Trump: um verdadeiro Black Swan
Esta expressão, cunhada por um especulador financeiro para explicar os efeitos sobre o mercado de eventos inesperados, pode ser usada em relação à eleição de Donald Trump. As três características fundamentais de um Black Swan estão nela presentes, como mostra o pequeno resumo deste fenômeno citado ao fim desta coluna. Em primeiro lugar, muitos poucos […]
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2016 às 09h03.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h29.
Esta expressão, cunhada por um especulador financeiro para explicar os efeitos sobre o mercado de eventos inesperados, pode ser usada em relação à eleição de Donald Trump. As três características fundamentais de um Black Swan estão nela presentes, como mostra o pequeno resumo deste fenômeno citado ao fim desta coluna. Em primeiro lugar, muitos poucos esperavam a sua vitória e, quando ela ocorreu, as reações dos mercados financeiros têm sido dramáticas, com oscilações preços brutais, principalmente nos ativos ligados aos juros americanos e ao dólar.
Vivemos agora sob o signo da terceira caraterística de um Black Swan, de acordo com o trabalho de Nassin Taleb. A vitória de Trump está sendo racionalizada pelos agentes econômicos de forma inapropriada em função da falta de informações críveis sobre como será seu governo. Diariamente na mídia e nos canais sociais da Internet estão sendo desenvolvidas explicações desencontradas e sem base factual sobre as consequências deste Black Swan eleitoral.
Tomando eventos semelhantes que ocorreram no passado como padrão, em poucos dias o mercado vai convergir para uma leitura média do efeito Trump sobre a economia sem ter ainda um diagnóstico correto sobre as principais linhas de seu governo. Corremos por isto os riscos de uma segunda onda de choque – talvez até mais intensa do que esta primeira – em futuro próximo e uma correção de preços de grandes proporções mais à frente.
Por isto aconselho um período longo de uma posição defensiva nas alocações de investimentos, principalmente financeiros.
Um procedimento que me parece correto nestes momentos é procurar separar o que são ruídos provocados pelo inesperado que ocorreu e as informações que já se conhecem sobre o presidente que vai comandar a maior economia do mundo. Eu iniciaria este exercício definindo o perfil de Trump como o de um líder político que se enquadra no que se denomina Populista de Direita. Estas duas expressões precisam ser separadas pois o político populista, seja ele de direita ou esquerda, tem valores e formas de agir comuns. Esta me parece a primeira verdade para se entender o governo de Trump.
Nós brasileiros conhecemos bem o caso de Lula que se enquadra com perfeição no perfil de um líder populista de esquerda e que pode ser usado como uma referência interessante para olharmos para Trump. Lula nos ensinou que os líderes populistas são sempre superficiais em suas análises, pois precisam de conceitos simples para ganharvapoio de seus seguidores. Como contrapartida, a grande maioria de suas ações não passam pelo crivo de uma análise profunda de consistência no tempo para avaliar os efeitos de longo prazo de suas decisões, sobre a economia principalmente.
Outra característica comum a eles é que, ao longo do tempo, os líderes populistas sempre acabam por agir de acordo com suas ideias básicas de campanha. Pode acontecer que, nos momentos iniciais de seu governo ocorra um período de acomodação em função da reação inicial dos mercados e das lideranças politicas tradicionais. Este papel coube ao ministro Palocci nos primeiros anos de Lula e algo semelhante deve ocorrer agora com os governos Temer.
Mas, ao longo de seu mandato, principalmente quando o apoio popular inicial se esgotar, o líder populista volta sempre à sua agenda até o amargo fim. Não me parece que Trump vá ser diferente, o que me faz muito pessimista com seu governo. Mas uma onda de otimismo no início de seu mandato pode ocorrer antes de caminharmos para o amargo fim de todos os governos populistas que conhecemos.
The black swan theory or theory of black swan events is a metaphor that describes an event that comes as a surprise, has a major effect, and is often inappropriately rationalized after the fact with the benefit of hindsight. The term is based on an ancient saying which presumed black swans did not exist, but the saying was rewritten after black swans were discovered in the wild. The theory was developed by Nassim Nicholas Taleb to explain:
1. The disproportionate role of high-profile, hard-to-predict, and rare events that are beyond the realm of normal expectations in history, science, finance, and technology.
2. The non-computability of the probability of the consequential rare events using scientific methods (owing to the very nature of small probabilities).
3. The psychological biases which blind people, both individually and collectively, to uncertainty and to a rare event’s massive role in historical affairs.
