As eleições e a economia
Os resultados ainda parciais das eleições para prefeito realizadas no último domingo precisam ser entendidos no quadro de transição política que o Brasil vive hoje. O colapso do PT, depois de quase 14 anos de uma hegemonia nunca vista nos anos recentes de nossa história, é a fotografia mais nítida que podemos extrair da vontade […]
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2016 às 19h41.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h23.
Os resultados ainda parciais das eleições para prefeito realizadas no último domingo precisam ser entendidos no quadro de transição política que o Brasil vive hoje. O colapso do PT, depois de quase 14 anos de uma hegemonia nunca vista nos anos recentes de nossa história, é a fotografia mais nítida que podemos extrair da vontade do eleitor. Mas se esta nitidez é inquestionável, então sua importância na construção de cenários alternativos para os próximos anos é, para mim, desprezível. Ou seja, o papel do PT como protagonista da construção de um novo equilíbrio político no Brasil será muito reduzido e aconselho o leitor de EXAME Hoje esquecer dele nos próximos anos.
Uma segunda fotografia que podemos tirar dos resultados é o crescimento do PSDB, tanto em termos nacionais como em colégios eleitorais de alto simbolismo como foi o caso de São Paulo, das cidades do ABC e Porto Alegre. Este seu movimento mostra que, apesar do domínio petista nos últimos anos, o partido dos tucanos se manteve vivo no imaginário do eleitor e se reencontrou agora com uma parcela importante de seus antigos apoiadores. Claramente um movimento de gangorra entre dois polos que dominaram a cena política eleitoral dos últimos 20 anos no Brasil. Para as eleições de 2018, os resultados das urnas de domingo abrem uma avenida para a volta do PSDB ao poder se suas lideranças — novas e velhas — tiverem juízo e competência.
Uma terceira informação — que precisamos tratar com mais cuidado pois sua fotografia ainda não apresenta a nitidez necessária para conclusões definitivas — foram os resultados de Salvador e outras cidades importantes no Brasil em que, a chamada direita conservadora deu uma surra nas esquerdas, sejam elas revolucionárias ou não. Eles apontam para uma mudança no posicionamento ideológico de uma grande parte dos eleitores, depois que a crise econômica quebrou o cristal que os ligou ao PT nos anos mágicos do ciclo de commodities. Se isto for — como acredito — um movimento verdadeiro, as tintas desta fotografia vão se tornar cada vez mais nítidas no caminho das eleições de 2018. E uma nova hegemonia no Congresso poderá ser formada.
Finalmente chamo o leitor a uma reflexão serena sobre o PMDB e sua posição nesta eventual nova maioria política que emergirá do pleito de domingo. Apesar de derrotas importantes como no Rio de Janeiro e São Paulo, o resultado nacional do partido foi expressivo. Com mais de 1.000 prefeitos eleitos em todo o nosso território, o PMDB ainda é o maior partido político no Brasil e peça fundamental na estabilidade de qualquer governo em Brasília. Como todos sabemos, esta inflexão à direita que parece estar ocorrendo não representa uma dificuldade maior de adaptação para o partido. Pelo contrário, a grande maioria de seus membros e lideranças estarão mais à vontade com valores da centro-direita do que na aliança com o PT. Ou seja, a cooptação do PMDB pelo novo centro político que está sendo formado se dará de forma natural e feliz. Como aconteceu no período FHC.
Ao longo de 2017, na medida em que a economia comece a sinalizar uma recuperação cíclica mais vigorosa e a inflação volte a um leito de normalidade tenho a convicção de que esta marcha para a centro direita vai se consolidar entre nós. Os valores petistas dos últimos anos serão esquecidos e uma nova liderança — com novos e velhos políticos — vai aparecer e comandar por um novo ciclo nossos destinos. Bem em tempo para que possamos enfrentar os desafios estruturais que ameaçam nosso futuro e um novo período de crescimento sustentado seja criado.
Os resultados ainda parciais das eleições para prefeito realizadas no último domingo precisam ser entendidos no quadro de transição política que o Brasil vive hoje. O colapso do PT, depois de quase 14 anos de uma hegemonia nunca vista nos anos recentes de nossa história, é a fotografia mais nítida que podemos extrair da vontade do eleitor. Mas se esta nitidez é inquestionável, então sua importância na construção de cenários alternativos para os próximos anos é, para mim, desprezível. Ou seja, o papel do PT como protagonista da construção de um novo equilíbrio político no Brasil será muito reduzido e aconselho o leitor de EXAME Hoje esquecer dele nos próximos anos.
Uma segunda fotografia que podemos tirar dos resultados é o crescimento do PSDB, tanto em termos nacionais como em colégios eleitorais de alto simbolismo como foi o caso de São Paulo, das cidades do ABC e Porto Alegre. Este seu movimento mostra que, apesar do domínio petista nos últimos anos, o partido dos tucanos se manteve vivo no imaginário do eleitor e se reencontrou agora com uma parcela importante de seus antigos apoiadores. Claramente um movimento de gangorra entre dois polos que dominaram a cena política eleitoral dos últimos 20 anos no Brasil. Para as eleições de 2018, os resultados das urnas de domingo abrem uma avenida para a volta do PSDB ao poder se suas lideranças — novas e velhas — tiverem juízo e competência.
Uma terceira informação — que precisamos tratar com mais cuidado pois sua fotografia ainda não apresenta a nitidez necessária para conclusões definitivas — foram os resultados de Salvador e outras cidades importantes no Brasil em que, a chamada direita conservadora deu uma surra nas esquerdas, sejam elas revolucionárias ou não. Eles apontam para uma mudança no posicionamento ideológico de uma grande parte dos eleitores, depois que a crise econômica quebrou o cristal que os ligou ao PT nos anos mágicos do ciclo de commodities. Se isto for — como acredito — um movimento verdadeiro, as tintas desta fotografia vão se tornar cada vez mais nítidas no caminho das eleições de 2018. E uma nova hegemonia no Congresso poderá ser formada.
Finalmente chamo o leitor a uma reflexão serena sobre o PMDB e sua posição nesta eventual nova maioria política que emergirá do pleito de domingo. Apesar de derrotas importantes como no Rio de Janeiro e São Paulo, o resultado nacional do partido foi expressivo. Com mais de 1.000 prefeitos eleitos em todo o nosso território, o PMDB ainda é o maior partido político no Brasil e peça fundamental na estabilidade de qualquer governo em Brasília. Como todos sabemos, esta inflexão à direita que parece estar ocorrendo não representa uma dificuldade maior de adaptação para o partido. Pelo contrário, a grande maioria de seus membros e lideranças estarão mais à vontade com valores da centro-direita do que na aliança com o PT. Ou seja, a cooptação do PMDB pelo novo centro político que está sendo formado se dará de forma natural e feliz. Como aconteceu no período FHC.
Ao longo de 2017, na medida em que a economia comece a sinalizar uma recuperação cíclica mais vigorosa e a inflação volte a um leito de normalidade tenho a convicção de que esta marcha para a centro direita vai se consolidar entre nós. Os valores petistas dos últimos anos serão esquecidos e uma nova liderança — com novos e velhos políticos — vai aparecer e comandar por um novo ciclo nossos destinos. Bem em tempo para que possamos enfrentar os desafios estruturais que ameaçam nosso futuro e um novo período de crescimento sustentado seja criado.