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Ciumeira do Planalto: a bola da vez é Rodrigo Pacheco

Em política, a guerra se ganha aos poucos, acumulando pequenas vitórias. Mas o governo parece considerar cada pequena batalha conflito seminal e definitivo

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, durante entrevista coletiva no Congresso (Adriano Machado/Reuters)
BG

Bibiana Guaraldi

Publicado em 15 de abril de 2021 às 12h48.

Já faz pelo menos dez dias que o nome do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco , vem sendo comentado pelos empresários como um possível postulante às eleições presidenciais de 2022 . Jeitoso, articulador e determinado, Pacheco se firma como uma liderança que se sobressai no Parlamento. Aliado do governo, tem bom senso para não acatar tudo o que lhe é pedido pelo Planalto. Além de ser um nome novo, poderia ter maior apelo junto ao eleitorado nordestino do que os candidatos de centro que já estão se movimentando no tabuleiro partidário, como Luciano Huck, Luiz Henrique Mandetta, João Doria e Eduardo Leite.

O zunzunzum em torno de uma eventual candidatura do senador (lembremos: ainda estamos em abril de 2021) foi o suficiente para azedar os ânimos no núcleo duro do governo em direção à presidência do Senado. Segundo a colunista Bela Mengale, de O Globo, assessores do Planalto entendem que Pacheco poderia ter esperado a votação do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a liminar do ministro Luís Barroso antes de abrir a CPI da Pandemia (daria na mesma; a instalação da CPI ganhou por um placar de dez a um). Esse gesto, assim, seria a comprovação de que o senador aproveitou as circunstâncias para testar o próprio nome em direção a voos mais altos – uma vice candidatura ou mesmo a cabeça de uma chapa no ano que vem.

Agir impulsivamente, deixando que as emoções tomem conta de si na hora de proferir um comentário sobre algo que incomoda é um pecado mortal em Brasília. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro e sua trupe continuam repetindo esse comportamento. O deputado Ulysses Guimarães tinha uma frase famosa sobre esse tipo de atitude: “Não se pode fazer política com o fígado. A Pátria não é capanga de idiossincrasias pessoais”.

Ulysses e outras raposas felpudas do passado, como Tancredo Neves, Petrônio Portela e Antônio Carlos Magalhães engoliriam a raiva e acionariam o modo “dissimulação”, dando corda para que o adversário se enforcasse sozinho.

Em política, a guerra se ganha aos poucos, acumulando pequenas vitórias. Mas o governo parece considerar cada pequena batalha um conflito seminal e definitivo. Por isso, ao enxergar (ou achar que está enxergando) qualquer movimento nas trincheiras adversárias (ou amigas), parte para o ataque.

Trata-se de uma administração que gasta boa parte de seu tempo brigando com a imprensa e falando mal de jornalistas. Curiosamente, porém, ao primeiro sinal de insatisfação com alguém, seja inimigo ou aliado, os assessores palacianos acionam seus contatos nas redações para disseminar o seu lado da história.

Voltando a Rodrigo Pacheco: uma boa parte do empresariado quer um nome competitivo para 2022. É um grupo que ganha corpo a olhos vistos, engajado na tese de que não se pode chegar a um segundo turno dividido entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.

Para esses homens de negócios, o estilo conflituoso de Bolsonaro e a atuação durante a pandemia serviram para mostrar que o presidente está aquém das necessidades de seu cargo. Ao mesmo tempo, este contingente do empresariado não quer nem ouvir falar no nome de Lula, diante das propostas econômicas que o PT deve trazer à mesa e do histórico de corrupção envolvendo os petistas. Além do mais, representantes deste grupo se preocupam sobremaneira com a imagem do Brasil no exterior. Consideram que Bolsonaro está prejudicando a percepção que os estrangeiros têm do país, mas igualmente acreditam que a volta de Lula pode também nos colocar em outro tipo de berlinda.

Diante da possibilidade de chegarmos a uma situação do tipo “ruim com ele, pior sem ele”, o eleitorado corporativo busca com avidez uma solução, já que também não vê com entusiasmo o nome de Ciro Gomes. Rodrigo Pacheco, neste cenário, torna-se uma opção palatável. Mas, antes que o senador se firme como uma alternativa viável, é preciso saber se ele teria de fato potencial eleitoral nacional – ou se ficaria no mesmo patamar de Doria, Mandetta e Huck.

O centro e os empresários, hoje, buscam alguém com o perfil do presidente Tancredo Neves. Um grande costurador de alianças nos bastidores que se transforme em orador carismático quando for necessário. Que tenha a sensibilidade para esfriar os ânimos quando é preciso e saiba botar fogo em uma plateia com um discurso bem articulado. Que consiga se destacar sem apelar para os extremos e sensibilizar a maior parte do eleitorado brasileiro, que sempre vai de acordo com os ventos políticos (a essa altura do campeonato, temos muita gente que já votou, por exemplo, em Lula no ano de 2006 e em Bolsonaro dois anos atrás). Contudo, se os empresários apostarem em alguém com uma abordagem morna, a chance de repetir o fiasco de Geraldo Alckmin em 2018 será enorme.

