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Um momento decisivo para o governo

Vivemos um momento decisivo para a estabilidade política e econômica do governo Temer. E desta estabilidade depende o cenário político pós eleições de 2018. Como sempre são as intervenções públicas do ex presidente Fernando Henrique Cardoso que nos trazem as análises mais sensatas sobre nosso futuro. A imagem de que o governo Temer é apenas […]

COMPRAS: aumentam as evidências de que batemos no fundo do poço e, lá na frente, ainda fraquinha, começa a brilhar uma luz / Ricardo Matsukawa / VEJA
DR

Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2016 às 12h27.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h14.

Vivemos um momento decisivo para a estabilidade política e econômica do governo Temer. E desta estabilidade depende o cenário político pós eleições de 2018. Como sempre são as intervenções públicas do ex presidente Fernando Henrique Cardoso que nos trazem as análises mais sensatas sobre nosso futuro. A imagem de que o governo Temer é apenas uma singela pinguela para as eleições de 2018 me parece perfeita, principalmente depois do desgaste público de seu governo com o incrível evento envolvendo o ministro Geddel.

No início do mandato efetivo de Temer chegou-se a cogitar de que, dependendo do sucesso de seu governo no campo econômico e das reformas estruturais propostas, o Presidente poderia ser um grande eleitor em 2018 abrindo espaço para um segundo mandato seu ou a escolha de um nome do PMDB como candidato do governo. Hoje este cenário me parece muito difícil de ocorrer por duas razões principais: a primeira é o atraso na recuperação da economia, principalmente em 2017, e que torna difícil um grande apoio popular por conta da melhora substancial da situação de bem-estar do brasileiro. A segunda razão é a fragilidade da administração Temer em entender as demandas da sociedade por valores éticos na gestão da política, depois de todos os escândalos conhecidos nos últimos anos em função das revelações da Operação Lava Jato.

O espetáculo público de um ministro da copa e cozinha do presidente sendo flagrado na tentativa de usar seu poder para resolver um problema pessoal é uma mostra claríssima deste fato. Certamente os custos deste deslize do presidente vão atrasar ainda mais a recuperação do apoio popular a seu governo e enfraquece-lo politicamente para a eleição de 2018.

Embora deva-se esperar que daqui para frente haverá um cuidado maior no enfrentamento da questão ética por parte do governo, a história do PMDB não o qualifica para que consiga fazer uma reciclagem total de sua atuação política no governo e no parlamento. Uma prova de que os custos do deslize do ministro Geddel vão provocar uma mudança de comportamento está na frente única criada por Temer e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado para barrar qualquer tentativa de aprovar uma anistia do chamado caixa 2. Outra derivada do efeito Geddel será um fortalecimento da aprovação da PEC do Teto no Senado e, mais a frente, da PEC da Reforma da Previdência como resposta natural do meio político para tentar recuperar um pouco sua credibilidade.

Em função destas dificuldades do governo o PSDB é hoje o polo mais forte de uma eventual aliança política no campo da centro direita para as eleições de 2018. Mas previsões como esta são ainda muito frágeis em função das incertezas associadas à Lava-Jato e as incertezas dela derivadas.

Mas não foi apenas no campo da política que o futuro do governo Temer ficou ofuscado nos últimos dias. Também na economia, ponto forte de apoio a seu governo, sofreu um abalo importante com a percepção de que a recuperação da atividade sofreu um enfraquecimento no terceiro trimestre deste ano. Tanto o setor privado como o próprio ministério da Fazenda revisaram para menos o crescimento da economia no próximo ano. Elementos importantes para uma recuperação mais vigorosa, como o mercado de trabalho e o mercado de credito, continuam pressionados e retardando uma recuperação cíclica que vai ocorrer naturalmente em 2017.

A única vitória que vem ocorrendo se dá no campo da inflação, com uma redução bastante forte dos índices nos últimos meses. É possível que o IPCA feche o ano no limite do teto da Banda do Banco Central, situação que – se ocorrer – vai levar os principais analistas de mercado a pedirem desculpas por seus erros de previsão. Afinal, até o mês de outubro passado o FOCUS apontava para uma inflação anual em 2016 da ordem de 7,20%.

