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O Brasil de centro direita

O colapso da hegemonia política do PT abriu um caminho longo e virtuoso para a construção de um novo equilíbrio ideológico no Brasil. Esta afirmação tem hoje uma aceitação crescente entre os analistas políticos, como o articulista Marcos Nobre do Valor Econômico na edição desta segunda feira. Vale a pena lê-lo. Defendo esta mudança de […]

PT: o colapso da hegemonia política do partido abriu um caminho para a construção de um novo equilíbrio ideológico no Brasil / Lula Marques/ Agência PT
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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 15h39.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h02.

O colapso da hegemonia política do PT abriu um caminho longo e virtuoso para a construção de um novo equilíbrio ideológico no Brasil. Esta afirmação tem hoje uma aceitação crescente entre os analistas políticos, como o articulista Marcos Nobre do Valor Econômico na edição desta segunda feira. Vale a pena lê-lo.

Defendo esta mudança de cenário desde o início de 2015 quando ficou evidente que a crise na economia que se desenhava iria destruir o incrível apoio popular construído por Lula e seu partido a partir de 2008. O ciclo de comodities – principal causa econômica deste fenômeno – terminou em 2012 e colocou a trajetória da economia brasileira na direção de uma bolha de credito e consumo que explode.

Mas nos anos iniciais do primeiro mandato de Dilma o governo tentou uma manobra perigosa e desesperada de tentar reverter este quadro via redução de juros, aumento ainda maior do credito público e uma irresponsável política fiscal. Foram colocados mais de 500 bilhões de reais de dinheiro fiscal sem lastro no BNDES e iniciou-se a prática de estímulos fiscais a certos setores das empresas privadas sem que o Tesouro tive recursos para isto.

Todo este arsenal mobilizado pela equipe econômica sob a desculpa de fazer parte de uma política anticíclica, deu um folgo trôpego nos anos que antecederam as eleições de 2014. Mas quando as urnas foram abertas a economia entrou em colapso e os custos de tanta irresponsabilidade acabaram por afundar de vez a hegemonia petista. Não deu tempo para jogar a culpa da inflação de dois dígitos e do desemprego de 12 milhões de pessoas nas costas da oposição.

O governo Temer herdou então um cenário muito favorável para administrar este movimento de 180 graus que acontecia na sociedade. Como ocorre com frequência nas democracias de massa uma mudança tão drástica na sensação de bem-estar econômico cria as condições objetivas para os opositores do ancien regime. Quase que de imediato alguns dos valores mais caros ao governo fracassado são demonizados e os da oposição passam a ser buscados como alternativa.

Outro ponto favorável ao governo Temer – e que deve facilitar a reconstrução dos valores políticos e econômicos de centro direita nos próximos anos pode ser buscado na teoria econômica mais tradicional. Sob uma gestão correta da economia, ao quadro de ajuste depois de uma bolha que estoura segue-se uma recuperação cíclica forte por pelo menos três anos. Estes ensinamentos estão claros e disponíveis a todos no comportamento da economia americana depois da crise de 2008/2009.

Mas este movimento radical – embora totalmente legítimo – da sociedade precisa ser entendido em toda a sua complexidade pela nova liderança política que emerge das cinzas do período do PT. Se isto não acontecer corremos o risco de nas eleições de 2018 o forte sentimento de frustação e revolta do povo se transformar na busca do desconhecido. Por isto a responsabilidade do governo atual em administrar com eficiência a recuperação cíclica de um lado e lançar as bases para uma reforma estrutural de longo prazo da economia e do sistema político. Para tanto vai precisar entender até onde a população está preparada a aceitar e deixar de lado os radicais de uma verdadeira revolução liberal de imediato.

Tarefa hercúlea e que não admite muitos erros na sua condução.

Mendonça de barros

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Defendo esta mudança de cenário desde o início de 2015 quando ficou evidente que a crise na economia que se desenhava iria destruir o incrível apoio popular construído por Lula e seu partido a partir de 2008. O ciclo de comodities – principal causa econômica deste fenômeno – terminou em 2012 e colocou a trajetória da economia brasileira na direção de uma bolha de credito e consumo que explode.

Mas nos anos iniciais do primeiro mandato de Dilma o governo tentou uma manobra perigosa e desesperada de tentar reverter este quadro via redução de juros, aumento ainda maior do credito público e uma irresponsável política fiscal. Foram colocados mais de 500 bilhões de reais de dinheiro fiscal sem lastro no BNDES e iniciou-se a prática de estímulos fiscais a certos setores das empresas privadas sem que o Tesouro tive recursos para isto.

Todo este arsenal mobilizado pela equipe econômica sob a desculpa de fazer parte de uma política anticíclica, deu um folgo trôpego nos anos que antecederam as eleições de 2014. Mas quando as urnas foram abertas a economia entrou em colapso e os custos de tanta irresponsabilidade acabaram por afundar de vez a hegemonia petista. Não deu tempo para jogar a culpa da inflação de dois dígitos e do desemprego de 12 milhões de pessoas nas costas da oposição.

O governo Temer herdou então um cenário muito favorável para administrar este movimento de 180 graus que acontecia na sociedade. Como ocorre com frequência nas democracias de massa uma mudança tão drástica na sensação de bem-estar econômico cria as condições objetivas para os opositores do ancien regime. Quase que de imediato alguns dos valores mais caros ao governo fracassado são demonizados e os da oposição passam a ser buscados como alternativa.

Outro ponto favorável ao governo Temer – e que deve facilitar a reconstrução dos valores políticos e econômicos de centro direita nos próximos anos pode ser buscado na teoria econômica mais tradicional. Sob uma gestão correta da economia, ao quadro de ajuste depois de uma bolha que estoura segue-se uma recuperação cíclica forte por pelo menos três anos. Estes ensinamentos estão claros e disponíveis a todos no comportamento da economia americana depois da crise de 2008/2009.

Mas este movimento radical – embora totalmente legítimo – da sociedade precisa ser entendido em toda a sua complexidade pela nova liderança política que emerge das cinzas do período do PT. Se isto não acontecer corremos o risco de nas eleições de 2018 o forte sentimento de frustação e revolta do povo se transformar na busca do desconhecido. Por isto a responsabilidade do governo atual em administrar com eficiência a recuperação cíclica de um lado e lançar as bases para uma reforma estrutural de longo prazo da economia e do sistema político. Para tanto vai precisar entender até onde a população está preparada a aceitar e deixar de lado os radicais de uma verdadeira revolução liberal de imediato.

Tarefa hercúlea e que não admite muitos erros na sua condução.

Mendonça de barros

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