a se comportar como terroristas.

Os ânimos já estavam acirrados desde sexta-feira, quando alguns acampamentos em frente aos quarteis começaram a ser desmontados. Além disso, várias postagens dos extremistas mencionavam a necessidade de se criar um caos institucional para tentar sensibilizar os militares a patrocinar uma ruptura democrática.

A pergunta que não quer calar é: por que a inteligência palaciana não fez nada?

Os bloqueios planejados para conter a multidão de domingo foram altamente subestimados e não conseguiram segurar um número enorme de pessoas imbuídas de más intenções. Ou seja, a incompetência dos oficiais de inteligência campeou neste episódio. Na prática, o Planalto quer colocar a culpa no Governo do Distrito Federal, especialmente porque seu secretário de segurança é um ex-ministro de Jair Bolsonaro. Mas isso não exime os responsáveis pela Inteligência planaltina da culpa nesta falta de ação preventiva.

Houve um verdadeiro apagão entre as autoridades que poderiam ter mitigado as invasões. Achar que barreiras de metal, facilmente desmontáveis, sprays de pímenta e meia dúzia de gatos pingados poderiam segurar a horda de vândalos foi uma aposta irresponsável.

Houve leniência da Secretaria de Segurança Pública de Brasília? Sem dúvida. Mas isso foi surpresa para alguém? Aparentemente, foi para os responsáveis pela segurança do Planalto. A polícia legislativa, preocupada com o que via nas redes sociais, ficou falando sozinha desde quinta-feira, mas não foi levada a sério.

Os radicais se aproveitaram de um momento de transição do governo federal para pegar as autoridades de calças curtas. Isso ajuda a explicar a pasmaceira que se abateu na prevenção aos atos terroristas e na demora em reagir às invasões e à depredação do patrimônio público — mas não justifica a incompetência no combate ao terrorismo.

A reação federal, após o blecaute na prevenção ao terrorismo, no entanto, será forte. É de se esperar que a Polícia Federal consiga identificar vários vândalos (até porque inúmeros radicais publicaram gravações expondo seus semblantes) e seus financiadores. Uma onda de prisões é esperada ainda nesta semana que se inicia.

Os atos insanos de ontem, no final, conseguiram algo impossível – a união dos poderes da República e da classe política em torno do repúdio ao golpismo. Vários políticos ligados ao bolsonarismo, como Arthur Lira e Valdemar da Costa Neto, divulgaram mensagens criticando os manifestantes. Mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro também manifestou críticas ao vandalismo, embora seu silêncio anterior tenha sido interpretado como um sinal de estímulo aos golpistas.

Esse momento é bastante delicado.

Se as autoridades não agirem com rigor, o futuro estará fadado a novos atos terroristas com octanagem ainda maior. O fanatismo não pode ser tolerado. Caso contrário, poderemos testemunhar uma escalada de violência incompatível com a tradição pacífica da sociedade brasileira.

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Desde a semana passada, as redes sociais já reverberavam uma convocação para a manifestação dominical em Brasília. Diante disso, o ministro da Justiça, Flávio Dino, acionou a Força Nacional para reprimir os golpistas na capital brasileira. Mas nada de prático aconteceu. Milhares de manifestantes invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal – e, a partir desse momento, cometeram atos criminosos, passando a se comportar como terroristas.

Os ânimos já estavam acirrados desde sexta-feira, quando alguns acampamentos em frente aos quarteis começaram a ser desmontados. Além disso, várias postagens dos extremistas mencionavam a necessidade de se criar um caos institucional para tentar sensibilizar os militares a patrocinar uma ruptura democrática.

A pergunta que não quer calar é: por que a inteligência palaciana não fez nada?

Os bloqueios planejados para conter a multidão de domingo foram altamente subestimados e não conseguiram segurar um número enorme de pessoas imbuídas de más intenções. Ou seja, a incompetência dos oficiais de inteligência campeou neste episódio. Na prática, o Planalto quer colocar a culpa no Governo do Distrito Federal, especialmente porque seu secretário de segurança é um ex-ministro de Jair Bolsonaro. Mas isso não exime os responsáveis pela Inteligência planaltina da culpa nesta falta de ação preventiva.

Houve um verdadeiro apagão entre as autoridades que poderiam ter mitigado as invasões. Achar que barreiras de metal, facilmente desmontáveis, sprays de pímenta e meia dúzia de gatos pingados poderiam segurar a horda de vândalos foi uma aposta irresponsável.

Houve leniência da Secretaria de Segurança Pública de Brasília? Sem dúvida. Mas isso foi surpresa para alguém? Aparentemente, foi para os responsáveis pela segurança do Planalto. A polícia legislativa, preocupada com o que via nas redes sociais, ficou falando sozinha desde quinta-feira, mas não foi levada a sério.

Os radicais se aproveitaram de um momento de transição do governo federal para pegar as autoridades de calças curtas. Isso ajuda a explicar a pasmaceira que se abateu na prevenção aos atos terroristas e na demora em reagir às invasões e à depredação do patrimônio público — mas não justifica a incompetência no combate ao terrorismo.

A reação federal, após o blecaute na prevenção ao terrorismo, no entanto, será forte. É de se esperar que a Polícia Federal consiga identificar vários vândalos (até porque inúmeros radicais publicaram gravações expondo seus semblantes) e seus financiadores. Uma onda de prisões é esperada ainda nesta semana que se inicia.

Os atos insanos de ontem, no final, conseguiram algo impossível – a união dos poderes da República e da classe política em torno do repúdio ao golpismo. Vários políticos ligados ao bolsonarismo, como Arthur Lira e Valdemar da Costa Neto, divulgaram mensagens criticando os manifestantes. Mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro também manifestou críticas ao vandalismo, embora seu silêncio anterior tenha sido interpretado como um sinal de estímulo aos golpistas.

Esse momento é bastante delicado.

Se as autoridades não agirem com rigor, o futuro estará fadado a novos atos terroristas com octanagem ainda maior. O fanatismo não pode ser tolerado. Caso contrário, poderemos testemunhar uma escalada de violência incompatível com a tradição pacífica da sociedade brasileira.

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