Exame Logo

A sabedoria do povo

O instituto Datafolha publicou na última semana uma pesquisa sobre como o brasileiro está avaliando o governo Temer nestes primeiros dois meses de sua interinidade. Embora ainda de maneira frágil, começa a se delinear uma tendência de melhora na percepção de como a população está aceitando o novo presidente. Mais importante ainda, os primeiros indicadores […]

MICHEL TEMER: começa a se delinear uma tendência de melhora na percepção de como a população está aceitando o presidente em exercício / Evaristo Sa / Getty Images (Evaristo Sa/Getty Images/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2016 às 13h29.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h55.

O instituto Datafolha publicou na última semana uma pesquisa sobre como o brasileiro está avaliando o governo Temer nestes primeiros dois meses de sua interinidade. Embora ainda de maneira frágil, começa a se delinear uma tendência de melhora na percepção de como a população está aceitando o novo presidente. Mais importante ainda, os primeiros indicadores de um futuro melhor já permeiam as respostas dos entrevistados. Não por outra razão, mais da metade deles hoje prefere Temer contra apenas 30% que defendem a volta de Dilma.

O importante é que o governo interino passou a despertar mais otimismo nos brasileiros em relação ao futuro da economia e sua situação pessoal. E tem uma avaliação melhor do que a da antecessora. Os números recentes do Datafolha revertem os sinais captados em pesquisas de opinião anteriores e que colocavam Dilma e Temer no mesmo grupo de perdedores.

Esta coluna chamou a atenção de seus leitores em 11 de julho passado para o fato de a recuperação cíclica da economia já ter entrado no radar de muitos dos céticos analistas de mercado. E este comportamento acelerou-se entre a data daquela coluna e os dias de hoje. Mas os sinais de que esta nova leitura do futuro começa a chegar ao cidadão comum é nova e muito importante para o sucesso do governo.

Afinal, a continuidade no tempo da recuperação da economia depende de mudanças estruturais importantes em setores críticos – como nas finanças públicas e no ambiente de negócios privados – que só podem ser levadas adiante no Congresso com muita força política. E a força política de Temer só será construída a partir de uma aprovação significativa – mais de dois terços – da população.

E como virá este apoio? Certamente com a volta do crescimento econômico e seus frutos subsidiários como o fim do medo de perder o emprego, a confiança no crescimento da renda pessoal em função da estabilidade da inflação e, mais à frente, na abertura de novos postos de trabalho. E este cenário está à nossa frente de forma natural em função do que os economistas chamam de recuperação cíclica depois do estouro da bolha de consumo, como a criada pelo petismo entre 2008 e 2012. Este é um ponto importante na discussão sobre os rumos da política econômica nos próximos meses.

Um grupo de economistas defende a tese de que apenas com reformas radicais e imediatas o crescimento econômico se sustenta, mesmo no curto prazo. E cobram uma postura suicida do governo no Congresso. Por outro lado, existem os que, como eu, defendem uma visão de um longo processo para a efetivação das reformas estruturais que precisamos encarar como sociedade. O importante seria usar o período do governo Temer para uma discussão ampla sobre o melhor caminho a trilhar, aproveitando o apoio da opinião pública para algumas mudanças importantes, mas que não afetem de imediato a vida das pessoas.

Uma das medidas que pode ser aprovada agora é, por exemplo, a limitação constitucional do crescimento das despesas públicas até que a estabilidade de longo prazo da dívida pública seja alcançada. Já um exemplo de medida a ser evitada na interinidade de Temer é a busca da reforma radical da Previdência Pública.

O melhor cenário que se pode desejar para os próximos anos é a consolidação da recuperação cíclica sob os efeitos positivos de uma política econômica responsável e eficiente, criando um fortalecimento político do governo Temer. Isto acontecendo, poderemos ter nas eleições de 2018 um debate franco sobre as questões estruturais mais críticas de nosso modelo atual e propostas concretas de mudanças no período de 2019 a 2022.

Mendonça de barros

Veja também

O instituto Datafolha publicou na última semana uma pesquisa sobre como o brasileiro está avaliando o governo Temer nestes primeiros dois meses de sua interinidade. Embora ainda de maneira frágil, começa a se delinear uma tendência de melhora na percepção de como a população está aceitando o novo presidente. Mais importante ainda, os primeiros indicadores de um futuro melhor já permeiam as respostas dos entrevistados. Não por outra razão, mais da metade deles hoje prefere Temer contra apenas 30% que defendem a volta de Dilma.

O importante é que o governo interino passou a despertar mais otimismo nos brasileiros em relação ao futuro da economia e sua situação pessoal. E tem uma avaliação melhor do que a da antecessora. Os números recentes do Datafolha revertem os sinais captados em pesquisas de opinião anteriores e que colocavam Dilma e Temer no mesmo grupo de perdedores.

Esta coluna chamou a atenção de seus leitores em 11 de julho passado para o fato de a recuperação cíclica da economia já ter entrado no radar de muitos dos céticos analistas de mercado. E este comportamento acelerou-se entre a data daquela coluna e os dias de hoje. Mas os sinais de que esta nova leitura do futuro começa a chegar ao cidadão comum é nova e muito importante para o sucesso do governo.

Afinal, a continuidade no tempo da recuperação da economia depende de mudanças estruturais importantes em setores críticos – como nas finanças públicas e no ambiente de negócios privados – que só podem ser levadas adiante no Congresso com muita força política. E a força política de Temer só será construída a partir de uma aprovação significativa – mais de dois terços – da população.

E como virá este apoio? Certamente com a volta do crescimento econômico e seus frutos subsidiários como o fim do medo de perder o emprego, a confiança no crescimento da renda pessoal em função da estabilidade da inflação e, mais à frente, na abertura de novos postos de trabalho. E este cenário está à nossa frente de forma natural em função do que os economistas chamam de recuperação cíclica depois do estouro da bolha de consumo, como a criada pelo petismo entre 2008 e 2012. Este é um ponto importante na discussão sobre os rumos da política econômica nos próximos meses.

Um grupo de economistas defende a tese de que apenas com reformas radicais e imediatas o crescimento econômico se sustenta, mesmo no curto prazo. E cobram uma postura suicida do governo no Congresso. Por outro lado, existem os que, como eu, defendem uma visão de um longo processo para a efetivação das reformas estruturais que precisamos encarar como sociedade. O importante seria usar o período do governo Temer para uma discussão ampla sobre o melhor caminho a trilhar, aproveitando o apoio da opinião pública para algumas mudanças importantes, mas que não afetem de imediato a vida das pessoas.

Uma das medidas que pode ser aprovada agora é, por exemplo, a limitação constitucional do crescimento das despesas públicas até que a estabilidade de longo prazo da dívida pública seja alcançada. Já um exemplo de medida a ser evitada na interinidade de Temer é a busca da reforma radical da Previdência Pública.

O melhor cenário que se pode desejar para os próximos anos é a consolidação da recuperação cíclica sob os efeitos positivos de uma política econômica responsável e eficiente, criando um fortalecimento político do governo Temer. Isto acontecendo, poderemos ter nas eleições de 2018 um debate franco sobre as questões estruturais mais críticas de nosso modelo atual e propostas concretas de mudanças no período de 2019 a 2022.

Mendonça de barros

Acompanhe tudo sobre:Exame Hoje

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se