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Depois do topo: o silêncio que ninguém te conta

O sucesso, por mais desejado que seja, não nos entrega paz, entrega responsabilidade

Pessoa numa arena de teatro vazia (Freepik)

Pessoa numa arena de teatro vazia (Freepik)

Martha Leonardis
Martha Leonardis

CEO e founder NewCo, boutique de Networking internacional

Publicado em 2 de julho de 2025 às 13h52.

Pouca gente fala sobre isso, mas o primeiro sucesso não vem só com celebração.

Vem com um vazio. Um tipo de silêncio interno que ecoa mais alto do que o som do aplauso.

Você alcança o número que parecia inatingível.

Sobe no palco. Sai na imprensa. Recebe o prêmio.

E logo depois, quase no momento seguinte, vem a inquietação:

"Será que eu dou conta de repetir?"

"E se tiver sido sorte?"

"Como vou me superar agora?"

Essa angústia não é só sua.

Recentemente, numa conversa com Nizan Guanaes, ele compartilhou um sentimento que muitos evitam verbalizar:

“Cada vez que eu ganhava um Leão de Cannes, a pergunta que vinha era: e agora? Como eu vou me superar?”

O sucesso, por mais desejado que seja, não nos entrega paz, entrega responsabilidade.

É como se, ao conquistar algo grande, a régua subisse automaticamente.

Você deixa de competir com o mercado e passa a competir com a melhor versão de si mesmo.

Vi esse ciclo acontecer com muitos executivos, empreendedores e até artistas. Gente brilhante, que travou não por falta de talento, mas por excesso de expectativa.

E esse é o perigo silencioso do primeiro grande reconhecimento:

transformar uma vitória em uma prisão de performance.

Mas com o tempo e com maturidade a gente aprende.

Aprende que o próximo passo não precisa ser maior. Precisa ser mais alinhado com quem você está se tornando.

Na verdade, o sucesso não é uma escada, é uma trajetória que se percorre e cada conquista não é um pico a ser superado, mas um novo ponto de partida, com novas perguntas, outros critérios, e menos pressa.

Porque quem vive refém do “próximo grande feito” corre o risco de se desconectar do que realmente importa.

No fim, superar-se não é repetir a fórmula.

É ter coragem de criar outra, com mais intenção, mais presença e menos ruído.

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