O cabo agoniza no 39º aniversário da MTV
Crescimento de serviços de streaming como a Netflix marcam a derrocada da TV a cabo
Rodrigo Loureiro
Publicado em 1 de agosto de 2020 às 09h33.
Última atualização em 1 de agosto de 2020 às 10h30.
No dia 1 de agosto de 1981, 39 anos atrás, entrava no ar o veejay Mark Goodman para anunciar o início da transmissão daquela emissora que iria revolucionar os meios de comunicação durante a década que se iniciava: a MTV . Focada no público jovem, o primeiro clipe programado foi o da banda inglesa Buggles, com a música “Video Killed the Radio Star”. A letra falava de uma era na qual as grandes estrelas do rádio foram apagadas pela televisão, uma metáfora perfeita para o que aconteceria no cenário musical logo em seguida. A MTV se transformaria na maior referência para vender discos, deixando as emissoras de rádio – até então as maiores promotoras de hits – para trás.
Logo nos anos 1990, o conceito de programação da MTV mudou, deixando de ser uma emissora que só passava vídeos para se tornar efetivamente um canal voltado para o público jovem, também apresentando shows que nada ou pouco tinham a ver com a música. A emissora se tornou uma das estrelas do mercado a cabo e puxou as vendas dos pacotes distribuídos pelas empresas do ramo, seja por satélite ou por fio.
Nesta semana que passou, os canais a cabo se mostraram algo ligado ao passado, exatamente como as emissoras abertas se tornaram obsoletas com o surgimento de alternativas como a MTV e muitas outras. Essa percepção deve-se ao fato de que sistema por cabeamento está sendo ultrapassado pelos serviços de streaming. Somente um deles, a Netflix , conta com 70 milhões de usuários pagantes nos Estados Unidos.
Esse número impressiona quando levamos em consideração que todas as operadoras a cabo têm naquele país 77,5 milhões de assinantes.
Há inúmeras razões para o crescimento do streaming em detrimento das assinaturas de cabo. Provavelmente a principal explicação seja o preço. Empresas de telefonia, como a Vivo e a Claro (para ficar nos exemplos brasileiros), oferecem pacotes premium que, em famílias grandes, podem chegar a R$ 1 000 mensais, incluindo aí serviços de acesso à internet e combo com contas de aparelhos celulares. O custo de uma assinatura de Netflix para quatro pessoas? Nem cinquenta reais.
Muitos clientes ainda mantêm os pacotes de TV por assinatura por conta do provimento de acesso à internet, que tem uma velocidade melhor por cabo do que pelo sistema wireless. Mas imaginem o que pode acontecer quando o sinal 5G estiver disponível (testes preliminares mostraram que sua velocidade pode ser, em média, 20 vezes mais rápida que a rede atual de 4G).
Quando houver a passagem para o 5G, o cabo se tornará tão obsoleto quanto o gelo vendido em barras se transformou em comparação com o lançamento das geladeiras nas década de 1920. Curiosamente, naquela época, houve quem investisse dinheiro para comprar empresas que produziam gelo para consolidá-las e aumentar sua produtividade, vendendo barras a preços menores. Essa estratégia baixou os preços, mas não impediu que a população comprasse aparelhos domésticos de refrigeração. Rapidamente as geladeiras ganharam as casas e a produção de gelo foi restringida a mercados profissionais.
As empresas de distribuição de sinal a cabo, no Brasil, também têm outros produtos de telefonia e irão lucrar com a chegada do 5G. Mas a decadência deste sistema tem a ver também com dois fatores.
Um é relativo aos consumidores mais jovens, que preferem acessar conteúdo de smartphones e notebooks – mas têm verdadeira aversão a manusear aparelhos de televisão. Os distribuidores de sinais a cabo, de alguma forma, estão ligados a esse universo e acabam rejeitados pelos mais novos.
Outro fator que colocou os sistemas de streaming em evidência foi a disposição em investir no conteúdo próprio, sem precisar dos grandes estúdios para encontrar alternativas de qualidade para oferecer aos assinantes – ou esperar a quarentena imposta pelas redes de cinema para programar os grandes blockbusters.
Tudo isso faz das emissoras a cabo candidatas a dinossauros, ícones de um passado que não volta mais. Como no vídeo inaugural da MTV, que falava sobre a TV ter acabado com as estrelas do rádio, talvez elas não consigam fazer a transição para o mundo do streaming. Mas, para ter certeza sobre isso, só o tempo dirá. Ah, uma curiosidade. O veejay da inauguração da MTV, Mark Goodman? É hoje locutor da Sirius Satellite Radio. Ou seja, ele fez o caminho oposto ao que dizia a música dos Buggles que apresentou 39 anos atrás: largou o vídeo e se tornou um “radio star”.
