Salários: a China surpreende novamente
Matéria publicada no Financial Times desta semana, com dados compilados por Euromonitor International, revelou aos mercados uma mudança estrutural de peso que vem ocorrendo na economia chinesa: os salários reais na indústria, medidos em dólares/ hora, continuam aumentando de forma importante sob o impacto de crescimento e das reformas econômicas que estão sendo implantadas com […]
Da Redação
Publicado em 1 de março de 2017 às 09h40.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h32.
Matéria publicada no Financial Times desta semana, com dados compilados por Euromonitor International, revelou aos mercados uma mudança estrutural de peso que vem ocorrendo na economia chinesa: os salários reais na indústria, medidos em dólares/ hora, continuam aumentando de forma importante sob o impacto de crescimento e das reformas econômicas que estão sendo implantadas com uma disciplina comunista. Como resultado, os salários na China já são superiores aos pagos em outras economias emergentes como Brasil, México e Argentina. O mesmo fenômeno vem ocorrendo em países asiáticos como a Tailândia e as Filipinas. A tabela abaixo mostra a evolução, entre 2005 e 2016, dos salários horários em dólar em uma serie de países quando comparado com a China. Para estender a comparação aos países europeus de economias mais frágeis, o FT incluiu Portugal na sua base de comparação.
Neste período de 11 anos, os salários horários na indústria chinesa cresceram 200%, ou seja, um crescimento anual médio de 9,6%. Impressionante sob qualquer métrica. Embora o forte crescimento da produtividade neste período reduza o impacto do custo unitário de produção, a condição da China de produtor de bens industriais de baixo custo é hoje uma realidade que faz parte da história deste gigantesco país.
A tabela do FT nos permite comparar esta mudança estrutural da economia chinesa com a de outros países emergentes que concorrem com seus produtos industriais, como o Brasil e o México. No caso do nosso país o custo horário na indústria que era 140% maior em 2005 passou a ser agora 25% menor. Uma mudança dramática e que deve trazer um aumento da competitividade dos produtos brasileiros, principalmente na América Latina. O mesmo fenômeno ocorreu no México, com o salário na indústria passando de 80% superior ao chinês em 2005 para uma situação em que seus custos hoje são 40% menores. No caso do Brasil e do México a produtividade atual na indústria se compara à da China, o que faz com que esta diferença seja real em termos de custo unitário de produção.
Tomando os mesmos valores em Portugal como referência para os países menos avançados da Europa, as mudanças que ocorreram são também impressionantes. Hoje os custos em dólares na indústria portuguesa são apenas 25% maiores que os chineses, ante mais de 400% em 2005. Para este aumento brutal concorreu também a queda de 30% nos salários em dólares no país de Camões por conta da crise econômica.
Esta nova realidade na indústria chinesa é um fenômeno universal para uma economia que cresce a taxas elevadíssimas e se moderniza nos últimos 25 anos. O mesmo fenômeno ocorreu no Japão e na Coreia em décadas passadas. E deve continuar pois as mudanças no mercado de trabalho devem continuar a acontecer, embora com uma taxa de variação muito menor do que a verificada no passado. Deixando de ser uma economia com salários muito baixos a China abre espaço para a Índia, onde, segundo a matéria do FT, o salário horário na indústria está hoje em 70 centavos de dólares.
Sem o instrumento representado pelos baixos salários industriais, a economia chinesa vai, entretanto, manter sua competitividade em função da dimensão de seu mercado para produtos industriais como carros, caminhões e outros itens de bens de consumo durável. Segundo a mesma matéria do FT, no caso de alguns produtos industriais importantes, o mercado chinês hoje equivale ao dos Estados Unidos e da Europa, representando cada um deles 20% da demanda total do mundo por estes produtos. A escala passa agora a ser o grande fator por trás do crescimento do investimento e competitividade da indústria no país de Mao.
Para a indústria brasileira esta nova China representa um fator a mais para o crescimento de nossas exportações de produtos industriais, principalmente para a América Latina e para a África.
