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O ciclo de recuperação na Europa está completo

Nesta segunda feira foi divulgado o índice de desemprego em fevereiro nos 28 países da EU. O índice chegou a 8% da população economicamente ativa, vindo de 11% no pico da recessão no ano de 2013. A partir deste ponto – e durante os 4 anos seguintes – a taxa de desemprego reduziu-se continuadamente sob […]

ILAN GOLDFAJN, PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL: o “complexo de Wiedman” do Banco Central brasileiro é o que está retardando o aparecimento do ciclo de recuperação / Marcelo Camargo/ Agência Brasil
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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2017 às 07h24.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h56.

Nesta segunda feira foi divulgado o índice de desemprego em fevereiro nos 28 países da EU. O índice chegou a 8% da população economicamente ativa, vindo de 11% no pico da recessão no ano de 2013. A partir deste ponto – e durante os 4 anos seguintes – a taxa de desemprego reduziu-se continuadamente sob o impacto da política monetária ultra expansionista do BCE. Foi o período comandado com muita coragem pelo italiano Mario Draghi, apesar da oposição continua do presidente do Bundesbank, o alemão Jens Weidman.

O jovem e radical Weidman ameaçava a Europa Unida com o fantasma da inflação e do colapso do euro nos mercados de câmbio. Com o passar do tempo, e sob o peso do sucesso da política de Mario Draghi, ele foi ficando menor e desaparecendo do noticiário econômico mundial. Hoje, com a publicação destes dados e do ISM para o mês de março, Weidman deve a todos nós um pedido público de desculpas.

Mas deixando de lado o fracasso pessoal do presidente do Bundesbank quero aproveitar este nosso encontro semanal para chamar a atenção do leitor da Exame para a questão da relevância dos ciclos econômicos de curto prazo na análise econômica. Isto é importante pois a economia brasileira vive hoje uma dinâmica muito parecida com a que aconteceu na Europa entre 2007 e agora. Podemos identificar suas etapas como sendo: formação, estouro e recuperação.

Outro exemplo importante para entender este ciclo de curto prazo é a bolha americana do sub prime iniciada em 2014/2015 e que estourou em junho de 2008 com a falência do banco Lehman Brothers. O gráfico com os principais dados econômicos nos USA – e agora na Europa – mostram de maneira muito clara a semelhança dos dois ciclos. Uma primeira lição que podemos tirar deste passado recente é que a parte expansionista da BOLHA é muito mais efêmera do que o período de recuperação da atividade econômica. Ela durou no caso do euro apenas três anos, entre 2005 e 2008, enquanto a fase da crise levou quase 10 anos para ser revertida. No período de três anos da formação da bolha o desemprego caiu menos de 2%, enquanto que na fase da recuperação ele aumentou 3% sobre o nível anterior à crise e persistiu por quase oito anos. Certamente um mau negócio para a sociedade, com um altíssimo custo social.

Mas voltemos nossa atenção para a bolha brasileira criada na passagem do governo Lula para o de Dilma Rousseff. Como sempre acontece no mundo real é crucial para o analista separar os pontos que aproximam situações semelhantes das características próprias de cada uma. No caso das três bolhas aqui tratadas o elemento comum é o excesso de crédito ao consumo na sua origem. No caso americano e europeu outro ponto convergente foi a adoção – depois do estouro da bolha – de uma política monetária ultra expansionista, com juros negativos e compra maciça de títulos públicos.

Diferenciou os dois casos, a política fiscal também ultra expansionista no caso dos Estados Unidos contra o conservadorismo adotado pelas autoridades na grande maioria dos 28 países da EU. Outra divergência foi a crise bancária, muito mais intensa em Wall Street do que no continente europeu.

Tomando como padrão estes dois casos de bolha de consumo já em fase final de correção, podemos olhar com mais segurança para o nosso caso. Em primeiro lugar o governo do PT usou, ainda na fase de expansão da bolha de crédito, uma política monetária e fiscal ultra expansionista, o que fez a bolha brasileira mais intensa do que a europeia e a americana. Por isto o tombo da atividade econômica e do emprego ter sido muito maior entre nós. Outra característica importante do caso brasileiro foi o pouco espaço da política fiscal como fator de estímulo da atividade econômica, restando apenas a decisão de acomodar o déficit primário ocasionado pela queda expressiva da arrecadação.

