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Como a ida para o PL pode beneficiar Tarcísio

O governador ganha muito ao entrar para o PL, um partido muito maior, com estrutura roubusta e dono de um naco gigantesco do Fundo Eleitoral

Tarcísio de Freitas (Alesp/Divulgação)

Publicado em 21 de maio de 2024 às 17h59.

Foi o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, quem tornou público o segredo de polichinelo envolvendo a troca de partido do governador Tarcísio de Freitas. “Tarcísio falou para mim que virá para o nosso partido lá para junho e agora estão todos ansiosos”, declarou Valdemar. “Ele está fazendo campanha para os candidatos do Republicanos em São Paulo e entendemos isso. Faz muito bem. Precisa ajudar o partido que o elegeu. Mas o lugar do Tarcísio é no PL”.

O cacique do PL não deixa de ter razão que o lugar do governador é o seu partido. Afinal, Tarcísio assinou a ficha de filiação ao Republicanos ao final do prazo requerido pela lei, e seguiu a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro, após uma reunião no Palácio do Planalto. A ideia original, no entanto, era filiar o então ministro à agremiação liberal. Mas Bolsonaro preferiu agradar outros partidos aliados quando decidiu o destino de seus candidatos mais próximos.

Oficialmente, porém, nada acontecerá antes do pleito de outubro. Ontem mesmo, Tarcísio deu a seguinte declaração: “Estou muito bem no Republicanos e os dois partidos vão caminhar juntos nas eleições municipais no Estado de São Paulo”. Depois da apuração, porém, a troca de agremiação deve começar a ocorrer.

O governador ganha muito ao entrar para o PL, um partido muito maior, com estrutura roubusta e dono de um naco gigantesco do Fundo Eleitoral. Além disso, trata-se da maior sigla do país, com 13 senadores e 94 deputados federais (contra 43 do Republicanos), e a única que consegue competir com o PT em termos de tamanho. Esse também é um partido que age em bloco e que pode ajudar bastante os planos do governador em 2026, seja de reeleição ou para concorrer à presidência.

Ao se filiar ao PL, no entanto, Tarcísio inevitavelmente vai aumentar sua identificação com o bolsonarismo. Ele, sem dúvida, é uma cria deste ninho. Mas seu alcance político sempre foi mais amplo que os domínios bolsonaristas, agradando bastante os eleitores centristas com uma mistura de conservadorismo e tecnocracia.

Se ficar onde está, Tarcísio não perderá um só voto. Mas, ao identificar-se ainda mais com Bolsonaro, pode criar indisposições com o eleitorado de Centro que não suporta o ex-presidente. De qualquer forma, o governador não toma decisões baseado apenas em seus impulsos. Por isso, deve ter encomendado alguma pesquisa para verificar se os eleitores iriam aprovar ou desaprovar sua troca de agremiação.

Esse troca-troca mostra também o quão frágil é a estrutura partidária brasileira. Por aqui, há poucas siglas que têm forte unidade em relação a um programa ou uma ideologia. Mesmo assim, quando surge algum partido com ideário forte e arraigado entre os filiados, disputas internas acabam por desfigurar a identidade política da agremiação. O que aconteceu com o Novo é um exemplo disso.

Voltando a Tarcísio: ninguém deve esperar uma decisão por parte do governador em relação ao seu futuro neste ano. A atenção dele, agora, é para as eleições municipais, com destaque para a cidade São Paulo, onde apoia o prefeito Ricardo Nunes em sua campanha para reeleição. O restante do ano deverá ser dedicado à costura política de apoio junto aos prefeitos eleitos e eventualmente à troca de partido político.

Em 2025, entretanto, Tarcísio precisará definir o seu rumo. Sua vontade é permanecer no Palácio dos Bandeirantes por mais um mandato. Afinal, ele tem apenas 48 anos. Ocorre que as chances de Jair Bolsonaro continuar inelegível até 2030 são altíssimas – e a possibilidade de uma anistia via Congresso não parece ser provável. Neste caso, a probabilidade de Tarcísio ser convocado pela oposição para ser candidato é altíssima. Mas, para obter sucesso, precisa calibrar seu discurso oposicionista, que cairia como uma luva para um eleitorado que parece estar insatisfeito com o governo.

Com uma estrutura como a do PL em suas mãos, sua possibilidade de ser escutado em todo o país é significativa, especialmente se levarmos em conta a capacidade Valdemar em costurar acordos regionais. Ao se unir aos liberais, o governador de São Paulo entra fortalecido na corrida presidencial – e deve incomodar muito o PT daqui a dois anos.

