Em 2018, relevou-se muito sobre Bolsonaro. Por que não com Doria e Ciro?
Por que não se dá um voto de confiança a Doria e Ciro, que permanecem estagnados nas pesquisas eleitorais?
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2021 às 08h44.
Em 2018, quando Jair Bolsonaro largou bem nas pesquisas de intenção de voto, não assumiu a liderança logo de cara. Nesse meio tempo, seus apoiadores de primeira hora diziam que essas enquetes estavam erradas a e a serviço dos adversários. Uma das frases utilizadas nessa época era: “Não conheço ninguém que vai votar no PT”, partido que saía ferido da Operação Lava-Jato por conta de inúmeras acusações contra Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou sendo preso no meio deste processo.
Bolsonaro estava há 27 anos no Congresso e era visto como um deputado folclórico e temperamental. Talvez por isso mesmo ele tenha demorado a consolidar sua liderança. Vários sinais de que o candidato não era exatamente um moderado circulavam livremente nas redes sociais. Havia de tudo: vídeos e declarações dos mais diversos assuntos.
Era possível ver o então deputado vociferando contra homossexuais em uma reunião de determinada comissão parlamentar. Mas, apesar disso, ouvi de vários amigos que o candidato à presidência não era homofóbico.
Exemplos de agressividade também não faltaram. Momentos em que foi possível enxergar que não havia traquejo para negociar também. E o número de projetos aprovados? Apenas dois em 27 anos. Por fim, o que dizer das frases que defendiam o fechamento do Congresso e a morte de "uns 30 mil, começando com FHC” (Na época em que a frase foi dita, Fernando Henrique Cardoso era o presidente)?. E o que dizer da avaliação de Bolsonaro sobre o regime militar? “O erro da ditadura foi torturar e não matar".
É possível enxergar o presidente de hoje naquele candidato de 3 anos atrás, não? Mas, houve, na época, um fenômeno que varreu as classes altas do Brasil – fazer vista grossa a esse lado de Jair Bolsonaro. Hoje, muitos dos que rejeitam o presidente não conseguiram (ou não quiseram) ver que ele era assim.
Neste sentido, o episódio da facada ajudou. Bolsonaro ficou fora do alcance do grande público e quieto. Agora, percebe-se que aquele silêncio foi providencial e consolidou a imagem antipetista que tanto contribuiu para sua eleição.
Mas, diante de tudo isso, resta uma dúvida.
Por que, em 2018, tantas pessoas relevaram essas características de Bolsonaro e, hoje, hesitam em deixar para lá certos aspectos do governador João Doria? O mesmo ocorre em relação a Ciro Gomes. No passado, quando confrontados sobre o aspecto cristão-novo do liberalismo abraçado pelo então candidato (que disse no programa Roda Viva ser seu sonho fazer do Brasil uma nação liberal), muitos eleitores afirmavam com certeza: “Ele mudou”. Esses mesmos indivíduos, na presente data, não conseguem acreditar que Ciro Gomes tenha deixado suas ideias esquerdistas para trás.
Por que não se dá um voto de confiança a Doria e Ciro, que permanecem estagnados nas pesquisas eleitorais?
Há em Doria algumas características que provocam rejeição no eleitor, como um excesso de marketing na comunicação, uma superexposição durante a pandemia (irritando principalmente os comerciantes) e o distanciamento em relação ao ex-governador Geraldo Alckmin, que foi o grande apoiador de sua entrada na política. Já em Ciro incomodam principalmente o temperamento irascível e certas ideias que parecem vir da esquerda (apesar de ter Paulo Rabelo de Castro – nada esquerdista – como seu principal assessor para assuntos econômicos).
Esses traços são menos palatáveis que os de Bolsonaro? Muito provavelmente não.
Talvez a explicação para a posição implacável em relação aos dois candidatos esteja na expectativa dos eleitores em busca de um nome novo para embolar a disputa. Estamos em um momento em que todos os protagonistas da pré-campanha parecem ter chegado em seus limites.
Provavelmente, Bolsonaro não cairá mais ou cairá pouco. No sinal invertido, o mesmo vale para Doria, Ciro e Lula? Será que eles já cresceram o que tinham de crescer?
Talvez seja por isso que exista uma reprovação tão alta a Bolsonaro e uma quantidade significativa de pessoas sem candidatos escolhidos. No fundo, esses eleitores não querem saber apenas de Lula e de Bolsonaro – mas também não querem Ciro, Doria, Leite e outros. São eleitores que preferem idealizar um candidato que não conhecem direito (como fizeram em 2018) do que relevar características dos pré-candidatos já existentes.
Caso não apareça o tal nome novo, só restará a esse eleitor perdoar algum aspecto dos candidatos existentes. Pode-se indultar Bolsonaro, Lula, Doria, Ciro, Sergio Moro, Eduardo Leite e demais – cada um por uma razão diferente. Mas, sem relevar as características ruins dos candidatos, só restam três opções: faltar à eleição, votar em branco ou votar nulo.
