As habilidades que ganharam importância depois da Pandemia
As empresas passaram a prestar mais atenção na capacidade de comunicação dos candidatos que desejam entrar para seu rol de colaboradores, por exemplo
Da Redação
Publicado em 27 de setembro de 2021 às 17h22.
Última atualização em 27 de setembro de 2021 às 17h23.
Por: Aluízio Falcão Filho
Neste final de semana, uma pesquisa publicada pelo Datafolha mostra que 80% dos brasileiros acreditam que a Pandemia está “domada”. Na prática, isso quer dizer que quatro quintos da população têm a convicção de que a Covid-19 está sob controle. Na cidade de São Paulo, percebe-se que esses números refletem a realidade. O trânsito voltou praticamente à normalidade (os horários mais flexíveis, no entanto, melhoraram os gargalos da hora do rush) e restaurantes estão lotados.
Neste momento, muitos começam a pensar nos legados da pandemia – além do uso de máscaras como um hábito que será utilizado por muitos brasileiros, seguindo um costume que os orientais cultivam já muito tempo.
Dentro do mundo corporativo, um ponto começa a surgir. As empresas passaram a prestar mais atenção na capacidade de comunicação dos candidatos que desejam entrar para seu rol de colaboradores. Antes da pandemia, as reuniões poderiam ser classificadas como improdutivas: muitas conversas paralelas, elocubrações que desviavam o foco inicial e exposições prolixas atrapalhavam o resultado final destes encontros.
Ninguém, porém, se preocupava muito com isso.
Com a pandemia e a popularização das ferramentas de reuniões virtuais, tudo mudou. Pessoas com baixa capacidade de comunicação passaram a ser preteridas nas eventuais promoções ou então foram limadas em vários processos seletivos. De uma hora para outra, o poder da oratória ganhou um peso muito maior.
Mas o mundo não passou a ser daqueles que apenas sabem falar, mas não têm consistência (como o personagem do programa “Escolinha do Professor Raimundo”, o político Rolando Lero). As chefias estão atentas para esse tipo de coisa. Os tempos em que gerentes e diretores eram facilmente engabelados pela lábia alheia acabaram.
A videoconferência surgiu para trazer objetividade e rapidez às reuniões. Isso está migrando para os encontros presenciais. Pode checar: antes, todos faziam muitas reuniões ao dia e cada uma delas durava no mínimo uma hora. Agora, o número é menor e sua duração idem. Ninguém aguenta mais encarar uma conversa mole.
Neste ponto em especial, os brasileiros estão anos-luz atrás dos americanos, que têm matérias como oratória e debates nos currículos escolares. Essas disciplinas ajudam os alunos a entender a importância que existe em uma boa comunicação e em uma boa argumentação.
Muitas mentorias de empresas começam a colocar esses tópicos em seus programas de conteúdo. Um processo recente, aberto para a Coca-Cola apenas para mulheres, oferece às candidatas o seguinte: autoconhecimento, criação de currículo, desenvolvimento de comunicação e oratória, gestão de tempo e desenvolvimento de perfil no LinkedIn. O gigante de bebidas não está sozinho nesta busca por profissionais que tenham o dom da palavra ou desejam melhorá-lo. Quem expõe bem seu ponto de vista é um vendedor em potencial ou pode exercer liderança com mais facilidade que aqueles que são limitados pela introspecção.
Por isso, se você deixa a desejar no quesito “comunicação”, dedique-se mais a desenvolvê-lo. Sua próxima contratação pode depender disso. Isto é, se você quiser aceitar a oferta de trabalhar que lhe fizeram. Mas isso vai depender, evidentemente, de sua vontade como aspirante a um determinado cargo – nos último tempos, para surpresa de muitos profissionais de recursos humanos, os candidatos passaram a olhar novas ofertas com muito cuidado.
O CEO de uma grande empresa de recrutamento de executivos, na semana passada, se queixava que estava com a posição de principal executivo de uma multinacional aberta há quase um mês. A negociação foi, em duas ocasiões, até os mínimos detalhes de remuneração. Mas os dois candidatos desistiram da oferta e ficaram onde estavam.
A pandemia deixou uma parte significativa dos executivos mais serena – e outros mais ciosos de algumas mudanças, como deixar o Home Office. Nos dois casos relatados, entre as justificativas para desdenhar o cargo oferecido estava a exigência de abandonar o trabalho em casa.