No dia 1 de agosto de 1981, 39 anos atrás, entrava no ar o veejay Mark Goodman para anunciar o início da transmissão daquela emissora que iria revolucionar os meios de comunicação durante a década que se iniciava: a MTV . Focada no público jovem, o primeiro clipe programado foi o da banda inglesa Buggles, com a música “Video Killed the Radio Star”. A letra falava de uma era na qual as grandes estrelas do rádio foram apagadas pela televisão, uma metáfora perfeita para o que aconteceria no cenário musical logo em seguida. A MTV se transformaria na maior referência para vender discos, deixando as emissoras de rádio – até então as maiores promotoras de hits – para trás.
Logo nos anos 1990, o conceito de programação da MTV mudou, deixando de ser uma emissora que só passava vídeos para se tornar efetivamente um canal voltado para o público jovem, também apresentando shows que nada ou pouco tinham a ver com a música. A emissora se tornou uma das estrelas do mercado a cabo e puxou as vendas dos pacotes distribuídos pelas empresas do ramo, seja por satélite ou por fio.
Nesta semana que passou, os canais a cabo se mostraram algo ligado ao passado, exatamente como as emissoras abertas se tornaram obsoletas com o surgimento de alternativas como a MTV e muitas outras. Essa percepção deve-se ao fato de que sistema por cabeamento está sendo ultrapassado pelos serviços de streaming. Somente um deles, a Netflix , conta com 70 milhões de usuários pagantes nos Estados Unidos.
Esse número impressiona quando levamos em consideração que todas as operadoras a cabo têm naquele país 77,5 milhões de assinantes.
Há inúmeras razões para o crescimento do streaming em detrimento das assinaturas de cabo. Provavelmente a principal explicação seja o preço. Empresas de telefonia, como a Vivo e a Claro (para ficar nos exemplos brasileiros), oferecem pacotes premium que, em famílias grandes, podem chegar a R$ 1 000 mensais, incluindo aí serviços de acesso à internet e combo com contas de aparelhos celulares. O custo de uma assinatura de Netflix para quatro pessoas? Nem cinquenta reais.
Muitos clientes ainda mantêm os pacotes de TV por assinatura por conta do provimento de acesso à internet, que tem uma velocidade melhor por cabo do que pelo sistema wireless. Mas imaginem o que pode acontecer quando o sinal 5G estiver disponível (testes preliminares mostraram que sua velocidade pode ser, em média, 20 vezes mais rápida que a rede atual de 4G).
Quando houver a passagem para o 5G, o cabo se tornará tão obsoleto quanto o gelo vendido em barras se transformou em comparação com o lançamento das geladeiras nas década de 1920. Curiosamente, naquela época, houve quem investisse dinheiro para comprar empresas que produziam gelo para consolidá-las e aumentar sua produtividade, vendendo barras a preços menores. Essa estratégia baixou os preços, mas não impediu que a população comprasse aparelhos domésticos de refrigeração. Rapidamente as geladeiras ganharam as casas e a produção de gelo foi restringida a mercados profissionais.
As empresas de distribuição de sinal a cabo, no Brasil, também têm outros produtos de telefonia e irão lucrar com a chegada do 5G. Mas a decadência deste sistema tem a ver também com dois fatores.
Um é relativo aos consumidores mais jovens, que preferem acessar conteúdo de smartphones e notebooks – mas têm verdadeira aversão a manusear aparelhos de televisão. Os distribuidores de sinais a cabo, de alguma forma, estão ligados a esse universo e acabam rejeitados pelos mais novos.
Outro fator que colocou os sistemas de streaming em evidência foi a disposição em investir no conteúdo próprio, sem precisar dos grandes estúdios para encontrar alternativas de qualidade para oferecer aos assinantes – ou esperar a quarentena imposta pelas redes de cinema para programar os grandes blockbusters.
Tudo isso faz das emissoras a cabo candidatas a dinossauros, ícones de um passado que não volta mais. Como no vídeo inaugural da MTV, que falava sobre a TV ter acabado com as estrelas do rádio, talvez elas não consigam fazer a transição para o mundo do streaming. Mas, para ter certeza sobre isso, só o tempo dirá. Ah, uma curiosidade. O veejay da inauguração da MTV, Mark Goodman? É hoje locutor da Sirius Satellite Radio. Ou seja, ele fez o caminho oposto ao que dizia a música dos Buggles que apresentou 39 anos atrás: largou o vídeo e se tornou um “radio star”.