Pessoa numa arena de teatro vazia (Freepik)
CEO e founder NewCo, boutique de Networking internacional
Publicado em 2 de julho de 2025 às 13h52.
Pouca gente fala sobre isso, mas o primeiro sucesso não vem só com celebração.
Vem com um vazio. Um tipo de silêncio interno que ecoa mais alto do que o som do aplauso.
Você alcança o número que parecia inatingível.
Sobe no palco. Sai na imprensa. Recebe o prêmio.
E logo depois, quase no momento seguinte, vem a inquietação:
"Será que eu dou conta de repetir?"
"E se tiver sido sorte?"
"Como vou me superar agora?"
Essa angústia não é só sua.
Recentemente, numa conversa com Nizan Guanaes, ele compartilhou um sentimento que muitos evitam verbalizar:
“Cada vez que eu ganhava um Leão de Cannes, a pergunta que vinha era: e agora? Como eu vou me superar?”
O sucesso, por mais desejado que seja, não nos entrega paz, entrega responsabilidade.
É como se, ao conquistar algo grande, a régua subisse automaticamente.
Você deixa de competir com o mercado e passa a competir com a melhor versão de si mesmo.
Vi esse ciclo acontecer com muitos executivos, empreendedores e até artistas. Gente brilhante, que travou não por falta de talento, mas por excesso de expectativa.
E esse é o perigo silencioso do primeiro grande reconhecimento:
transformar uma vitória em uma prisão de performance.
Mas com o tempo e com maturidade a gente aprende.
Aprende que o próximo passo não precisa ser maior. Precisa ser mais alinhado com quem você está se tornando.
Na verdade, o sucesso não é uma escada, é uma trajetória que se percorre e cada conquista não é um pico a ser superado, mas um novo ponto de partida, com novas perguntas, outros critérios, e menos pressa.
Porque quem vive refém do “próximo grande feito” corre o risco de se desconectar do que realmente importa.
No fim, superar-se não é repetir a fórmula.
É ter coragem de criar outra, com mais intenção, mais presença e menos ruído.