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O governo Trump e o Brasil

Na coluna da semana passada procurei refletir sobre o que esperar do governo Trump, tomando como referência algum conhecimento de tenho sobre governos populistas na história contemporânea. Me ajudou muito a leitura de inúmeros artigos que dominaram a imprensa internacional, principalmente no jornal inglês Financial Times, que é minha fonte principal de reflexões em momentos […]

NIGEL FARAGE E DONALD TRUMP: juntos na cruzada contra o livre comércio / Jonathan Bachman/ Getty Images
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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2016 às 14h39.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h23.

Na coluna da semana passada procurei refletir sobre o que esperar do governo Trump, tomando como referência algum conhecimento de tenho sobre governos populistas na história contemporânea. Me ajudou muito a leitura de inúmeros artigos que dominaram a imprensa internacional, principalmente no jornal inglês Financial Times, que é minha fonte principal de reflexões em momentos como este. Hoje, gostaria de pensar sobre a influência que seu governo poderá ter sobre o Brasil durante os próximos anos.

Esta tarefa fica facilitada pelo fato de que nosso querido país tem hoje um papel muito limitado quando se pensa nas questões de política internacional. Esta fragilidade vai ficar ainda mais evidente em momentos como o que vamos viver a partir de janeiro, quando o novo presidente americano vai assumir de forma definitiva o comando da maior e mais poderosa nação do mundo. As mudanças que deverão ocorrer no equilíbrio geopolítico mundial, depois de mais de duas décadas do colapso do mundo soviético, vão estar concentradas na Europa, China e Japão.

Quanto a mudanças na economia temos que ser mais cuidadosos, pois o Brasil tem um papel mais relevante no mundo globalizado de hoje. Portanto, alterações mais radicais no equilíbrio dos últimos anos devem ter influência maior sobre nosso futuro. Afinal, os pronunciamentos e a agenda de Trump prometem mudanças em uma das questões centrais do soft econômico que tem prevalecido no século que vivemos: a globalização da economia. E mudanças na forma como as economias se organizam no espaço geográfico das nações afetam tanto o chamado primeiro mundo como os países emergentes.

Como escrevi nesta coluna na semana passada, com o governo Trump pode cair um dominó importante deste arranjo econômico, depois dos questionamentos da opinião pública que já vem ocorrendo em vários países da Europa e, principalmente, no Reino Unido com o Brexit. Neste sentido é revelador o encontro caloroso entre o presidente americano e o líder histórico do movimento do Brexit no Reino Unido, Nigel Farage, logo após as eleições nos Estados Unidos. Se o dominó americano do livre comércio também cair, o jogo da globalização como conhecemos hoje pode virar mesmo.

O movimento entre ganhadores e perdedores se este cenário se confirmar ainda não está claro. Mas certamente o Brasil não será um dos mais atingidos, pois nossa economia ainda não se integrou de corpo — e principalmente alma — neste ambiente de economias globalizadas. Nossa inserção mais importante vem das exportações de produtos primários que não devem ser atingidos em uma primeira onda de protecionismo no Primeiro Mundo. Apenas se, em função de mudanças atabalhoadas e sem controle que forem tomadas levarem a economia mundial para uma recessão profunda, é que vamos sofrer nas nossas exportações. O mesmo não vai acontecer com o México e o Canadá principalmente em função do acordo do NAFTA que torna a América do Norte realmente um dos espaços mais integrados de comercio regional.

Outro ponto importante a se considerar é que, mesmo em uma versão mais dura das mudanças comerciais nos Estados Unidos, este processo vai levar um certo tempo para acontecer. Não é uma questão que estará à nossa porta na primeira metade do próximo ano, embora o pânico que pode se estabelecer em função das incertezas e das improvisações que vão ocorrer na Casa Branca possa, na prática, antecipar reações mais violentas no mercado. O que vem acontecendo no caso do Reino Unido é um bom aviso para todos nós.

Mendonça de barros

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Na coluna da semana passada procurei refletir sobre o que esperar do governo Trump, tomando como referência algum conhecimento de tenho sobre governos populistas na história contemporânea. Me ajudou muito a leitura de inúmeros artigos que dominaram a imprensa internacional, principalmente no jornal inglês Financial Times, que é minha fonte principal de reflexões em momentos como este. Hoje, gostaria de pensar sobre a influência que seu governo poderá ter sobre o Brasil durante os próximos anos.

Esta tarefa fica facilitada pelo fato de que nosso querido país tem hoje um papel muito limitado quando se pensa nas questões de política internacional. Esta fragilidade vai ficar ainda mais evidente em momentos como o que vamos viver a partir de janeiro, quando o novo presidente americano vai assumir de forma definitiva o comando da maior e mais poderosa nação do mundo. As mudanças que deverão ocorrer no equilíbrio geopolítico mundial, depois de mais de duas décadas do colapso do mundo soviético, vão estar concentradas na Europa, China e Japão.

Quanto a mudanças na economia temos que ser mais cuidadosos, pois o Brasil tem um papel mais relevante no mundo globalizado de hoje. Portanto, alterações mais radicais no equilíbrio dos últimos anos devem ter influência maior sobre nosso futuro. Afinal, os pronunciamentos e a agenda de Trump prometem mudanças em uma das questões centrais do soft econômico que tem prevalecido no século que vivemos: a globalização da economia. E mudanças na forma como as economias se organizam no espaço geográfico das nações afetam tanto o chamado primeiro mundo como os países emergentes.

Como escrevi nesta coluna na semana passada, com o governo Trump pode cair um dominó importante deste arranjo econômico, depois dos questionamentos da opinião pública que já vem ocorrendo em vários países da Europa e, principalmente, no Reino Unido com o Brexit. Neste sentido é revelador o encontro caloroso entre o presidente americano e o líder histórico do movimento do Brexit no Reino Unido, Nigel Farage, logo após as eleições nos Estados Unidos. Se o dominó americano do livre comércio também cair, o jogo da globalização como conhecemos hoje pode virar mesmo.

O movimento entre ganhadores e perdedores se este cenário se confirmar ainda não está claro. Mas certamente o Brasil não será um dos mais atingidos, pois nossa economia ainda não se integrou de corpo — e principalmente alma — neste ambiente de economias globalizadas. Nossa inserção mais importante vem das exportações de produtos primários que não devem ser atingidos em uma primeira onda de protecionismo no Primeiro Mundo. Apenas se, em função de mudanças atabalhoadas e sem controle que forem tomadas levarem a economia mundial para uma recessão profunda, é que vamos sofrer nas nossas exportações. O mesmo não vai acontecer com o México e o Canadá principalmente em função do acordo do NAFTA que torna a América do Norte realmente um dos espaços mais integrados de comercio regional.

Outro ponto importante a se considerar é que, mesmo em uma versão mais dura das mudanças comerciais nos Estados Unidos, este processo vai levar um certo tempo para acontecer. Não é uma questão que estará à nossa porta na primeira metade do próximo ano, embora o pânico que pode se estabelecer em função das incertezas e das improvisações que vão ocorrer na Casa Branca possa, na prática, antecipar reações mais violentas no mercado. O que vem acontecendo no caso do Reino Unido é um bom aviso para todos nós.

Mendonça de barros

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