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A torcida do contra

Com a vitória de Lula, enfrentamos uma polarização nunca vista antes, com direito a manifestações em estradas, em frente a quartéis e até em Nova York

Vista aérea de pessoas esperando na fila para votar durante o dia das eleições gerais no CIEP Ayrton Senna ao lado da Favela da Rocinha em 2 de outubro de 2022 no Rio de Janeiro, Brasil. (Wagner Meier/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2022 às 16h20.

Jair Bolsonaro foi o primeiro presidente a não desfrutar de uma lua de mel com o público e com a imprensa. O clima de antagonismo criado em 2018 (bem mais leve do que tivemos neste ano) contaminou o início de governo e várias críticas surgiram ainda no começo da nova administração. Em reação, os bolsonaristas reagiram, dizendo que era preciso deixar o Planalto trabalhar. Mais que isso: que Bolsonaro estava pilotando um avião e os brasileiros eram seus passageiros. Portanto, se ficássemos torcendo contra o piloto, todos sairíamos perdendo.

Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, neste ano, enfrentamos uma polarização nunca vista antes nesse país, com direito a Terceiro Turno, com manifestações em estradas, em frente a quartéis e até nas ruas de Nova York. Além disso, já ouvimos críticas ao processo de transição e sua respectiva equipe – e a certas declarações descuidadas do presidente eleito, como fazer pouco da estabilidade fiscal. Diante disso, os apoiadores do novo governo estão lembrando que é preciso deixar a nova autoridade trabalhar. Esse mesmo grupo ainda argumenta que se Lula falhar, o país é quem sofrerá as consequências. Por isso, torcer contra seria um contrassenso.

Dessa forma, vemos um quadro que deve se repetir: um começo de governo atacado por críticas e pouca lua de mel. Além disso, é de se esperar uma oposição feroz no Congresso e muita gente rezando pelo fracasso petista. Ué, mas essas não eram as mesmas pessoas que condenavam quem desejava o revés da administração que assumiu em 2019?

No fundo, estamos perdendo nossa capacidade de raciocinar e refletir. Agimos emocionalmente e ouvimos a nossa vontade em vez da lógica antes de nos debruçarmos sobre qualquer assunto político. Em várias, ocasiões, já temos uma opinião formada sobre um fato antes mesmo que ele se materialize à nossa frente.

Isso nos transforma em uma nação de pessoas que não debatem, apenas brigam e discutem. Tomemos esses protestos em Nova York. Há dois tipos de manifestação. O primeiro é a concentração de pessoas que gritam palavras de ordem e apupos; o segundo é a abordagem de pessoas, com celulares em punho. Acredito que as pessoas tenham todo o direito de se manifestar pacificamente – mas tenho enormes reservas quando a constranger alguém em público, gravando o acontecimento, e fazer questionamentos agressivos. Parece que existe apenas um objetivo: lacrar e intimidar.

Esse tipo de agressividade pode ser perigoso, pois é escalável. Por enquanto causa apenas constrangimento e discussões de rua. Mas já vemos um cenário mais complicado. Uma ONG de educação mantida pela esquerda em Caruaru, Pernambuco, foi pichada neste feriado e a casa da coordenadora dessa iniciativa foi incendiada. Além disso, no interior, correm listas de boicote a estabelecimentos comerciais que seriam pertencentes a comunistas. Vamos pensar um pouco: desde quando empreendedores são a favor da ideologia comunista?

Nos últimos tempos, parece que muitos brasileiros resolveram expor uma agressividade que antes ficava represada – e isso ocorre dos dois lados, com maioria para os bolsonaristas. Essa hostilidade pode ser facilmente comutada pela violência. E, neste caso, podemos ter consequências nefastas para toda a sociedade.

Jair Bolsonaro foi o primeiro presidente a não desfrutar de uma lua de mel com o público e com a imprensa. O clima de antagonismo criado em 2018 (bem mais leve do que tivemos neste ano) contaminou o início de governo e várias críticas surgiram ainda no começo da nova administração. Em reação, os bolsonaristas reagiram, dizendo que era preciso deixar o Planalto trabalhar. Mais que isso: que Bolsonaro estava pilotando um avião e os brasileiros eram seus passageiros. Portanto, se ficássemos torcendo contra o piloto, todos sairíamos perdendo.

Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, neste ano, enfrentamos uma polarização nunca vista antes nesse país, com direito a Terceiro Turno, com manifestações em estradas, em frente a quartéis e até nas ruas de Nova York. Além disso, já ouvimos críticas ao processo de transição e sua respectiva equipe – e a certas declarações descuidadas do presidente eleito, como fazer pouco da estabilidade fiscal. Diante disso, os apoiadores do novo governo estão lembrando que é preciso deixar a nova autoridade trabalhar. Esse mesmo grupo ainda argumenta que se Lula falhar, o país é quem sofrerá as consequências. Por isso, torcer contra seria um contrassenso.

Dessa forma, vemos um quadro que deve se repetir: um começo de governo atacado por críticas e pouca lua de mel. Além disso, é de se esperar uma oposição feroz no Congresso e muita gente rezando pelo fracasso petista. Ué, mas essas não eram as mesmas pessoas que condenavam quem desejava o revés da administração que assumiu em 2019?

No fundo, estamos perdendo nossa capacidade de raciocinar e refletir. Agimos emocionalmente e ouvimos a nossa vontade em vez da lógica antes de nos debruçarmos sobre qualquer assunto político. Em várias, ocasiões, já temos uma opinião formada sobre um fato antes mesmo que ele se materialize à nossa frente.

Isso nos transforma em uma nação de pessoas que não debatem, apenas brigam e discutem. Tomemos esses protestos em Nova York. Há dois tipos de manifestação. O primeiro é a concentração de pessoas que gritam palavras de ordem e apupos; o segundo é a abordagem de pessoas, com celulares em punho. Acredito que as pessoas tenham todo o direito de se manifestar pacificamente – mas tenho enormes reservas quando a constranger alguém em público, gravando o acontecimento, e fazer questionamentos agressivos. Parece que existe apenas um objetivo: lacrar e intimidar.

Esse tipo de agressividade pode ser perigoso, pois é escalável. Por enquanto causa apenas constrangimento e discussões de rua. Mas já vemos um cenário mais complicado. Uma ONG de educação mantida pela esquerda em Caruaru, Pernambuco, foi pichada neste feriado e a casa da coordenadora dessa iniciativa foi incendiada. Além disso, no interior, correm listas de boicote a estabelecimentos comerciais que seriam pertencentes a comunistas. Vamos pensar um pouco: desde quando empreendedores são a favor da ideologia comunista?

Nos últimos tempos, parece que muitos brasileiros resolveram expor uma agressividade que antes ficava represada – e isso ocorre dos dois lados, com maioria para os bolsonaristas. Essa hostilidade pode ser facilmente comutada pela violência. E, neste caso, podemos ter consequências nefastas para toda a sociedade.

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