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A primeira avaliação do governo Temer

Seguindo sua rotina de medir periodicamente o apoio popular ao presidente da República em exercício, o Ibope divulgou na última semana a primeira pesquisa relativa ao governo Temer. A reação da mídia foi tratar estes números como se vivêssemos um mandato presidencial tradicional, e não o primeiro mês de um período ainda provisório e conflituoso […]

MICHEL TEMER E DILMA ROUSSEFF: incertezas que ainda marcam a votação do impeachment e o fim do período de interinidade do presidente em exercício com certeza fragilizam o apoio popular a Temer / AFP / Getty Images
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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2016 às 11h50.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h10.

Seguindo sua rotina de medir periodicamente o apoio popular ao presidente da República em exercício, o Ibope divulgou na última semana a primeira pesquisa relativa ao governo Temer. A reação da mídia foi tratar estes números como se vivêssemos um mandato presidencial tradicional, e não o primeiro mês de um período ainda provisório e conflituoso como é o caso. Um erro primário de análise, a meu ver, e uma oportunidade perdida para dar ao leitor uma visão prospectiva sobre o momento que vivemos e o futuro próximo.

Uma lição que aprendi com o tempo: o analista das coisas da política e da economia nunca deve tentar extrair tendências de fatos que ainda não estão consolidados. Vai errar na maioria das vezes!

O governo Temer vive um momento natural de desconfiança por parte de uma população que enfrenta uma crise econômica profunda e sofre com o impacto terrível das revelações diárias da corrupção que tomou conta do sistema político. As denúncias contra a alta cúpula do PMDB colocaram Temer no mesmo grupo de Dilma Rousseff e outras lideranças do PT. Nestas condições seria impossível separar a avaliação do vice-presidente, eleito na mesma chapa da presidente afastada, de todo esse ambiente negativo.

Até agora, a única marca diferente do governo Temer em relação ao anterior vem da opção por uma política econômica diferenciada e baseada em valores ideológicos opostos aos que prevaleceram nos anos petistas. Mas mesmo esta diferença não foi ainda assimilada pela maior parte da população, pois vivemos ainda um ambiente de altas taxas de inflação e de desemprego, marcas principais do mandato de Dilma.

O fortalecimento do real nos mercados de câmbio e a redução de mais de 200 pontos da taxa de risco – CDS – de nossa dívida externa são indicadores importantes de novos tempos, mas que não chegam a ser percebidos fora do ambiente do mercado financeiro e da elite econômica. Da mesma forma, os chamados indicadores antecedentes de confiança dos empresários – tanto no comercio como na indústria -, que mostram uma reversão no ciclo econômico já em andamento, não chegam também ao universo do Ibope.

Por último, as incertezas que ainda marcam a votação do impeachment e o fim do período de interinidade do presidente em exercício com certeza fragilizam os níveis de apoio popular a seu governo. Por isto não me surpreendem os números divulgados. Apenas com a aprovação do impeachment pelo Senado Federal e a consolidação da recuperação econômica é que teremos uma informação mais clara e objetiva sobre a avaliação da população a respeito do novo presidente e seu governo.

Isto só ocorrerá, na minha opinião, ao longo do último trimestre do ano. Com a economia dando os primeiros sinais de crescimento e a estabilização dos índices de desemprego – que trará o fim das manchetes terríveis sobre o número de fechamento de postos de trabalho a cada mês – é que o apoio popular ao presidente deve voltar a níveis mais confortáveis.

Mas a grande mudança em relação ao governo só deverá ocorrer ao longo de 2018 se for confirmada a expectativa de um grupo de analistas – no qual me incluo – de que a economia estará crescendo a taxas próximas a 4% ao ano.

Até lá, os números divulgados pelo Ibope e outros institutos de opinião pública serão apenas ruídos, e não informações que valem a pena serem seguidas.

Mendonça de barros

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Uma lição que aprendi com o tempo: o analista das coisas da política e da economia nunca deve tentar extrair tendências de fatos que ainda não estão consolidados. Vai errar na maioria das vezes!

O governo Temer vive um momento natural de desconfiança por parte de uma população que enfrenta uma crise econômica profunda e sofre com o impacto terrível das revelações diárias da corrupção que tomou conta do sistema político. As denúncias contra a alta cúpula do PMDB colocaram Temer no mesmo grupo de Dilma Rousseff e outras lideranças do PT. Nestas condições seria impossível separar a avaliação do vice-presidente, eleito na mesma chapa da presidente afastada, de todo esse ambiente negativo.

Até agora, a única marca diferente do governo Temer em relação ao anterior vem da opção por uma política econômica diferenciada e baseada em valores ideológicos opostos aos que prevaleceram nos anos petistas. Mas mesmo esta diferença não foi ainda assimilada pela maior parte da população, pois vivemos ainda um ambiente de altas taxas de inflação e de desemprego, marcas principais do mandato de Dilma.

O fortalecimento do real nos mercados de câmbio e a redução de mais de 200 pontos da taxa de risco – CDS – de nossa dívida externa são indicadores importantes de novos tempos, mas que não chegam a ser percebidos fora do ambiente do mercado financeiro e da elite econômica. Da mesma forma, os chamados indicadores antecedentes de confiança dos empresários – tanto no comercio como na indústria -, que mostram uma reversão no ciclo econômico já em andamento, não chegam também ao universo do Ibope.

Por último, as incertezas que ainda marcam a votação do impeachment e o fim do período de interinidade do presidente em exercício com certeza fragilizam os níveis de apoio popular a seu governo. Por isto não me surpreendem os números divulgados. Apenas com a aprovação do impeachment pelo Senado Federal e a consolidação da recuperação econômica é que teremos uma informação mais clara e objetiva sobre a avaliação da população a respeito do novo presidente e seu governo.

Isto só ocorrerá, na minha opinião, ao longo do último trimestre do ano. Com a economia dando os primeiros sinais de crescimento e a estabilização dos índices de desemprego – que trará o fim das manchetes terríveis sobre o número de fechamento de postos de trabalho a cada mês – é que o apoio popular ao presidente deve voltar a níveis mais confortáveis.

Mas a grande mudança em relação ao governo só deverá ocorrer ao longo de 2018 se for confirmada a expectativa de um grupo de analistas – no qual me incluo – de que a economia estará crescendo a taxas próximas a 4% ao ano.

Até lá, os números divulgados pelo Ibope e outros institutos de opinião pública serão apenas ruídos, e não informações que valem a pena serem seguidas.

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