O que temos de diferente no Brasil pós bolha é uma política monetária muito rígida para as condições de demanda, com a manutenção de juros reais em elevação pela intensidade maior da desinflação dos últimos meses. Este “complexo de Wiedman” do Banco Central brasileiro é o que está retardando o aparecimento do ciclo de recuperação, mas que certamente ainda virá. Vejam no gráfico 2 anexo a comparação do PMI médio contra o PMI Brasil.

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Nesta segunda feira foi divulgado o índice de desemprego em fevereiro nos 28 países da EU. O índice chegou a 8% da população economicamente ativa, vindo de 11% no pico da recessão no ano de 2013. A partir deste ponto – e durante os 4 anos seguintes – a taxa de desemprego reduziu-se continuadamente sob o impacto da política monetária ultra expansionista do BCE. Foi o período comandado com muita coragem pelo italiano Mario Draghi, apesar da oposição continua do presidente do Bundesbank, o alemão Jens Weidman.

O jovem e radical Weidman ameaçava a Europa Unida com o fantasma da inflação e do colapso do euro nos mercados de câmbio. Com o passar do tempo, e sob o peso do sucesso da política de Mario Draghi, ele foi ficando menor e desaparecendo do noticiário econômico mundial. Hoje, com a publicação destes dados e do ISM para o mês de março, Weidman deve a todos nós um pedido público de desculpas.

Mas deixando de lado o fracasso pessoal do presidente do Bundesbank quero aproveitar este nosso encontro semanal para chamar a atenção do leitor da Exame para a questão da relevância dos ciclos econômicos de curto prazo na análise econômica. Isto é importante pois a economia brasileira vive hoje uma dinâmica muito parecida com a que aconteceu na Europa entre 2007 e agora. Podemos identificar suas etapas como sendo: formação, estouro e recuperação.

Outro exemplo importante para entender este ciclo de curto prazo é a bolha americana do sub prime iniciada em 2014/2015 e que estourou em junho de 2008 com a falência do banco Lehman Brothers. O gráfico com os principais dados econômicos nos USA – e agora na Europa – mostram de maneira muito clara a semelhança dos dois ciclos. Uma primeira lição que podemos tirar deste passado recente é que a parte expansionista da BOLHA é muito mais efêmera do que o período de recuperação da atividade econômica. Ela durou no caso do euro apenas três anos, entre 2005 e 2008, enquanto a fase da crise levou quase 10 anos para ser revertida. No período de três anos da formação da bolha o desemprego caiu menos de 2%, enquanto que na fase da recuperação ele aumentou 3% sobre o nível anterior à crise e persistiu por quase oito anos. Certamente um mau negócio para a sociedade, com um altíssimo custo social.

Mas voltemos nossa atenção para a bolha brasileira criada na passagem do governo Lula para o de Dilma Rousseff. Como sempre acontece no mundo real é crucial para o analista separar os pontos que aproximam situações semelhantes das características próprias de cada uma. No caso das três bolhas aqui tratadas o elemento comum é o excesso de crédito ao consumo na sua origem. No caso americano e europeu outro ponto convergente foi a adoção – depois do estouro da bolha – de uma política monetária ultra expansionista, com juros negativos e compra maciça de títulos públicos.

Diferenciou os dois casos, a política fiscal também ultra expansionista no caso dos Estados Unidos contra o conservadorismo adotado pelas autoridades na grande maioria dos 28 países da EU. Outra divergência foi a crise bancária, muito mais intensa em Wall Street do que no continente europeu.

Tomando como padrão estes dois casos de bolha de consumo já em fase final de correção, podemos olhar com mais segurança para o nosso caso. Em primeiro lugar o governo do PT usou, ainda na fase de expansão da bolha de crédito, uma política monetária e fiscal ultra expansionista, o que fez a bolha brasileira mais intensa do que a europeia e a americana. Por isto o tombo da atividade econômica e do emprego ter sido muito maior entre nós. Outra característica importante do caso brasileiro foi o pouco espaço da política fiscal como fator de estímulo da atividade econômica, restando apenas a decisão de acomodar o déficit primário ocasionado pela queda expressiva da arrecadação.

O que temos de diferente no Brasil pós bolha é uma política monetária muito rígida para as condições de demanda, com a manutenção de juros reais em elevação pela intensidade maior da desinflação dos últimos meses. Este “complexo de Wiedman” do Banco Central brasileiro é o que está retardando o aparecimento do ciclo de recuperação, mas que certamente ainda virá. Vejam no gráfico 2 anexo a comparação do PMI médio contra o PMI Brasil.

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