Salários horários em dólar – 2005/ 2016:
China: 1,2/ 3,6
Portugal: 6,3/ 4,5
Brasil: 2,9/ 2,7
Argentina: 2,1/ 2,5
Mexico: 2,2/ 2,1
Colombia: 1,4/ 1,7
Tailândia: 1,4/ 2,0
Fonte: Euromonitor
Matéria publicada no Financial Times desta semana, com dados compilados por Euromonitor International, revelou aos mercados uma mudança estrutural de peso que vem ocorrendo na economia chinesa: os salários reais na indústria, medidos em dólares/ hora, continuam aumentando de forma importante sob o impacto de crescimento e das reformas econômicas que estão sendo implantadas com uma disciplina comunista. Como resultado, os salários na China já são superiores aos pagos em outras economias emergentes como Brasil, México e Argentina. O mesmo fenômeno vem ocorrendo em países asiáticos como a Tailândia e as Filipinas. A tabela abaixo mostra a evolução, entre 2005 e 2016, dos salários horários em dólar em uma serie de países quando comparado com a China. Para estender a comparação aos países europeus de economias mais frágeis, o FT incluiu Portugal na sua base de comparação.
Neste período de 11 anos, os salários horários na indústria chinesa cresceram 200%, ou seja, um crescimento anual médio de 9,6%. Impressionante sob qualquer métrica. Embora o forte crescimento da produtividade neste período reduza o impacto do custo unitário de produção, a condição da China de produtor de bens industriais de baixo custo é hoje uma realidade que faz parte da história deste gigantesco país.
A tabela do FT nos permite comparar esta mudança estrutural da economia chinesa com a de outros países emergentes que concorrem com seus produtos industriais, como o Brasil e o México. No caso do nosso país o custo horário na indústria que era 140% maior em 2005 passou a ser agora 25% menor. Uma mudança dramática e que deve trazer um aumento da competitividade dos produtos brasileiros, principalmente na América Latina. O mesmo fenômeno ocorreu no México, com o salário na indústria passando de 80% superior ao chinês em 2005 para uma situação em que seus custos hoje são 40% menores. No caso do Brasil e do México a produtividade atual na indústria se compara à da China, o que faz com que esta diferença seja real em termos de custo unitário de produção.
Tomando os mesmos valores em Portugal como referência para os países menos avançados da Europa, as mudanças que ocorreram são também impressionantes. Hoje os custos em dólares na indústria portuguesa são apenas 25% maiores que os chineses, ante mais de 400% em 2005. Para este aumento brutal concorreu também a queda de 30% nos salários em dólares no país de Camões por conta da crise econômica.
Esta nova realidade na indústria chinesa é um fenômeno universal para uma economia que cresce a taxas elevadíssimas e se moderniza nos últimos 25 anos. O mesmo fenômeno ocorreu no Japão e na Coreia em décadas passadas. E deve continuar pois as mudanças no mercado de trabalho devem continuar a acontecer, embora com uma taxa de variação muito menor do que a verificada no passado. Deixando de ser uma economia com salários muito baixos a China abre espaço para a Índia, onde, segundo a matéria do FT, o salário horário na indústria está hoje em 70 centavos de dólares.
Sem o instrumento representado pelos baixos salários industriais, a economia chinesa vai, entretanto, manter sua competitividade em função da dimensão de seu mercado para produtos industriais como carros, caminhões e outros itens de bens de consumo durável. Segundo a mesma matéria do FT, no caso de alguns produtos industriais importantes, o mercado chinês hoje equivale ao dos Estados Unidos e da Europa, representando cada um deles 20% da demanda total do mundo por estes produtos. A escala passa agora a ser o grande fator por trás do crescimento do investimento e competitividade da indústria no país de Mao.
Para a indústria brasileira esta nova China representa um fator a mais para o crescimento de nossas exportações de produtos industriais, principalmente para a América Latina e para a África.
Salários horários em dólar – 2005/ 2016:
China: 1,2/ 3,6
Portugal: 6,3/ 4,5
Brasil: 2,9/ 2,7
Argentina: 2,1/ 2,5
Mexico: 2,2/ 2,1
Colombia: 1,4/ 1,7
Tailândia: 1,4/ 2,0
Fonte: Euromonitor