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A eleição de Pacheco traz alívio a Lula e a Moraes

Os bastidores, no entanto, não foram nada calmos

(Edilson Rodrigues/Agência Senado)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 19h49.

Ao término do primeiro turno da eleição de 2022, muitos analistas enxergaram na nova composição do Senado Federal um problema para o eventual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O perfil dos 27 senadores eleitos era claramente mais conservador e isso poderia mudar o equilibro de forças políticas na Câmara Alta. Ontem, porém, viu-se que essa análise foi precipitada. Rodrigo Pacheco foi reconduzido à presidência da Casa com uma votação tranquila: 49 votos contra 32 de Rogério Marinho, que representava a corrente ideológica do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os bastidores dessa eleição, no entanto, não foram nada calmos. Desde o final da semana passada, a candidatura de Marinho começou a encorpar, assustando os apoiadores de Pacheco. Após algumas defecções e ameaças de deserção, o governo entrou em campo e ofereceu a moeda de troca favorita dos políticos brasileiros: cargos de segundo e de terceiro escalão. Com esse movimento, Lula sacramentou a vitória de seu candidato, que obteve um triunfo confortável, mas não acachapante, como ocorreu na Câmara Federal, com a recondução de Arthur Lira à presidência.

A julgar pelo placar final, houve traições dos dois lados, mas Rogério Marinho levou a pior em termos de votos prometidos e não efetivados. A oposição estava esperando uma votação mínima de 38 votos – e sonhando com um êxito que não se concretizou. No final, o resultado trouxe alívio a Lula e ao Supremo Tribunal Federal – em especial, ao ministro Alexandre de Moraes.

Na Câmara Federal, nenhuma surpresa. Os 464 sufrágios obtidos por Lira cravaram um recorde entre as eleições para a presidência da mesa diretora. Esse número é um pouco inferior ao sonhado pelo presidente reeleito, que desejava superar a barreira dos 500 votos, mas é suficiente para mostrar que Arthur Lira tem um comando inquestionável não somente do Centrão como de outras correntes políticas.

Na eleição do Senado, há um perdedor visível: o ex-presidente Jair Bolsonaro, que tentou turbinar a candidatura Marinho e se lançou inclusive a cabalar votos pelo telefone. Esse empenho elevou as chances de seu ex-ministro, mas não foi suficiente para derrotar Pacheco. Também foi derrotado com a recondução de Pacheco o grupo de extremistas que conspirou (em silêncio ou com atos de vandalismo) contra a democracia.

O presidente do Senado, em seu discurso de vitória, clamou pelo entendimento. “Os brasileiros precisam voltar a divergir civilizadamente, precisam reconhecer com absoluta sobriedade quando derrotados e precisam respeitar a autoridade das instituições públicas. [..] O papel de incentivar essa postura deve ser assumido primordialmente pelas lideranças políticas brasileiras. Por todas as lideranças políticas brasileiras. O discurso de ódio, o discurso mentiroso, o discurso golpista deve ser desestimulado, desmentido e combatido. [..] Só assim vamos vencer a cultura do ódio, que nos divide e que nos enfraquece”, afirmou Pacheco.

Arthur Lira não ficou atrás – e foi além, atacando quem tramou contra a ordem democrática. Ele disse: “Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar, terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Para aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro haverá o rigor da lei. [..] Aos vândalos e instrumentadores do caos que promoveram o 8 de janeiro passado, eu afirmo: No Brasil, nenhum regime político irá prosperar fora da Democracia. Jamais haverá um Brasil sem eleições livres e representantes escolhidos pelo voto popular. Jamais haverá um Brasil sem liberdade”.

As duas eleições mostram que existe um espírito de cooperação entre Legislativo e Executivo. Mas os parlamentares, de forma geral, não querem submissão. E os discursos de Pacheco e de Lira refletiram essa postura. Mesmo assim, percebe-se que as relações entre o governo petista e o Parlamento não devem ser conflituosas como se previa em 2022.

