A inflação e os impactos reais na rotina e no bolso do brasileiro
Dos 377 itens que integram a cesta de consumo das famílias com renda entre um e 40 salários mínimos, 331 passaram a custar mais em 2021
Da Redação
Publicado em 17 de março de 2022 às 11h23.
Última atualização em 17 de março de 2022 às 11h24.
Basta assistir ao jornal ou ler alguma notícia da internet para saber que a inflação está em alta e que essa não costuma ser uma boa notícia para os brasileiros. Mas você sabe, exatamente, como a elevação desse índice impacta o seu bolso?
Garanta o seu lugar entre as melhores do Brasil, entre no Ranking Negócios em Expansão 2022
Na prática você sabe, certamente. A compra do supermercado não cabe mais no seu orçamento, o preço do supermercado fez do hábito de andar de carro virar um verdadeiro luxo e a conta de luz não para de subir, mesmo que você desligue todas as tomadas.
Mas, e na teoria? O que está por trás dessa alta acelerada do preço de produtos e serviços e da consequente redução do seu poder de compra? É sobre isso que nós vamos falar no artigo de hoje. Acompanhe!
O que é a inflação e como ela é definida?
Por mais que ela afete diretamente a nossa vida, muita gente ainda não sabe o que, exatamente, é a inflação. Basicamente, podemos dizer que ela é o aumento contínuo de preços e serviços. Opa, então quer dizer que não é a inflação que faz os preços subirem? Na verdade não. É o aumento dos preços que eleva a inflação.
Parece complicado, mas fica mais fácil entender quando a gente compreende como a inflação é definida. A primeira coisa que você precisa ter em mente é que a inflação está atrelada a alguns índices econômicos e o principal deles é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA. É ele que mostra se os preços de produtos ou serviços estão aumentando ou diminuindo.
O IPCA é apurado a partir de pesquisas feitas pelo IBGE, com periodicidade mensal, para verificar os preços que estão sendo praticados por estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e concessionárias de serviços públicos. Se o IPCA é o índice que indica se os preços estão subindo e a inflação se refere, exatamente, ao aumento de preços, já está claro que o aumento do IPCA representa, também, o aumento da inflação.
Mas, vale dizer que ele não é o único indicador levado em conta. Variações no Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) e no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também são fatores que impactam a inflação. Todos eles, no entanto, seguem a mesma lógica: eles aumentam quando os preços sobem e diminuem quando os preços reduzem.
Você já deve ter entendido, então, que o que está mexendo no seu bolso não é, exatamente, a alta da inflação. É na verdade, o aumento dos preços de produtos e serviços. Mas o que faz esses preços subirem, afinal? É aí que está a chave para entender essa equação!
O que influencia a alta dos preços?
Os fatores são muitos, mas é possível destacar aqueles que realmente mexem no ponteiro. O primeiro deles, claro, diz respeito à lei da oferta e da procura. Se a demanda por um determinado produto ou serviço está mais alta do que a oferta — que, na maioria das vezes, está atrelada à limitação da capacidade de fornecimento dos produtores e da indústria —, os preços automaticamente sobem.
O aumento nos custos de produção é outro fator extremamente determinante para a alta dos preços. A elevação do preço do combustível anunciada há alguns dias, por exemplo, vai mexer no preço de muitos produtos. O mesmo vale para a alta na energia. Os produtores e a indústria repassam o valor que eles pagam a mais na conta de luz para os produtos que chegam até o consumidor final.
Outro fator, sobre o qual muito se ouve falar por aí inclusive, é o preço do dólar. Além do valor da moeda americana impactar o custo de produção de produtos que dependem de matérias-primas importadas, também há variações nos preços praticados nas exportações, o que pode fazer com que os produtores prefiram vender seus produtos para fora do país. E sabe o que isso gera? A redução da oferta interna, que, diante da mesma demanda, acaba resultando na alta dos preços.
Os impactos práticos da alta da inflação no bolso dos brasileiros
O aumento do preço dos produtos e serviços é, portanto, o fator mais importante para você entender essa equação da inflação e saber como, exatamente, o índice afeta o seu bolso. É importante dizer que a inflação fechou 2021 em 10,06%, a maior taxa acumulada no ano desde 2015. O índice foi bem superior aos 3,75% e aos 5,25% definidos, respectivamente, como centro da meta e teto da meta pelo Conselho Monetário Nacional.