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Foi o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, quem tornou público o segredo de polichinelo envolvendo a troca de partido do governador Tarcísio de Freitas. “Tarcísio falou para mim que virá para o nosso partido lá para junho e agora estão todos ansiosos”, declarou Valdemar. “Ele está fazendo campanha para os candidatos do Republicanos em São Paulo e entendemos isso. Faz muito bem. Precisa ajudar o partido que o elegeu. Mas o lugar do Tarcísio é no PL”.

O cacique do PL não deixa de ter razão que o lugar do governador é o seu partido. Afinal, Tarcísio assinou a ficha de filiação ao Republicanos ao final do prazo requerido pela lei, e seguiu a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro, após uma reunião no Palácio do Planalto. A ideia original, no entanto, era filiar o então ministro à agremiação liberal. Mas Bolsonaro preferiu agradar outros partidos aliados quando decidiu o destino de seus candidatos mais próximos.

Oficialmente, porém, nada acontecerá antes do pleito de outubro. Ontem mesmo, Tarcísio deu a seguinte declaração: “Estou muito bem no Republicanos e os dois partidos vão caminhar juntos nas eleições municipais no Estado de São Paulo”. Depois da apuração, porém, a troca de agremiação deve começar a ocorrer.

O governador ganha muito ao entrar para o PL, um partido muito maior, com estrutura roubusta e dono de um naco gigantesco do Fundo Eleitoral. Além disso, trata-se da maior sigla do país, com 13 senadores e 94 deputados federais (contra 43 do Republicanos), e a única que consegue competir com o PT em termos de tamanho. Esse também é um partido que age em bloco e que pode ajudar bastante os planos do governador em 2026, seja de reeleição ou para concorrer à presidência.

Ao se filiar ao PL, no entanto, Tarcísio inevitavelmente vai aumentar sua identificação com o bolsonarismo. Ele, sem dúvida, é uma cria deste ninho. Mas seu alcance político sempre foi mais amplo que os domínios bolsonaristas, agradando bastante os eleitores centristas com uma mistura de conservadorismo e tecnocracia.

Se ficar onde está, Tarcísio não perderá um só voto. Mas, ao identificar-se ainda mais com Bolsonaro, pode criar indisposições com o eleitorado de Centro que não suporta o ex-presidente. De qualquer forma, o governador não toma decisões baseado apenas em seus impulsos. Por isso, deve ter encomendado alguma pesquisa para verificar se os eleitores iriam aprovar ou desaprovar sua troca de agremiação.

Esse troca-troca mostra também o quão frágil é a estrutura partidária brasileira. Por aqui, há poucas siglas que têm forte unidade em relação a um programa ou uma ideologia. Mesmo assim, quando surge algum partido com ideário forte e arraigado entre os filiados, disputas internas acabam por desfigurar a identidade política da agremiação. O que aconteceu com o Novo é um exemplo disso.

Voltando a Tarcísio: ninguém deve esperar uma decisão por parte do governador em relação ao seu futuro neste ano. A atenção dele, agora, é para as eleições municipais, com destaque para a cidade São Paulo, onde apoia o prefeito Ricardo Nunes em sua campanha para reeleição. O restante do ano deverá ser dedicado à costura política de apoio junto aos prefeitos eleitos e eventualmente à troca de partido político.

Em 2025, entretanto, Tarcísio precisará definir o seu rumo. Sua vontade é permanecer no Palácio dos Bandeirantes por mais um mandato. Afinal, ele tem apenas 48 anos. Ocorre que as chances de Jair Bolsonaro continuar inelegível até 2030 são altíssimas – e a possibilidade de uma anistia via Congresso não parece ser provável. Neste caso, a probabilidade de Tarcísio ser convocado pela oposição para ser candidato é altíssima. Mas, para obter sucesso, precisa calibrar seu discurso oposicionista, que cairia como uma luva para um eleitorado que parece estar insatisfeito com o governo.

Com uma estrutura como a do PL em suas mãos, sua possibilidade de ser escutado em todo o país é significativa, especialmente se levarmos em conta a capacidade Valdemar em costurar acordos regionais. Ao se unir aos liberais, o governador de São Paulo entra fortalecido na corrida presidencial – e deve incomodar muito o PT daqui a dois anos.

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