Colunistas

De Kissinger a Kushner: o networking como a nova diplomacia mundial

Ao deixar a Casa Branca para fundar a Affinity Partners, Kushner deu forma a uma nova lógica de influência

 (foto/Getty Images)

(foto/Getty Images)

Martha Leonardis
Martha Leonardis

CEO e founder NewCo, boutique de Networking internacional

Publicado em 3 de novembro de 2025 às 19h53.

Existem pessoas que não falam alto, mas movem o mundo. Jared Kushner é uma delas. Enquanto muitos constroem poder por meio da exposição, ele o fez pela conexão: silenciosa, estratégica e precisa. Ao redesenhar as relações entre Israel e países árabes através dos Acordos de Abraão, ele não apenas assinou um tratado de paz. Mostrou que a diplomacia moderna acontece onde confiança e interesse se encontram, e que o verdadeiro poder nasce da capacidade de gerar convergência onde antes existia distância.

Ao deixar a Casa Branca para fundar a Affinity Partners, Kushner criou mais do que um fundo de investimento: ele deu forma a uma nova lógica de influência, em que capital e propósito coexistem. Ele entendeu que, no século XXI, o networking não é apenas uma rede de contatos, mas uma rede de sentido. É o poder de transformar convergências em legado, de aproximar culturas, economias e visões de mundo que pareciam inconciliáveis.

Décadas antes, outro arquiteto da influência também entendeu que o verdadeiro poder está nas relações invisíveis. Henry Kissinger, o pai da diplomacia moderna, dizia que “quem controla o petróleo controla as nações; quem controla o dinheiro controla o mundo”. Kushner, de certa forma, representa o herdeiro pós-moderno dessa máxima, substituindo o petróleo pelo investimento soberano, e a mesa de negociações pela sala de reunião de um family office em Miami.

Ambos compreenderam que a influência não se impõe, se constrói, encontro após encontro, com empatia, estratégia e propósito.

Observar figuras como Jared Kushner me faz pensar no quanto o sucesso, seja político, financeiro ou humano, nasce da capacidade de conectar mundos distintos e fazê-los coexistir. Nos bastidores da minha trajetória, percebo que as relações mais transformadoras nunca foram as mais ruidosas, e sim as mais autênticas.

É nesse território silencioso, entre diplomacia e empatia, que o verdadeiro networking floresce. A arte de se relacionar, afinal, é a arte de transformar encontros em história.