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Os desafios de Temer na economia

Estamos nos aproximando do fim do ano com a economia ainda afundada em uma recessão profunda. Os olhos da sociedade voltam-se agora para 2017 e as expectativas continuam muito negativas. Este sentimento pessimista está solapando a credibilidade do presidente Temer e aumentando a fragilidade de um governo que foi recebido com um sentimento de esperança […]

GOVERNO TEMER: se não conseguir balancear estes dois conflitos ao longo dos dois anos de mandato que ainda lhe restam corre o risco de transformar as eleições de 2018 em uma corrida maluca de demagogos e incendiários / Marcos Corrêa/PR/Divulgação
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Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 10h45.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h48.

Estamos nos aproximando do fim do ano com a economia ainda afundada em uma recessão profunda. Os olhos da sociedade voltam-se agora para 2017 e as expectativas continuam muito negativas. Este sentimento pessimista está solapando a credibilidade do presidente Temer e aumentando a fragilidade de um governo que foi recebido com um sentimento de esperança pela opinião pública. Esta frustração aumenta a crise política que tem sua origem no fim da hegemonia petista que durou mais de dez anos e no caminhar da operação Lava-Jato.

Temer precisa da reativação da economia para consolidar seu governo de transição e criar os alicerces para as eleições em 2018 sem os riscos que corremos vinte anos atrás, em 1997. As últimas pesquisas mostram um quadro eleitoral assustador. Embora ainda seja cedo demais para que as candidaturas se consolidem junto à opinião pública, o alarme está colocado diante de todos. Portanto o jogo futuro da democracia brasileira vai depender do sucesso na recuperação do crescimento econômico. É dever de todos nós, que de certa forma participamos da discussão sobre os caminhos possíveis para a economia nos próximos dois anos, tentar colaborar com a equipe do ministro Meirelles.

Tenho uma visão particular sobre esta questão, fruto da experiência adquirida nas minhas duas participações como membro de equipes econômicas no passado. A primeira, no governo Sarney e a outra no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Foram dois momentos de crise e desesperança que marcaram minha formação como agente público ao nível do governo federal. Agora, com uma maturidade maior, consigo entender algumas lições básicas daqueles períodos que vivi e que gostaria de dividir com o leitor de EXAME Hoje.

Dos anos que estive na direção do Banco Central, no primeiro governo democrático depois de um longo período da ditadura militar, trago principalmente lições do que não fazer em época de crise econômica. A primeira lição é a de ter no comando da economia uma equipe homogênea e com um plano de voo claro do caminho a ser trilhado. Outra lição importante foi a de nunca perder o rumo traçado em detrimento de medidas de curto prazo para melhorar artificialmente a popularidade do governo de plantão. Se isto for feito perde o governo duplamente pois destrói o eixo de longo prazo da estabilização da economia e os ganhos eventuais de popularidade se desfazem com a rapidez de um momento.

No governo Fernando Henrique vivi o sucesso que uma política econômica consistente, e perseguida com disciplina ao longo do tempo, pode trazer ao governo e à sociedade. Mas aprendi também que nas democracias modernas o voto popular está sempre condicionado ao bem-estar do cidadão na hora de votar. Em outras palavras é importante olhar para o peixe no aquário – o longo prazo – mas também para o gato que representa o cidadão eleitor e pode comer o peixe. O segundo mandato de FHC – e a eleição de Lula – é um exemplo desta dicotomia entre longo prazo e curto prazo.

O governo Temer começa a sofrer hoje do conflito entre uma política econômica consistente para recuperar o crescimento econômico no longo prazo e a ansiedade da sociedade com as dificuldades de curto prazo. E se não conseguir balancear estes dois conflitos ao longo dos dois anos de mandato que ainda lhe restam corre o risco de transformar as eleições de 2018 em uma corrida maluca de demagogos e incendiários.

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Estamos nos aproximando do fim do ano com a economia ainda afundada em uma recessão profunda. Os olhos da sociedade voltam-se agora para 2017 e as expectativas continuam muito negativas. Este sentimento pessimista está solapando a credibilidade do presidente Temer e aumentando a fragilidade de um governo que foi recebido com um sentimento de esperança pela opinião pública. Esta frustração aumenta a crise política que tem sua origem no fim da hegemonia petista que durou mais de dez anos e no caminhar da operação Lava-Jato.

Temer precisa da reativação da economia para consolidar seu governo de transição e criar os alicerces para as eleições em 2018 sem os riscos que corremos vinte anos atrás, em 1997. As últimas pesquisas mostram um quadro eleitoral assustador. Embora ainda seja cedo demais para que as candidaturas se consolidem junto à opinião pública, o alarme está colocado diante de todos. Portanto o jogo futuro da democracia brasileira vai depender do sucesso na recuperação do crescimento econômico. É dever de todos nós, que de certa forma participamos da discussão sobre os caminhos possíveis para a economia nos próximos dois anos, tentar colaborar com a equipe do ministro Meirelles.

Tenho uma visão particular sobre esta questão, fruto da experiência adquirida nas minhas duas participações como membro de equipes econômicas no passado. A primeira, no governo Sarney e a outra no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso. Foram dois momentos de crise e desesperança que marcaram minha formação como agente público ao nível do governo federal. Agora, com uma maturidade maior, consigo entender algumas lições básicas daqueles períodos que vivi e que gostaria de dividir com o leitor de EXAME Hoje.

Dos anos que estive na direção do Banco Central, no primeiro governo democrático depois de um longo período da ditadura militar, trago principalmente lições do que não fazer em época de crise econômica. A primeira lição é a de ter no comando da economia uma equipe homogênea e com um plano de voo claro do caminho a ser trilhado. Outra lição importante foi a de nunca perder o rumo traçado em detrimento de medidas de curto prazo para melhorar artificialmente a popularidade do governo de plantão. Se isto for feito perde o governo duplamente pois destrói o eixo de longo prazo da estabilização da economia e os ganhos eventuais de popularidade se desfazem com a rapidez de um momento.

No governo Fernando Henrique vivi o sucesso que uma política econômica consistente, e perseguida com disciplina ao longo do tempo, pode trazer ao governo e à sociedade. Mas aprendi também que nas democracias modernas o voto popular está sempre condicionado ao bem-estar do cidadão na hora de votar. Em outras palavras é importante olhar para o peixe no aquário – o longo prazo – mas também para o gato que representa o cidadão eleitor e pode comer o peixe. O segundo mandato de FHC – e a eleição de Lula – é um exemplo desta dicotomia entre longo prazo e curto prazo.

O governo Temer começa a sofrer hoje do conflito entre uma política econômica consistente para recuperar o crescimento econômico no longo prazo e a ansiedade da sociedade com as dificuldades de curto prazo. E se não conseguir balancear estes dois conflitos ao longo dos dois anos de mandato que ainda lhe restam corre o risco de transformar as eleições de 2018 em uma corrida maluca de demagogos e incendiários.

Mendonça de barros

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