Com a inflação ancorada no hiato negativo do PIB que existe hoje na economia e a certeza de que temos um Banco Central comprometido com a estabilidade da inflação o ano de 2017 vai ter na redução dos juros o grande estímulo para que a recuperação cíclica em andamento acelere e abra espaço para um crescimento bem mais forte no ano eleitoral de 2018.

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No início do mandato efetivo de Temer chegou-se a cogitar de que, dependendo do sucesso de seu governo no campo econômico e das reformas estruturais propostas, o Presidente poderia ser um grande eleitor em 2018 abrindo espaço para um segundo mandato seu ou a escolha de um nome do PMDB como candidato do governo. Hoje este cenário me parece muito difícil de ocorrer por duas razões principais: a primeira é o atraso na recuperação da economia, principalmente em 2017, e que torna difícil um grande apoio popular por conta da melhora substancial da situação de bem-estar do brasileiro. A segunda razão é a fragilidade da administração Temer em entender as demandas da sociedade por valores éticos na gestão da política, depois de todos os escândalos conhecidos nos últimos anos em função das revelações da Operação Lava Jato.

O espetáculo público de um ministro da copa e cozinha do presidente sendo flagrado na tentativa de usar seu poder para resolver um problema pessoal é uma mostra claríssima deste fato. Certamente os custos deste deslize do presidente vão atrasar ainda mais a recuperação do apoio popular a seu governo e enfraquece-lo politicamente para a eleição de 2018.

Embora deva-se esperar que daqui para frente haverá um cuidado maior no enfrentamento da questão ética por parte do governo, a história do PMDB não o qualifica para que consiga fazer uma reciclagem total de sua atuação política no governo e no parlamento. Uma prova de que os custos do deslize do ministro Geddel vão provocar uma mudança de comportamento está na frente única criada por Temer e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado para barrar qualquer tentativa de aprovar uma anistia do chamado caixa 2. Outra derivada do efeito Geddel será um fortalecimento da aprovação da PEC do Teto no Senado e, mais a frente, da PEC da Reforma da Previdência como resposta natural do meio político para tentar recuperar um pouco sua credibilidade.

Em função destas dificuldades do governo o PSDB é hoje o polo mais forte de uma eventual aliança política no campo da centro direita para as eleições de 2018. Mas previsões como esta são ainda muito frágeis em função das incertezas associadas à Lava-Jato e as incertezas dela derivadas.

Mas não foi apenas no campo da política que o futuro do governo Temer ficou ofuscado nos últimos dias. Também na economia, ponto forte de apoio a seu governo, sofreu um abalo importante com a percepção de que a recuperação da atividade sofreu um enfraquecimento no terceiro trimestre deste ano. Tanto o setor privado como o próprio ministério da Fazenda revisaram para menos o crescimento da economia no próximo ano. Elementos importantes para uma recuperação mais vigorosa, como o mercado de trabalho e o mercado de credito, continuam pressionados e retardando uma recuperação cíclica que vai ocorrer naturalmente em 2017.

A única vitória que vem ocorrendo se dá no campo da inflação, com uma redução bastante forte dos índices nos últimos meses. É possível que o IPCA feche o ano no limite do teto da Banda do Banco Central, situação que – se ocorrer – vai levar os principais analistas de mercado a pedirem desculpas por seus erros de previsão. Afinal, até o mês de outubro passado o FOCUS apontava para uma inflação anual em 2016 da ordem de 7,20%.

Com a inflação ancorada no hiato negativo do PIB que existe hoje na economia e a certeza de que temos um Banco Central comprometido com a estabilidade da inflação o ano de 2017 vai ter na redução dos juros o grande estímulo para que a recuperação cíclica em andamento acelere e abra espaço para um crescimento bem mais forte no ano eleitoral de 2018.

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