Em 2018, quando Jair Bolsonaro largou bem nas pesquisas de intenção de voto, não assumiu a liderança logo de cara. Nesse meio tempo, seus apoiadores de primeira hora diziam que essas enquetes estavam erradas a e a serviço dos adversários. Uma das frases utilizadas nessa época era: “Não conheço ninguém que vai votar no PT”, partido que saía ferido da Operação Lava-Jato por conta de inúmeras acusações contra Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou sendo preso no meio deste processo.
Bolsonaro estava há 27 anos no Congresso e era visto como um deputado folclórico e temperamental. Talvez por isso mesmo ele tenha demorado a consolidar sua liderança. Vários sinais de que o candidato não era exatamente um moderado circulavam livremente nas redes sociais. Havia de tudo: vídeos e declarações dos mais diversos assuntos.
Era possível ver o então deputado vociferando contra homossexuais em uma reunião de determinada comissão parlamentar. Mas, apesar disso, ouvi de vários amigos que o candidato à presidência não era homofóbico.
Exemplos de agressividade também não faltaram. Momentos em que foi possível enxergar que não havia traquejo para negociar também. E o número de projetos aprovados? Apenas dois em 27 anos. Por fim, o que dizer das frases que defendiam o fechamento do Congresso e a morte de "uns 30 mil, começando com FHC” (Na época em que a frase foi dita, Fernando Henrique Cardoso era o presidente)?. E o que dizer da avaliação de Bolsonaro sobre o regime militar? “O erro da ditadura foi torturar e não matar".
É possível enxergar o presidente de hoje naquele candidato de 3 anos atrás, não? Mas, houve, na época, um fenômeno que varreu as classes altas do Brasil – fazer vista grossa a esse lado de Jair Bolsonaro. Hoje, muitos dos que rejeitam o presidente não conseguiram (ou não quiseram) ver que ele era assim.
Neste sentido, o episódio da facada ajudou. Bolsonaro ficou fora do alcance do grande público e quieto. Agora, percebe-se que aquele silêncio foi providencial e consolidou a imagem antipetista que tanto contribuiu para sua eleição.
Mas, diante de tudo isso, resta uma dúvida.
Por que, em 2018, tantas pessoas relevaram essas características de Bolsonaro e, hoje, hesitam em deixar para lá certos aspectos do governador João Doria? O mesmo ocorre em relação a Ciro Gomes. No passado, quando confrontados sobre o aspecto cristão-novo do liberalismo abraçado pelo então candidato (que disse no programa Roda Viva ser seu sonho fazer do Brasil uma nação liberal), muitos eleitores afirmavam com certeza: “Ele mudou”. Esses mesmos indivíduos, na presente data, não conseguem acreditar que Ciro Gomes tenha deixado suas ideias esquerdistas para trás.
Por que não se dá um voto de confiança a Doria e Ciro, que permanecem estagnados nas pesquisas eleitorais?
Há em Doria algumas características que provocam rejeição no eleitor, como um excesso de marketing na comunicação, uma superexposição durante a pandemia (irritando principalmente os comerciantes) e o distanciamento em relação ao ex-governador Geraldo Alckmin, que foi o grande apoiador de sua entrada na política. Já em Ciro incomodam principalmente o temperamento irascível e certas ideias que parecem vir da esquerda (apesar de ter Paulo Rabelo de Castro – nada esquerdista – como seu principal assessor para assuntos econômicos).
Esses traços são menos palatáveis que os de Bolsonaro? Muito provavelmente não.
Talvez a explicação para a posição implacável em relação aos dois candidatos esteja na expectativa dos eleitores em busca de um nome novo para embolar a disputa. Estamos em um momento em que todos os protagonistas da pré-campanha parecem ter chegado em seus limites.
Provavelmente, Bolsonaro não cairá mais ou cairá pouco. No sinal invertido, o mesmo vale para Doria, Ciro e Lula? Será que eles já cresceram o que tinham de crescer?
Talvez seja por isso que exista uma reprovação tão alta a Bolsonaro e uma quantidade significativa de pessoas sem candidatos escolhidos. No fundo, esses eleitores não querem saber apenas de Lula e de Bolsonaro – mas também não querem Ciro, Doria, Leite e outros. São eleitores que preferem idealizar um candidato que não conhecem direito (como fizeram em 2018) do que relevar características dos pré-candidatos já existentes.
Caso não apareça o tal nome novo, só restará a esse eleitor perdoar algum aspecto dos candidatos existentes. Pode-se indultar Bolsonaro, Lula, Doria, Ciro, Sergio Moro, Eduardo Leite e demais – cada um por uma razão diferente. Mas, sem relevar as características ruins dos candidatos, só restam três opções: faltar à eleição, votar em branco ou votar nulo.