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A turma do corpo mole versão 2.0

Segundo postagens no Linkedin, não vale a pena se matar por uma empresa, especialmente porque sua vaga pode ser oferecida a outra pessoa

Funcionário: afinal, o que significa ser um membro "acomodado" na empresa? (Foto/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2022 às 15h57.

O LinkedIn começa a apresentar uma série de posts de pessoas inconformadas com o grau de estresse gerado pelo trabalho. Segundo essas postagens, não vale a pena se matar por uma empresa, especialmente porque sua vaga pode ser oferecida a outra pessoa em questão de minutos. Essas mensagens partem de indivíduos de diferentes idades, homens e mulheres – e de todas as classes sociais. É como se houvesse uma revolta ao trabalho duro e uma contestação ao conceito de que, para ser bem-sucedido na vida, é preciso se destacar pela dedicação extrema à atividade profissional. Na semana passada, para deixar o assunto mais fervilhante em minha mente, ouvi uma entrevista sobre estresse no rádio. A locutora, ao introduzir a especialista que seria ouvida, disse que muita gente passava por um processo de exaustão “porque existe essa obsessão de se ficar rico”.

Antes de mais nada, três constatações. A primeira: empresas não são benevolentes por natureza e também não são fiéis aos seus colaboradores. Se um determinado trabalho não for bem executado, o responsável ser trocado sem dó nem piedade. A segunda: qualquer atividade profissional gera algum tipo de tensão ou é cercada de estresse. Por fim, qualquer função corporativa (ou empreendedora) é acompanhada de alguma atividade chata. Portanto, algum grau de frustração faz parte do dia a dia das empresas.

Existe ainda, um outro fator estressante: a convivência com outros seres humanos. Quanto mais se sobe em uma hierarquia, maior será a pressão de colegas que são seus pares e não querem que você seja melhor que eles. Ou de chefes que desejam manter seus subordinados confinados no quadradinho abaixo deles. E ainda temos aqueles subalternos que estão de olho em sua posição. Todos os colegas de trabalho são assim? É evidente que não. Mas basta alguns parceiros com espírito competitivo além da conta para fazer a vida corporativa algo infernal.

Podemos também enumerar mais um quesito que pode tirar o sono: a autocobrança. Somos, muitas vezes, nossos piores algozes em termos de avaliação. Há pessoas que são extremamente exigentes consigo mesmas e nunca se sentem satisfeitas com suas realizações.

Portanto, a vida corporativa não é algo fácil. E pode ser cruel.

Mas esse é um argumento suficiente para largar tudo e procurar uma vida pacata e sem desafios? Talvez isso funcione para quem queira um emprego em vez de um trabalho de verdade. Se o contracheque é a coisa mais importante que uma empresa tem a oferecer, então talvez seja melhor mesmo pedir demissão. Mas isso não quer dizer que o melhor caminho seja buscar uma vida sem estresse. Talvez aquele trabalho em si não seja adequado ou não traga satisfação – mas outra função possa ser gratificante e trazer realizações.

Percebe-se que uma parcela significativa de jovens, hoje, não aceita condições de estresse que uma empresa vai oferecer. Mas dificilmente essa característica vai sumir das companhias (das pequenas às grandes corporações). É por isso que há, nos Estados Unidos, um fenômeno interessante: empreendedores que buscam a iniciativa privada em busca de maior qualidade de vida. Mas, quando você é o seu próprio patrão, tem de lidar com clientes, obrigações fiscais e uma indesejável burocracia que vem acoplada a qualquer negócio.

Viver sem estresse é viver sem desafios.

E uma vida sem desafios é monótona e previsível. Conquistas são fruto de sacrifícios e esforços que muitas vezes parecem descomunais. São dificuldades que temperam a satisfação de quem supera obstáculos. Será possível viver sem buscar por novas proezas e superações? Para alguns, pelo jeito, é. Mas, neste caso, essas pessoas estarão condenadas a uma vida de monotonia, tédio e enfado.

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O LinkedIn começa a apresentar uma série de posts de pessoas inconformadas com o grau de estresse gerado pelo trabalho. Segundo essas postagens, não vale a pena se matar por uma empresa, especialmente porque sua vaga pode ser oferecida a outra pessoa em questão de minutos. Essas mensagens partem de indivíduos de diferentes idades, homens e mulheres – e de todas as classes sociais. É como se houvesse uma revolta ao trabalho duro e uma contestação ao conceito de que, para ser bem-sucedido na vida, é preciso se destacar pela dedicação extrema à atividade profissional. Na semana passada, para deixar o assunto mais fervilhante em minha mente, ouvi uma entrevista sobre estresse no rádio. A locutora, ao introduzir a especialista que seria ouvida, disse que muita gente passava por um processo de exaustão “porque existe essa obsessão de se ficar rico”.

Antes de mais nada, três constatações. A primeira: empresas não são benevolentes por natureza e também não são fiéis aos seus colaboradores. Se um determinado trabalho não for bem executado, o responsável ser trocado sem dó nem piedade. A segunda: qualquer atividade profissional gera algum tipo de tensão ou é cercada de estresse. Por fim, qualquer função corporativa (ou empreendedora) é acompanhada de alguma atividade chata. Portanto, algum grau de frustração faz parte do dia a dia das empresas.

Existe ainda, um outro fator estressante: a convivência com outros seres humanos. Quanto mais se sobe em uma hierarquia, maior será a pressão de colegas que são seus pares e não querem que você seja melhor que eles. Ou de chefes que desejam manter seus subordinados confinados no quadradinho abaixo deles. E ainda temos aqueles subalternos que estão de olho em sua posição. Todos os colegas de trabalho são assim? É evidente que não. Mas basta alguns parceiros com espírito competitivo além da conta para fazer a vida corporativa algo infernal.

Podemos também enumerar mais um quesito que pode tirar o sono: a autocobrança. Somos, muitas vezes, nossos piores algozes em termos de avaliação. Há pessoas que são extremamente exigentes consigo mesmas e nunca se sentem satisfeitas com suas realizações.

Portanto, a vida corporativa não é algo fácil. E pode ser cruel.

Mas esse é um argumento suficiente para largar tudo e procurar uma vida pacata e sem desafios? Talvez isso funcione para quem queira um emprego em vez de um trabalho de verdade. Se o contracheque é a coisa mais importante que uma empresa tem a oferecer, então talvez seja melhor mesmo pedir demissão. Mas isso não quer dizer que o melhor caminho seja buscar uma vida sem estresse. Talvez aquele trabalho em si não seja adequado ou não traga satisfação – mas outra função possa ser gratificante e trazer realizações.

Percebe-se que uma parcela significativa de jovens, hoje, não aceita condições de estresse que uma empresa vai oferecer. Mas dificilmente essa característica vai sumir das companhias (das pequenas às grandes corporações). É por isso que há, nos Estados Unidos, um fenômeno interessante: empreendedores que buscam a iniciativa privada em busca de maior qualidade de vida. Mas, quando você é o seu próprio patrão, tem de lidar com clientes, obrigações fiscais e uma indesejável burocracia que vem acoplada a qualquer negócio.

Viver sem estresse é viver sem desafios.

E uma vida sem desafios é monótona e previsível. Conquistas são fruto de sacrifícios e esforços que muitas vezes parecem descomunais. São dificuldades que temperam a satisfação de quem supera obstáculos. Será possível viver sem buscar por novas proezas e superações? Para alguns, pelo jeito, é. Mas, neste caso, essas pessoas estarão condenadas a uma vida de monotonia, tédio e enfado.

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