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O que esperar das eleições de 2018

Sabemos que, em uma situação econômica confortável, o brasileiro se move para o centro e evita os extremos

LULA: ex-presidente enfrentará o desgaste de sua imagem com o avanço das delações de Palocci e Mantega / Ricardo Stuckert/Instituto Lula (Ricardo Stuckert/Divulgação)
LULA: ex-presidente enfrentará o desgaste de sua imagem com o avanço das delações de Palocci e Mantega / Ricardo Stuckert/Instituto Lula (Ricardo Stuckert/Divulgação)
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Luiz Carlos Mendonça de Barros

Publicado em 11 de setembro de 2017 às, 12h06.

Última atualização em 26 de setembro de 2017 às, 15h12.

Com a intensificação da recuperação cíclica que estamos assistindo no Brasil o analista pode voltar seus olhos para as eleições presidenciais de 2018. Nos últimos dias houve um movimento generalizado de revisões sobre o crescimento do PIB no próximo ano, com o consenso dos analistas caminhando na direção de 4,0 % no último trimestre de 2018.

Apenas algum acontecimento do tipo black swan – interno ou externo – pode alterar este quadro. Mas especular com este tipo de ocorrência não faz parte do plano de trabalho do analista consciente, embora no final desta coluna eu vá especular sobre eles.

Voltando ao meu cenário central – e do mercado financeiro hoje – gostaria de detalhar o que espero que vá acontecer quando o eleitor definir suas escolhas nas urnas. Em primeiro lugar é importante ressaltar que acredito que a grande maioria dos brasileiros vota refletindo sua forma de sentir o bem-estar econômico à época. A questão ideológica na escolha dos candidatos é claramente minoritária em nosso país, principalmente em um momento em que o PT estará enfraquecido pois Lula, uma figura emblemática e puxadora de votos, enfrentará o desgaste de sua situação criminal. A delação de Palocci e a de Mantega devem tornar sua situação legal e de imagem no futuro ainda mais difícil.

Se estiver certo na minha premissa – e estou convencido que estou – uma sensação de melhora no bem-estar do eleitor abrirá caminho para um candidato comprometido com a responsabilidade econômica e com as reformas estruturais defendidas pela atual equipe econômica. O próprio presidente Temer terá à altura das eleições um apoio popular bem maior que o atual, algo como previsto por Cesar Maia em seu Blog. Para ele, se somado ótimo, bom e regular, o presidente Temer pode chegar a 50% na avaliação da população.

Em uma eleição nacional, sem a abundância de recursos que marcaram as anteriores, a exploração do fato de que após o inferno do desastre criado pelo governo Dilma estarmos em franca recuperação deve ser uma força para ser explorada pelos candidatos de centro direita. Por outro lado, os candidatos de esquerda não terão mais o discurso fácil do desemprego crescente, da inflação elevada e da queda do poder de compra da sociedade para fazer seu proselitismo eleitoral. Sua força ficará restrita a poucas regiões do país que não terão ainda se recuperado de forma clara dos efeitos da recessão que vivemos. Também penso que os candidatos da direita radical, pela mesma razão, terão enormes dificuldades para aumentar seu poder eleitoral.

Sabemos que, em uma situação econômica bem mais confortável, o brasileiro se move para o centro e evita os extremos. Nós já estamos sentindo isto hoje na frieza das manifestações das ruas, como aconteceu nas comemorações do Sete de setembro em Brasília. O presidente, apesar da ameaça de uma segunda denúncia e do dinheiro no apartamento de Geddel Vieira Lima, não foi vaiado e o chamado Grito dos Excluídos não chegou a reunir mais do que trezentos gatos pingados.

Fica finalmente a questão da Lava-Jato e sua influência sobre o eleitorado. O desgaste criado pelo escândalo da delação da JBS e a troca de guarda na PGR devem reduzir a tensão política no Congresso e fortalecer a unidade na base do presidente Temer, tendência que será fortalecida pela melhora da economia. Além disto o PT, envolvido até a raiz, vai viver dias muito difíceis em função da situação de Lula e lideranças importantes do partido.

Finalmente, ficam as ameaças hoje desconhecidas dos Black Swans que citei no início desta coluna. Uma delas pode vir de fora, seja na questão da Coreia do Norte seja na gestão da economia americana — em função da instabilidade do governo Trump. Outro evento desta natureza pode vir da Lava-Jato, pois o passado que está sendo investigado é, sem dúvida alguma, pantanoso e fétido, e alguma coisa não prevista hoje pode ocorrer.