A corrupção no Brasil, infelizmente, ainda está viva
Desvios de verbas públicas ainda são comuns no Brasil
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2022 às 19h10.
A Polícia Federal, ontem, colocou no xilindró o ex-prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, que havia sido afastado do cargo no dia 11, por conta de uma investigação sobre desvio de verbas públicas para educação e saúde. Duas empresas locais, Litoral e Reauto, receberam R$ 62 milhões em recursos públicos. Mas cerca de R$ 10 milhões desse total foram sacados por seus sócios na boca do caixa, em volumes entre R$ 10 000 e R$ 49 000, com o propósito de não ultrapassar o limite estabelecido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que é de R$ 50.000. Gonçalves recebeu cerca de R$ 23 milhões em verbas do chamado orçamento secreto e é aliado político de Arthur Lira, presidente da Câmara Federal.
Este episódio é importante por duas razões.
A primeira é relacionada com o tamanho das emendas de relator, que ficam anônimas, estimado em R$ 16,8 bilhões. Especialistas do Ministério Público e da Polícia Federal sempre alertaram para o risco de corrupção em torno desse orçamento, não só por conta de seu volume como também pelo anonimato em relação aos deputados que patrocinaram a liberação de verbas. O segundo ponto importante é que ele é a prova viva de que a corrupção continua viva em nosso país — talvez embaixo de um disfarce mais elaborado.
Não é um escândalo do governo federal. Mas trata-se de um caso que pode ser creditado ao Centrão, aliado político do Planalto. E, aqui, cabe uma reflexão: como qualquer administração pode sobreviver hoje sem ter um acordo com esses parlamentares? Jair Bolsonaro só conseguiu alguma estabilidade no Congresso quando se aliou ao grupo liderado por Ciro Nogueira e Arthur Lira. Se eventualmente Luiz Inácio Lula da Silva vier a ser eleito, ele terá igualmente de se aliar aos centristas.
É impressionante como a tentação do dinheiro fácil seduz políticos e seus asseclas. Durante os anos que a Operação Lava-Jato durou, vimos a expiação de políticos e empresários que foram encarcerados por corrupção — sem contar os exageros que fizeram a reputação de pessoas inocentes também ser abalada por prisões arbitrárias. O constrangimento ao qual corrompedores e corrompidos foram expostos — além de suas famílias — assustou quem levava a vida nos subterrâneos do poder.
Durante um determinado período, nenhuma celeuma ligada ao desvio de dinheiro público surgiu, dando uma falsa imagem de probidade dentro do sistema público. Infelizmente, aos poucos, percebeu-se que as falcatruas continuaram a existir por baixo dos panos. Além disso, havia a suspeita de que o orçamento secreto poderia inflar os cambalachos feitos contra o Erário. A conclusão é óbvia: a ambição e a busca pela fortuna fácil ainda mexem com pessoas que preferem correr o risco e embolsar dinheiro público. No episódio alagoano, as evidências são fortes demais. Ninguém saca R$ 10 milhões em espécie sem segundas intenções. E o PT, dirão bolsonaristas e antipetistas? O PT teve a participação no Petrolão (assim como o MDB) comprovada e alguns caciques do partido amargaram um período atrás das grades. Os volumes surrupiados pela Petrobras foram estratosféricos. Mas, em matéria de dinheiro do Estado, roubo é roubo, não importa o tamanho do butim.
Na campanha de 2022, porém, o caso de Rio Largo poderá ser usado pelos petistas para tentar fustigar Bolsonaro. Mas, com o retrospecto da Lava-Jato, que culminou com a prisão de Lula, esse pode ser um caminho perigoso. O fato é que a corrupção, um dos temas que mais preocupavam os eleitores em 2018, deixou de ter tanta relevância. Não deveria ser assim. Esse é um assunto que geralmente é tratado com indignação estudada pelos políticos. Também não deveria ser assim. Deveríamos enxergar esse fenômeno com frieza e combatê-lo com inteligência, regras rígidas e punições exemplares (de acordo com o que diz a lei). É preciso investigar sempre a máquina pública e impedir os abusos em seu nascedouro — mas sempre com bom senso e frieza. Sem espetáculos ou motivações políticas que produzam excesso de elementos dramáticos e exposição desenfreada na imprensa.
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Este episódio é importante por duas razões.
A primeira é relacionada com o tamanho das emendas de relator, que ficam anônimas, estimado em R$ 16,8 bilhões. Especialistas do Ministério Público e da Polícia Federal sempre alertaram para o risco de corrupção em torno desse orçamento, não só por conta de seu volume como também pelo anonimato em relação aos deputados que patrocinaram a liberação de verbas. O segundo ponto importante é que ele é a prova viva de que a corrupção continua viva em nosso país — talvez embaixo de um disfarce mais elaborado.
Não é um escândalo do governo federal. Mas trata-se de um caso que pode ser creditado ao Centrão, aliado político do Planalto. E, aqui, cabe uma reflexão: como qualquer administração pode sobreviver hoje sem ter um acordo com esses parlamentares? Jair Bolsonaro só conseguiu alguma estabilidade no Congresso quando se aliou ao grupo liderado por Ciro Nogueira e Arthur Lira. Se eventualmente Luiz Inácio Lula da Silva vier a ser eleito, ele terá igualmente de se aliar aos centristas.
É impressionante como a tentação do dinheiro fácil seduz políticos e seus asseclas. Durante os anos que a Operação Lava-Jato durou, vimos a expiação de políticos e empresários que foram encarcerados por corrupção — sem contar os exageros que fizeram a reputação de pessoas inocentes também ser abalada por prisões arbitrárias. O constrangimento ao qual corrompedores e corrompidos foram expostos — além de suas famílias — assustou quem levava a vida nos subterrâneos do poder.
Durante um determinado período, nenhuma celeuma ligada ao desvio de dinheiro público surgiu, dando uma falsa imagem de probidade dentro do sistema público. Infelizmente, aos poucos, percebeu-se que as falcatruas continuaram a existir por baixo dos panos. Além disso, havia a suspeita de que o orçamento secreto poderia inflar os cambalachos feitos contra o Erário. A conclusão é óbvia: a ambição e a busca pela fortuna fácil ainda mexem com pessoas que preferem correr o risco e embolsar dinheiro público. No episódio alagoano, as evidências são fortes demais. Ninguém saca R$ 10 milhões em espécie sem segundas intenções. E o PT, dirão bolsonaristas e antipetistas? O PT teve a participação no Petrolão (assim como o MDB) comprovada e alguns caciques do partido amargaram um período atrás das grades. Os volumes surrupiados pela Petrobras foram estratosféricos. Mas, em matéria de dinheiro do Estado, roubo é roubo, não importa o tamanho do butim.
Na campanha de 2022, porém, o caso de Rio Largo poderá ser usado pelos petistas para tentar fustigar Bolsonaro. Mas, com o retrospecto da Lava-Jato, que culminou com a prisão de Lula, esse pode ser um caminho perigoso. O fato é que a corrupção, um dos temas que mais preocupavam os eleitores em 2018, deixou de ter tanta relevância. Não deveria ser assim. Esse é um assunto que geralmente é tratado com indignação estudada pelos políticos. Também não deveria ser assim. Deveríamos enxergar esse fenômeno com frieza e combatê-lo com inteligência, regras rígidas e punições exemplares (de acordo com o que diz a lei). É preciso investigar sempre a máquina pública e impedir os abusos em seu nascedouro — mas sempre com bom senso e frieza. Sem espetáculos ou motivações políticas que produzam excesso de elementos dramáticos e exposição desenfreada na imprensa.
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