Isso significa que, no ano passado, os preços dos produtos dispararam. Um dos aumentos mais relevantes, como você deve imaginar, está no preço dos combustíveis. Os produtos integrantes do grupo de combustíveis para veículos (gasolina, etanol e diesel) subiram quase 50%, enquanto os combustíveis domésticos (gás de cozinha, por exemplo) subiram 36%. E aqui, vale retomar o que dissemos lá em cima: a alta do preço dos combustíveis afeta os custos de produção e distribuição de forma geral. Logo, quando a gasolina sobe, ela leva junto milhares de outros produtos.
Outro aumento relevante diz respeito à energia elétrica: mais de 20% de alta em 2021. Mas, a elevação de preços mais impactante está mesmo é nos alimentos e aí está a explicação para a compra de supermercado não estar mais cabendo no seu orçamento — nem no seu, nem do de ninguém, diga-se de passagem. Dos 168 itens que fazem parte da cesta de consumo das famílias com renda entre um e 40 salários mínimos e compõem o segmento de alimentos e bebidas, 143 passaram a custar mais em 2021
O café subiu 50,24%, enquanto o açúcar refinado aumentou 47,87% e o açúcar cristal 37,55%. Entre os vegetais, o destaque foi a mandioca, que ficou 48,08% mais cara, para o mamão, que teve uma elevação de preço de 36,01%, e para o pimentão, que terminou 2021 custando 39,16% a mais. E sabe o mais grave disso? Além do aumento dos preços, no ano passado também foi registrado uma variação dos valores de até 196%, quando comparados os mesmos produtos.
Como você deve imaginar, a população de baixa renda é a mais impactada pela alta da inflação. Visto que os alimentos são os principais itens de despesa das famílias mais pobres, a disparada do preço deles afeta mais quem tem menor renda. A consequência disso é o triste cenário da fome no Brasil: em 2021, pela primeira vez em 17 anos, mais da metade da população viveu em situação de insegurança alimentar, sem ter certeza se teria comida suficiente em casa no dia seguinte, tendo que diminuir a quantidade e a qualidade de alimentos consumidos ou até mesmo passando fome.
Ou seja, a alta da inflação afeta o bolso de todo mundo. Mas nos bolsos mais vazios, ela provoca verdadeiros desastres!
Basta assistir ao jornal ou ler alguma notícia da internet para saber que a inflação está em alta e que essa não costuma ser uma boa notícia para os brasileiros. Mas você sabe, exatamente, como a elevação desse índice impacta o seu bolso?
Garanta o seu lugar entre as melhores do Brasil, entre no Ranking Negócios em Expansão 2022
Na prática você sabe, certamente. A compra do supermercado não cabe mais no seu orçamento, o preço do supermercado fez do hábito de andar de carro virar um verdadeiro luxo e a conta de luz não para de subir, mesmo que você desligue todas as tomadas.
Mas, e na teoria? O que está por trás dessa alta acelerada do preço de produtos e serviços e da consequente redução do seu poder de compra? É sobre isso que nós vamos falar no artigo de hoje. Acompanhe!
O que é a inflação e como ela é definida?
Por mais que ela afete diretamente a nossa vida, muita gente ainda não sabe o que, exatamente, é a inflação. Basicamente, podemos dizer que ela é o aumento contínuo de preços e serviços. Opa, então quer dizer que não é a inflação que faz os preços subirem? Na verdade não. É o aumento dos preços que eleva a inflação.
Parece complicado, mas fica mais fácil entender quando a gente compreende como a inflação é definida. A primeira coisa que você precisa ter em mente é que a inflação está atrelada a alguns índices econômicos e o principal deles é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA. É ele que mostra se os preços de produtos ou serviços estão aumentando ou diminuindo.
O IPCA é apurado a partir de pesquisas feitas pelo IBGE, com periodicidade mensal, para verificar os preços que estão sendo praticados por estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços e concessionárias de serviços públicos. Se o IPCA é o índice que indica se os preços estão subindo e a inflação se refere, exatamente, ao aumento de preços, já está claro que o aumento do IPCA representa, também, o aumento da inflação.
Mas, vale dizer que ele não é o único indicador levado em conta. Variações no Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M) e no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também são fatores que impactam a inflação. Todos eles, no entanto, seguem a mesma lógica: eles aumentam quando os preços sobem e diminuem quando os preços reduzem.
