Endividamento entre jovens: como reverter esse crítico cenário
Falta de educação financeira e acesso facilitado ao crédito são fatores que levaram 12 milhões de brasileiros entre 18 e 29 anos para a inadimplência
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2021 às 15h14.
Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 16h09.
Um conteúdo produzido pelaMeu Acerto
Quem acha que ter dívidas é coisa de gente mais velha e que a turma que está entrando agora na vida adulta está imune a essa situação pode cair para trás ao saber da realidade.
Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 46% dos brasileiros com idade entre 25 e 29 anos estão inadimplentes. E a situação também é crítica para pessoas ainda mais jovens: 19% dos brasileiros entre 18 e 24 anos estão endividados. Juntos, esses dois grupos representam um total de 12,5 milhões de pessoas.
Os motivos que levaram essa multidão de pessoas tão jovens a uma situação de inadimplência são muitos. Mas, a maior parte deles tem dois pontos em comum: a falta de conhecimentos sobre finanças e as novidades trazidas pela entrada no mercado de trabalho. Outro levantamento do SPC Brasil aponta que 75% dos jovens com idade entre 18 e 30 anos não fazem controle do gasto.
“A relação entre essa falta de conhecimento sobre questões financeiras e o alto índice de inadimplência no público jovem não é mera coincidência. Muitas vezes acompanhada de maus exemplos na infância, do acesso ao crédito facilitado e da novidade de administrar o próprio orçamento, a dificuldade de organizar as finanças acaba levando os jovens a serem mais vulneráveis ao endividamento”, explica Pedro Lima, economista e co-fundador da Meu Acerto, startup do mercado de recuperação de crédito.
As raízes desse problema
É claro que cada caso é um caso e que, assim como em outras áreas da vida, não dá para generalizar quando falamos de dinheiro. Mas, ao olharmos para o cenário de endividamento entre os jovens, é possível tirar algumas conclusões em relação às origens dessa situação.
A primeira delas diz respeito à falta de educação financeira na infância e adolescência. Se na nossa criação ou na nossa formação básica não tivermos contato com informações claras e acessíveis relacionadas a questões financeiras, a tendência é que a gente cresça sem saber lidar com dinheiro. Vale ressaltar: saber poupar não é dom, é uma habilidade que precisa ser desenvolvida.
Outra questão relevante nesse sentido é a constante necessidade de se sentir parte de um determinado grupo, que é normal ao longo da vida, mas é ainda mais presente na juventude.. Influenciados pela mídia e pelos hábitos de consumo de amigos ou outras pessoas, os jovens podem acabar tomando atitudes inconsequentes, sem levar em conta sua real situação e sua capacidade de arcar com os compromissos que assumiu. Se juntarmos isso ao desconhecimento sobre as consequências da inadimplência, a situação pode ficar ainda mais crítica.
Por fim, precisamos falar sobre a lógica do próprio mercado financeiro. O acesso facilitado ao crédito para jovens universitários ou que acabaram de ingressar no mercado de trabalho são fatores que têm responsabilidade indireta nesse cenário de endividamento. Por mais positiva que pareça, a facilidade de contratar empréstimos ou ter um cartão de crédito pode se tornar uma grande vilã nas mãos de quem ainda não sabe cuidar das próprias finanças.
Os impactos de endividamento para o público jovem
Além das consequências que afetam qualquer pessoa endividada, como a dificuldade de ter acesso ao crédito em momentos de necessidade e a restrição de fazer planos para o futuro por ver seu orçamento comprometido com o pagamento de dívidas, alguns fatores podem levar os jovens a sofrerem ainda mais com a situação de inadimplência.
Um dos exemplos disso é que uma pessoa pode ter mais dificuldade de se inserir no mercado de trabalho por conta do nome sujo. Fora os impactos emocionais causados pelo endividamento — que afetam diretamente nosso desempenho profissional —, há casos de empresas que consultam a situação financeira de um candidato antes de efetivar a contratação. Por mais que a legislação proíba a discriminação contra profissionais endividados no mercado de trabalho, há brechas que podem, sim, impedir a admissão de quem está com o nome sujo.