Unlike the earlier and broader “black swan problem” in philosophy (i.e. the problem of induction), Taleb’s “black swan theory” refers only to unexpected events of large magnitude and consequence and their dominant role in history. Such events, considered extreme outliers, collectively play vastly larger roles than regular occurrences. More technically, in the scientific monograph ‘Silent Risk’, Taleb mathematically defines the black swan problem as “stemming from the use of degenerate metaprobability”.
Esta expressão, cunhada por um especulador financeiro para explicar os efeitos sobre o mercado de eventos inesperados, pode ser usada em relação à eleição de Donald Trump. As três características fundamentais de um Black Swan estão nela presentes, como mostra o pequeno resumo deste fenômeno citado ao fim desta coluna. Em primeiro lugar, muitos poucos esperavam a sua vitória e, quando ela ocorreu, as reações dos mercados financeiros têm sido dramáticas, com oscilações preços brutais, principalmente nos ativos ligados aos juros americanos e ao dólar.
Vivemos agora sob o signo da terceira caraterística de um Black Swan, de acordo com o trabalho de Nassin Taleb. A vitória de Trump está sendo racionalizada pelos agentes econômicos de forma inapropriada em função da falta de informações críveis sobre como será seu governo. Diariamente na mídia e nos canais sociais da Internet estão sendo desenvolvidas explicações desencontradas e sem base factual sobre as consequências deste Black Swan eleitoral.
Tomando eventos semelhantes que ocorreram no passado como padrão, em poucos dias o mercado vai convergir para uma leitura média do efeito Trump sobre a economia sem ter ainda um diagnóstico correto sobre as principais linhas de seu governo. Corremos por isto os riscos de uma segunda onda de choque – talvez até mais intensa do que esta primeira – em futuro próximo e uma correção de preços de grandes proporções mais à frente.
Por isto aconselho um período longo de uma posição defensiva nas alocações de investimentos, principalmente financeiros.
Um procedimento que me parece correto nestes momentos é procurar separar o que são ruídos provocados pelo inesperado que ocorreu e as informações que já se conhecem sobre o presidente que vai comandar a maior economia do mundo. Eu iniciaria este exercício definindo o perfil de Trump como o de um líder político que se enquadra no que se denomina Populista de Direita. Estas duas expressões precisam ser separadas pois o político populista, seja ele de direita ou esquerda, tem valores e formas de agir comuns. Esta me parece a primeira verdade para se entender o governo de Trump.
Nós brasileiros conhecemos bem o caso de Lula que se enquadra com perfeição no perfil de um líder populista de esquerda e que pode ser usado como uma referência interessante para olharmos para Trump. Lula nos ensinou que os líderes populistas são sempre superficiais em suas análises, pois precisam de conceitos simples para ganharvapoio de seus seguidores. Como contrapartida, a grande maioria de suas ações não passam pelo crivo de uma análise profunda de consistência no tempo para avaliar os efeitos de longo prazo de suas decisões, sobre a economia principalmente.
Outra característica comum a eles é que, ao longo do tempo, os líderes populistas sempre acabam por agir de acordo com suas ideias básicas de campanha. Pode acontecer que, nos momentos iniciais de seu governo ocorra um período de acomodação em função da reação inicial dos mercados e das lideranças politicas tradicionais. Este papel coube ao ministro Palocci nos primeiros anos de Lula e algo semelhante deve ocorrer agora com os governos Temer.
Mas, ao longo de seu mandato, principalmente quando o apoio popular inicial se esgotar, o líder populista volta sempre à sua agenda até o amargo fim. Não me parece que Trump vá ser diferente, o que me faz muito pessimista com seu governo. Mas uma onda de otimismo no início de seu mandato pode ocorrer antes de caminharmos para o amargo fim de todos os governos populistas que conhecemos.
The black swan theory or theory of black swan events is a metaphor that describes an event that comes as a surprise, has a major effect, and is often inappropriately rationalized after the fact with the benefit of hindsight. The term is based on an ancient saying which presumed black swans did not exist, but the saying was rewritten after black swans were discovered in the wild. The theory was developed by Nassim Nicholas Taleb to explain:
1. The disproportionate role of high-profile, hard-to-predict, and rare events that are beyond the realm of normal expectations in history, science, finance, and technology.
2. The non-computability of the probability of the consequential rare events using scientific methods (owing to the very nature of small probabilities).
3. The psychological biases which blind people, both individually and collectively, to uncertainty and to a rare event’s massive role in historical affairs.
Unlike the earlier and broader “black swan problem” in philosophy (i.e. the problem of induction), Taleb’s “black swan theory” refers only to unexpected events of large magnitude and consequence and their dominant role in history. Such events, considered extreme outliers, collectively play vastly larger roles than regular occurrences. More technically, in the scientific monograph ‘Silent Risk’, Taleb mathematically defines the black swan problem as “stemming from the use of degenerate metaprobability”.