Você já deve ter entendido, então, que o que está mexendo no seu bolso não é, exatamente, a alta da inflação. É na verdade, o aumento dos preços de produtos e serviços. Mas o que faz esses preços subirem, afinal? É aí que está a chave para entender essa equação!
O que influencia a alta dos preços?
Os fatores são muitos, mas é possível destacar aqueles que realmente mexem no ponteiro. O primeiro deles, claro, diz respeito à lei da oferta e da procura. Se a demanda por um determinado produto ou serviço está mais alta do que a oferta — que, na maioria das vezes, está atrelada à limitação da capacidade de fornecimento dos produtores e da indústria —, os preços automaticamente sobem.
O aumento nos custos de produção é outro fator extremamente determinante para a alta dos preços. A elevação do preço do combustível anunciada há alguns dias, por exemplo, vai mexer no preço de muitos produtos. O mesmo vale para a alta na energia. Os produtores e a indústria repassam o valor que eles pagam a mais na conta de luz para os produtos que chegam até o consumidor final.
Outro fator, sobre o qual muito se ouve falar por aí inclusive, é o preço do dólar. Além do valor da moeda americana impactar o custo de produção de produtos que dependem de matérias-primas importadas, também há variações nos preços praticados nas exportações, o que pode fazer com que os produtores prefiram vender seus produtos para fora do país. E sabe o que isso gera? A redução da oferta interna, que, diante da mesma demanda, acaba resultando na alta dos preços.
Os impactos práticos da alta da inflação no bolso dos brasileiros
O aumento do preço dos produtos e serviços é, portanto, o fator mais importante para você entender essa equação da inflação e saber como, exatamente, o índice afeta o seu bolso. É importante dizer que a inflação fechou 2021 em 10,06%, a maior taxa acumulada no ano desde 2015. O índice foi bem superior aos 3,75% e aos 5,25% definidos, respectivamente, como centro da meta e teto da meta pelo Conselho Monetário Nacional.
Isso significa que, no ano passado, os preços dos produtos dispararam. Um dos aumentos mais relevantes, como você deve imaginar, está no preço dos combustíveis. Os produtos integrantes do grupo de combustíveis para veículos (gasolina, etanol e diesel) subiram quase 50%, enquanto os combustíveis domésticos (gás de cozinha, por exemplo) subiram 36%. E aqui, vale retomar o que dissemos lá em cima: a alta do preço dos combustíveis afeta os custos de produção e distribuição de forma geral. Logo, quando a gasolina sobe, ela leva junto milhares de outros produtos.
Outro aumento relevante diz respeito à energia elétrica: mais de 20% de alta em 2021. Mas, a elevação de preços mais impactante está mesmo é nos alimentos e aí está a explicação para a compra de supermercado não estar mais cabendo no seu orçamento — nem no seu, nem do de ninguém, diga-se de passagem. Dos 168 itens que fazem parte da cesta de consumo das famílias com renda entre um e 40 salários mínimos e compõem o segmento de alimentos e bebidas, 143 passaram a custar mais em 2021
O café subiu 50,24%, enquanto o açúcar refinado aumentou 47,87% e o açúcar cristal 37,55%. Entre os vegetais, o destaque foi a mandioca, que ficou 48,08% mais cara, para o mamão, que teve uma elevação de preço de 36,01%, e para o pimentão, que terminou 2021 custando 39,16% a mais. E sabe o mais grave disso? Além do aumento dos preços, no ano passado também foi registrado uma variação dos valores de até 196%, quando comparados os mesmos produtos.
Como você deve imaginar, a população de baixa renda é a mais impactada pela alta da inflação. Visto que os alimentos são os principais itens de despesa das famílias mais pobres, a disparada do preço deles afeta mais quem tem menor renda. A consequência disso é o triste cenário da fome no Brasil: em 2021, pela primeira vez em 17 anos, mais da metade da população viveu em situação de insegurança alimentar, sem ter certeza se teria comida suficiente em casa no dia seguinte, tendo que diminuir a quantidade e a qualidade de alimentos consumidos ou até mesmo passando fome.
Ou seja, a alta da inflação afeta o bolso de todo mundo. Mas nos bolsos mais vazios, ela provoca verdadeiros desastres!