Essa dificuldade também pode ser encontrada na entrada do ensino superior. Apesar de nenhuma instituição de educação poder, legalmente, fazer consultas aos órgãos de proteção ao crédito para validar uma matrícula, ter o nome sujo pode causar a perda do direito a alguns benefícios estudantis, como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).
As chaves para reverter essa situação
Por mais óbvio que seja falar de educação financeira, é preciso repetir, incansavelmente, o quanto a disponibilização de informações claras e didáticas é fundamental para ajudar as pessoas a melhorarem a sua relação com o dinheiro. Nesse sentido, vale ressaltar que o acesso cada vez mais democratizado à internet facilita que a gente conheça histórias de pessoas que passaram por situações semelhantes às que estamos vivendo e aprenda com a experiência delas para mudar o nosso próprio cenário.
Outro fator que precisa ser levado em conta nesta situação é a importância de se organizar financeiramente. E aqui, vale o alerta: é preciso desmistificar essa história de que planejamento financeiro é complexo e não é para qualquer um. O que precisa ser feito é encontrar o método que funciona melhor para a sua realidade e se desapegar dessa ideia de que só dá pra controlar as finanças com uma planilha robusta ou com um aplicativo extremamente complexo.
E, claro, não podemos deixar de falar sobre a importância de quitar as contas em atraso o mais rápido possível. Hoje em dia, existem diversas alternativas para que as pessoas possam negociar dívidas online, solução que faz muito sentido para um público tão ligado em tecnologia, como é o caso dos jovens. E o melhor é que empresas que atuam nesse mercado costumam oferecer condições flexíveis de negociação, como descontos atrativos e a possibilidade de parcelar o débito em muitos meses, para que o acordo não impacte tanto no orçamento mensal.
O mais importante, no caso de negociação, é se certificar que as parcelas caibam no seu bolso e que o acordo não vai acabar te levando para uma situação ainda mais crítica de endividamento. Uma educação financeira de qualidade e um planejamento financeiro adequado à sua realidade também vão te ajudar a se organizar de forma mais efetiva para isso.
Enfim, por mais que o cenário de endividamento dos jovens seja crítico, não dá pra deixar de acreditar que é possível reverter essa situação. Os jovens têm uma vida inteira pela frente e sempre é tempo de rever comportamentos e adquirir hábitos mais saudáveis, inclusive no que diz respeito às finanças.
Um conteúdo produzido pelaMeu Acerto
Quem acha que ter dívidas é coisa de gente mais velha e que a turma que está entrando agora na vida adulta está imune a essa situação pode cair para trás ao saber da realidade.
Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 46% dos brasileiros com idade entre 25 e 29 anos estão inadimplentes. E a situação também é crítica para pessoas ainda mais jovens: 19% dos brasileiros entre 18 e 24 anos estão endividados. Juntos, esses dois grupos representam um total de 12,5 milhões de pessoas.
Os motivos que levaram essa multidão de pessoas tão jovens a uma situação de inadimplência são muitos. Mas, a maior parte deles tem dois pontos em comum: a falta de conhecimentos sobre finanças e as novidades trazidas pela entrada no mercado de trabalho. Outro levantamento do SPC Brasil aponta que 75% dos jovens com idade entre 18 e 30 anos não fazem controle do gasto.
“A relação entre essa falta de conhecimento sobre questões financeiras e o alto índice de inadimplência no público jovem não é mera coincidência. Muitas vezes acompanhada de maus exemplos na infância, do acesso ao crédito facilitado e da novidade de administrar o próprio orçamento, a dificuldade de organizar as finanças acaba levando os jovens a serem mais vulneráveis ao endividamento”, explica Pedro Lima, economista e co-fundador da Meu Acerto, startup do mercado de recuperação de crédito.
As raízes desse problema
É claro que cada caso é um caso e que, assim como em outras áreas da vida, não dá para generalizar quando falamos de dinheiro. Mas, ao olharmos para o cenário de endividamento entre os jovens, é possível tirar algumas conclusões em relação às origens dessa situação.
A primeira delas diz respeito à falta de educação financeira na infância e adolescência. Se na nossa criação ou na nossa formação básica não tivermos contato com informações claras e acessíveis relacionadas a questões financeiras, a tendência é que a gente cresça sem saber lidar com dinheiro. Vale ressaltar: saber poupar não é dom, é uma habilidade que precisa ser desenvolvida.