Essa será a tônica daqui para frente: em vários casos, o candidato é quem entrevistará o recrutador, e não o contrário. Ou seja, o mercado mudou e procura por um novo perfil de profissional. Mas, ao mesmo tempo, os profissionais foram transformados pela pandemia – e procuram por novos tipos de empresa.
Por: Aluízio Falcão Filho
Neste final de semana, uma pesquisa publicada pelo Datafolha mostra que 80% dos brasileiros acreditam que a Pandemia está “domada”. Na prática, isso quer dizer que quatro quintos da população têm a convicção de que a Covid-19 está sob controle. Na cidade de São Paulo, percebe-se que esses números refletem a realidade. O trânsito voltou praticamente à normalidade (os horários mais flexíveis, no entanto, melhoraram os gargalos da hora do rush) e restaurantes estão lotados.
Neste momento, muitos começam a pensar nos legados da pandemia – além do uso de máscaras como um hábito que será utilizado por muitos brasileiros, seguindo um costume que os orientais cultivam já muito tempo.
Dentro do mundo corporativo, um ponto começa a surgir. As empresas passaram a prestar mais atenção na capacidade de comunicação dos candidatos que desejam entrar para seu rol de colaboradores. Antes da pandemia, as reuniões poderiam ser classificadas como improdutivas: muitas conversas paralelas, elocubrações que desviavam o foco inicial e exposições prolixas atrapalhavam o resultado final destes encontros.
Ninguém, porém, se preocupava muito com isso.
Com a pandemia e a popularização das ferramentas de reuniões virtuais, tudo mudou. Pessoas com baixa capacidade de comunicação passaram a ser preteridas nas eventuais promoções ou então foram limadas em vários processos seletivos. De uma hora para outra, o poder da oratória ganhou um peso muito maior.
Mas o mundo não passou a ser daqueles que apenas sabem falar, mas não têm consistência (como o personagem do programa “Escolinha do Professor Raimundo”, o político Rolando Lero). As chefias estão atentas para esse tipo de coisa. Os tempos em que gerentes e diretores eram facilmente engabelados pela lábia alheia acabaram.
A videoconferência surgiu para trazer objetividade e rapidez às reuniões. Isso está migrando para os encontros presenciais. Pode checar: antes, todos faziam muitas reuniões ao dia e cada uma delas durava no mínimo uma hora. Agora, o número é menor e sua duração idem. Ninguém aguenta mais encarar uma conversa mole.
Neste ponto em especial, os brasileiros estão anos-luz atrás dos americanos, que têm matérias como oratória e debates nos currículos escolares. Essas disciplinas ajudam os alunos a entender a importância que existe em uma boa comunicação e em uma boa argumentação.
Muitas mentorias de empresas começam a colocar esses tópicos em seus programas de conteúdo. Um processo recente, aberto para a Coca-Cola apenas para mulheres, oferece às candidatas o seguinte: autoconhecimento, criação de currículo, desenvolvimento de comunicação e oratória, gestão de tempo e desenvolvimento de perfil no LinkedIn. O gigante de bebidas não está sozinho nesta busca por profissionais que tenham o dom da palavra ou desejam melhorá-lo. Quem expõe bem seu ponto de vista é um vendedor em potencial ou pode exercer liderança com mais facilidade que aqueles que são limitados pela introspecção.
Por isso, se você deixa a desejar no quesito “comunicação”, dedique-se mais a desenvolvê-lo. Sua próxima contratação pode depender disso. Isto é, se você quiser aceitar a oferta de trabalhar que lhe fizeram. Mas isso vai depender, evidentemente, de sua vontade como aspirante a um determinado cargo – nos último tempos, para surpresa de muitos profissionais de recursos humanos, os candidatos passaram a olhar novas ofertas com muito cuidado.
O CEO de uma grande empresa de recrutamento de executivos, na semana passada, se queixava que estava com a posição de principal executivo de uma multinacional aberta há quase um mês. A negociação foi, em duas ocasiões, até os mínimos detalhes de remuneração. Mas os dois candidatos desistiram da oferta e ficaram onde estavam.
A pandemia deixou uma parte significativa dos executivos mais serena – e outros mais ciosos de algumas mudanças, como deixar o Home Office. Nos dois casos relatados, entre as justificativas para desdenhar o cargo oferecido estava a exigência de abandonar o trabalho em casa.
Essa será a tônica daqui para frente: em vários casos, o candidato é quem entrevistará o recrutador, e não o contrário. Ou seja, o mercado mudou e procura por um novo perfil de profissional. Mas, ao mesmo tempo, os profissionais foram transformados pela pandemia – e procuram por novos tipos de empresa.