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Flávio diz que seu pai está “mais calmo” – mas precisa combinar com ele

O ambiente político tenso, de fato, está tão belicoso que algumas pessoas perderam sua vida no meio de discussões eleitorais

 (Adriano Machado/Reuters)
(Adriano Machado/Reuters)
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Money Report – Aluizio Falcão Filho

Publicado em 13 de outubro de 2022 às, 16h11.

Ontem, o jornal “O Globo” publicou uma entrevista com o senador Flávio Bolsonaro. Duas frases chamam atenção. A primeira, que deve atingir consenso entre lulistas e bolsonaristas, é a seguinte: “Está todo mundo cansado de briga”. O ambiente político tenso, de fato, está tão belicoso que algumas pessoas perderam sua vida no meio de discussões eleitorais. Já a segunda frase merece análise e reflexão — mas está longe de ser consensual. “Vocês estão vendo o presidente [Jair Bolsonaro] muito mais calmo, a cada dia mais preparado, com a inteligência emocional melhor”, disse.

Se o tempo tivesse parado no dia 2 de outubro, logo após a votação, quando Bolsonaro deu uma coletiva a vários órgãos de imprensa, até que a opinião do senador poderia levada em consideração. Mas, na semana que sucedeu a entrevista concedida em um tom de voz comedido e ameno, o presidente já passou por momento de descontrole emocional em frente às câmaras.

Não é de hoje que o presidente tem um comportamento errático. Logo que fechou um acordo com o Centrão, impingiu-se um silêncio relativamente duradouro. Mas, depois de um hiato, a coisa desandou novamente e o mandatário voltou aos embates verbais.

A estratégia de adotar um tom moderado faz todo sentido. Afinal, a única forma de se vencer essa eleição é trazer os votos do centro para qualquer um dos candidatos. Luiz Inácio Lula da Silva (com alguns escorregões, é verdade) tenta se apresentar como o lado ponderado e centrado. Mas Bolsonaro sempre usou lacradas para se sintonizar com seus apoiadores de primeira hora – que vão votar no presidente faça chuva ou faça sol.

Dois dias atrás – na mesma data em que o senador dava entrevista ao “Globo” – o presidente, em Pelotas, no Rio Grande do Sul, voltou a lançar suspeitas sobre as urnas eletrônicas. “Todos nós desconfiamos”, afirmou. “Como pode aquele cara [Lula] pode ter tantos votos se o povo não está ao lado dele?”. Na mesma oportunidade, ainda disse: “No próximo dia 30, vamos votar. E mais do que isso. Vamos permanecer na região da seção eleitoral até a apuração do resultado”.

Aparentemente, existe um descompasso entre o que pensa o senador, filho do presidente, e aquilo que faz, na prática, o candidato à reeleição. Até porque existem dois caminhos para que Bolsonaro tente a vitória. Um é tentar se enquadrar dentro de um personagem comedido e tentar seduzir o centro. Outro é simplesmente investir tudo na desconstrução de Lula. Neste caso, ações nas redes sociais são mais que necessárias.

Nesta eleição, o PT está investindo forte nas redes e não economizando críticas. Mas o lado bolsonarista parece estar melhorando nessa batalha (não necessariamente na guerra inteira, que é a eleição). Segundo o Ipec, Lula – em quatro dias – ampliou sua rejeição em dois pontos, subindo de 40 para 42 pontos. Já Bolsonaro teve uma diminuição de 50 para 48 pontos na enquete de 10 de outubro. Se a rejeição do presidente cair mais alguns pontos, a eleição estará ainda mais parelha do que agora.