Rodrigo Pacheco será o candidato ideal? Ainda é cedo para saber. Mas Pacheco, conduzido à Câmara Alta em 2018, tem ainda muito tempo para decidir o que deseja fazer, com um conforto adicional: estará na presidência do Senado até o início de 2023 e tem mandato até 2026.

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O zunzunzum em torno de uma eventual candidatura do senador (lembremos: ainda estamos em abril de 2021) foi o suficiente para azedar os ânimos no núcleo duro do governo em direção à presidência do Senado. Segundo a colunista Bela Mengale, de O Globo, assessores do Planalto entendem que Pacheco poderia ter esperado a votação do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a liminar do ministro Luís Barroso antes de abrir a CPI da Pandemia (daria na mesma; a instalação da CPI ganhou por um placar de dez a um). Esse gesto, assim, seria a comprovação de que o senador aproveitou as circunstâncias para testar o próprio nome em direção a voos mais altos – uma vice candidatura ou mesmo a cabeça de uma chapa no ano que vem.

Agir impulsivamente, deixando que as emoções tomem conta de si na hora de proferir um comentário sobre algo que incomoda é um pecado mortal em Brasília. Mesmo assim, o presidente Jair Bolsonaro e sua trupe continuam repetindo esse comportamento. O deputado Ulysses Guimarães tinha uma frase famosa sobre esse tipo de atitude: “Não se pode fazer política com o fígado. A Pátria não é capanga de idiossincrasias pessoais”.

Ulysses e outras raposas felpudas do passado, como Tancredo Neves, Petrônio Portela e Antônio Carlos Magalhães engoliriam a raiva e acionariam o modo “dissimulação”, dando corda para que o adversário se enforcasse sozinho.

Em política, a guerra se ganha aos poucos, acumulando pequenas vitórias. Mas o governo parece considerar cada pequena batalha um conflito seminal e definitivo. Por isso, ao enxergar (ou achar que está enxergando) qualquer movimento nas trincheiras adversárias (ou amigas), parte para o ataque.

Trata-se de uma administração que gasta boa parte de seu tempo brigando com a imprensa e falando mal de jornalistas. Curiosamente, porém, ao primeiro sinal de insatisfação com alguém, seja inimigo ou aliado, os assessores palacianos acionam seus contatos nas redações para disseminar o seu lado da história.

Voltando a Rodrigo Pacheco: uma boa parte do empresariado quer um nome competitivo para 2022. É um grupo que ganha corpo a olhos vistos, engajado na tese de que não se pode chegar a um segundo turno dividido entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.

Para esses homens de negócios, o estilo conflituoso de Bolsonaro e a atuação durante a pandemia serviram para mostrar que o presidente está aquém das necessidades de seu cargo. Ao mesmo tempo, este contingente do empresariado não quer nem ouvir falar no nome de Lula, diante das propostas econômicas que o PT deve trazer à mesa e do histórico de corrupção envolvendo os petistas. Além do mais, representantes deste grupo se preocupam sobremaneira com a imagem do Brasil no exterior. Consideram que Bolsonaro está prejudicando a percepção que os estrangeiros têm do país, mas igualmente acreditam que a volta de Lula pode também nos colocar em outro tipo de berlinda.

Diante da possibilidade de chegarmos a uma situação do tipo “ruim com ele, pior sem ele”, o eleitorado corporativo busca com avidez uma solução, já que também não vê com entusiasmo o nome de Ciro Gomes. Rodrigo Pacheco, neste cenário, torna-se uma opção palatável. Mas, antes que o senador se firme como uma alternativa viável, é preciso saber se ele teria de fato potencial eleitoral nacional – ou se ficaria no mesmo patamar de Doria, Mandetta e Huck.

O centro e os empresários, hoje, buscam alguém com o perfil do presidente Tancredo Neves. Um grande costurador de alianças nos bastidores que se transforme em orador carismático quando for necessário. Que tenha a sensibilidade para esfriar os ânimos quando é preciso e saiba botar fogo em uma plateia com um discurso bem articulado. Que consiga se destacar sem apelar para os extremos e sensibilizar a maior parte do eleitorado brasileiro, que sempre vai de acordo com os ventos políticos (a essa altura do campeonato, temos muita gente que já votou, por exemplo, em Lula no ano de 2006 e em Bolsonaro dois anos atrás). Contudo, se os empresários apostarem em alguém com uma abordagem morna, a chance de repetir o fiasco de Geraldo Alckmin em 2018 será enorme.

Rodrigo Pacheco será o candidato ideal? Ainda é cedo para saber. Mas Pacheco, conduzido à Câmara Alta em 2018, tem ainda muito tempo para decidir o que deseja fazer, com um conforto adicional: estará na presidência do Senado até o início de 2023 e tem mandato até 2026.

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