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O valor das relações humanas

Djokovic se torna o primeiro homem a ganhar 24 grand slams. Sorte?

Djokovic se torna o primeiro homem a ganhar 24 grand slams. Sorte?  (Arte de se relacionar/Reprodução)
Djokovic se torna o primeiro homem a ganhar 24 grand slams. Sorte? (Arte de se relacionar/Reprodução)

O tênis pode servir como um pequeno laboratório para analisar as relações humanas em várias dimensões. 
 
Esse esporte desafia cada jogador não apenas a aprimorar suas habilidades físicas e táticas, mas também a entender profundamente a natureza das interações humanas. 
 
Primeiramente, é preciso ter um bom relacionamento com você mesmo. A resiliência e o autocontrole são cruciais para enfrentar os altos e baixos emocionais e estratégicos desse jogo. Ninguém exemplifica melhor essas relações complexas e essenciais do que Novak Djokovic. Sua história de vida, marcada pela sobrevivência durante os conflitos na Sérvia, conferiu-lhe resiliência e capacidade para lidar com o estresse que são dignas de admiração. 
 
O segundo ponto também muito importante  é o de relacionamento com a família e o treinador. A confiança mútua e a parceria estratégica são vitais para o crescimento e o sucesso de um atleta. Nesse núcleo de apoio, as lições aprendidas vão além das quadras de tênis, fortalecendo os laços afetivos e profissionais. A famosa rede de apoio de que eu tanto falo. 
 
Em terceiro lugar, a relação com o adversário. O respeito é fundamental, mas não deve ser confundido com timidez ou falta de agressividade competitiva. Conhecer suas próprias fraquezas e virtudes, bem como as do oponente, é crucial para qualquer desenvolvimento pessoal e profissional. Não fuja dos adversários. Estude eles. 
 
Djokovic se mantém fiel às suas fortes convicções, como a escolha de não se vacinar.  Isso mostra sua originalidade, mesmo enfrentando o escrutínio da mídia e tendo uma base de fãs dividida. A forma como lida com críticas e elogios é um exemplo de maturidade emocional que transcende o esporte. No tênis como na vida há momentos em que o atleta está completamente sozinho e precisa buscar dentro de si a força para superar obstáculos. 
 
Aos 36 anos, Djokovic continua a desafiar o senso comum sobre idade e desempenho atlético. Ele não apenas compete em alto nível, mas também é um dos jogadores que mais virou partidas após perder os dois primeiros sets, demonstrando uma força mental incomum. 
 
Sorte? Com certeza não. Djoko nos dá uma aula de resiliência, competência, transparência e autoestima, qualidades que todos nós aspiramos a incorporar em nossas próprias vidas.