Outra questão relevante nesse sentido é a constante necessidade de se sentir parte de um determinado grupo, que é normal ao longo da vida, mas é ainda mais presente na juventude.. Influenciados pela mídia e pelos hábitos de consumo de amigos ou outras pessoas, os jovens podem acabar tomando atitudes inconsequentes, sem levar em conta sua real situação e sua capacidade de arcar com os compromissos que assumiu. Se juntarmos isso ao desconhecimento sobre as consequências da inadimplência, a situação pode ficar ainda mais crítica.
Por fim, precisamos falar sobre a lógica do próprio mercado financeiro. O acesso facilitado ao crédito para jovens universitários ou que acabaram de ingressar no mercado de trabalho são fatores que têm responsabilidade indireta nesse cenário de endividamento. Por mais positiva que pareça, a facilidade de contratar empréstimos ou ter um cartão de crédito pode se tornar uma grande vilã nas mãos de quem ainda não sabe cuidar das próprias finanças.
Os impactos de endividamento para o público jovem
Além das consequências que afetam qualquer pessoa endividada, como a dificuldade de ter acesso ao crédito em momentos de necessidade e a restrição de fazer planos para o futuro por ver seu orçamento comprometido com o pagamento de dívidas, alguns fatores podem levar os jovens a sofrerem ainda mais com a situação de inadimplência.
Um dos exemplos disso é que uma pessoa pode ter mais dificuldade de se inserir no mercado de trabalho por conta do nome sujo. Fora os impactos emocionais causados pelo endividamento — que afetam diretamente nosso desempenho profissional —, há casos de empresas que consultam a situação financeira de um candidato antes de efetivar a contratação. Por mais que a legislação proíba a discriminação contra profissionais endividados no mercado de trabalho, há brechas que podem, sim, impedir a admissão de quem está com o nome sujo.
Essa dificuldade também pode ser encontrada na entrada do ensino superior. Apesar de nenhuma instituição de educação poder, legalmente, fazer consultas aos órgãos de proteção ao crédito para validar uma matrícula, ter o nome sujo pode causar a perda do direito a alguns benefícios estudantis, como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies).
As chaves para reverter essa situação
Por mais óbvio que seja falar de educação financeira, é preciso repetir, incansavelmente, o quanto a disponibilização de informações claras e didáticas é fundamental para ajudar as pessoas a melhorarem a sua relação com o dinheiro. Nesse sentido, vale ressaltar que o acesso cada vez mais democratizado à internet facilita que a gente conheça histórias de pessoas que passaram por situações semelhantes às que estamos vivendo e aprenda com a experiência delas para mudar o nosso próprio cenário.
Outro fator que precisa ser levado em conta nesta situação é a importância de se organizar financeiramente. E aqui, vale o alerta: é preciso desmistificar essa história de que planejamento financeiro é complexo e não é para qualquer um. O que precisa ser feito é encontrar o método que funciona melhor para a sua realidade e se desapegar dessa ideia de que só dá pra controlar as finanças com uma planilha robusta ou com um aplicativo extremamente complexo.
E, claro, não podemos deixar de falar sobre a importância de quitar as contas em atraso o mais rápido possível. Hoje em dia, existem diversas alternativas para que as pessoas possam negociar dívidas online, solução que faz muito sentido para um público tão ligado em tecnologia, como é o caso dos jovens. E o melhor é que empresas que atuam nesse mercado costumam oferecer condições flexíveis de negociação, como descontos atrativos e a possibilidade de parcelar o débito em muitos meses, para que o acordo não impacte tanto no orçamento mensal.
O mais importante, no caso de negociação, é se certificar que as parcelas caibam no seu bolso e que o acordo não vai acabar te levando para uma situação ainda mais crítica de endividamento. Uma educação financeira de qualidade e um planejamento financeiro adequado à sua realidade também vão te ajudar a se organizar de forma mais efetiva para isso.
Enfim, por mais que o cenário de endividamento dos jovens seja crítico, não dá pra deixar de acreditar que é possível reverter essa situação. Os jovens têm uma vida inteira pela frente e sempre é tempo de rever comportamentos e adquirir hábitos mais saudáveis, inclusive no que diz respeito às finanças.