Em política, como na vida, nada como um dia após o outro.

Ao término do primeiro turno da eleição de 2022, muitos analistas enxergaram na nova composição do Senado Federal um problema para o eventual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O perfil dos 27 senadores eleitos era claramente mais conservador e isso poderia mudar o equilibro de forças políticas na Câmara Alta. Ontem, porém, viu-se que essa análise foi precipitada. Rodrigo Pacheco foi reconduzido à presidência da Casa com uma votação tranquila: 49 votos contra 32 de Rogério Marinho, que representava a corrente ideológica do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Os bastidores dessa eleição, no entanto, não foram nada calmos. Desde o final da semana passada, a candidatura de Marinho começou a encorpar, assustando os apoiadores de Pacheco. Após algumas defecções e ameaças de deserção, o governo entrou em campo e ofereceu a moeda de troca favorita dos políticos brasileiros: cargos de segundo e de terceiro escalão. Com esse movimento, Lula sacramentou a vitória de seu candidato, que obteve um triunfo confortável, mas não acachapante, como ocorreu na Câmara Federal, com a recondução de Arthur Lira à presidência.

A julgar pelo placar final, houve traições dos dois lados, mas Rogério Marinho levou a pior em termos de votos prometidos e não efetivados. A oposição estava esperando uma votação mínima de 38 votos – e sonhando com um êxito que não se concretizou. No final, o resultado trouxe alívio a Lula e ao Supremo Tribunal Federal – em especial, ao ministro Alexandre de Moraes.

Na Câmara Federal, nenhuma surpresa. Os 464 sufrágios obtidos por Lira cravaram um recorde entre as eleições para a presidência da mesa diretora. Esse número é um pouco inferior ao sonhado pelo presidente reeleito, que desejava superar a barreira dos 500 votos, mas é suficiente para mostrar que Arthur Lira tem um comando inquestionável não somente do Centrão como de outras correntes políticas.

Na eleição do Senado, há um perdedor visível: o ex-presidente Jair Bolsonaro, que tentou turbinar a candidatura Marinho e se lançou inclusive a cabalar votos pelo telefone. Esse empenho elevou as chances de seu ex-ministro, mas não foi suficiente para derrotar Pacheco. Também foi derrotado com a recondução de Pacheco o grupo de extremistas que conspirou (em silêncio ou com atos de vandalismo) contra a democracia.

O presidente do Senado, em seu discurso de vitória, clamou pelo entendimento. “Os brasileiros precisam voltar a divergir civilizadamente, precisam reconhecer com absoluta sobriedade quando derrotados e precisam respeitar a autoridade das instituições públicas. [..] O papel de incentivar essa postura deve ser assumido primordialmente pelas lideranças políticas brasileiras. Por todas as lideranças políticas brasileiras. O discurso de ódio, o discurso mentiroso, o discurso golpista deve ser desestimulado, desmentido e combatido. [..] Só assim vamos vencer a cultura do ódio, que nos divide e que nos enfraquece”, afirmou Pacheco.

Arthur Lira não ficou atrás – e foi além, atacando quem tramou contra a ordem democrática. Ele disse: “Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar, terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Para aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro haverá o rigor da lei. [..] Aos vândalos e instrumentadores do caos que promoveram o 8 de janeiro passado, eu afirmo: No Brasil, nenhum regime político irá prosperar fora da Democracia. Jamais haverá um Brasil sem eleições livres e representantes escolhidos pelo voto popular. Jamais haverá um Brasil sem liberdade”.

As duas eleições mostram que existe um espírito de cooperação entre Legislativo e Executivo. Mas os parlamentares, de forma geral, não querem submissão. E os discursos de Pacheco e de Lira refletiram essa postura. Mesmo assim, percebe-se que as relações entre o governo petista e o Parlamento não devem ser conflituosas como se previa em 2022.

Em política, como na vida, nada como um dia após o outro.

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