A Nova Matriz Econômica de Trump
É obrigação do analista de economia no Brasil se posicionar sobre o que ele espera do governo Trump. Embora nosso país não esteja na linha de frente da confusa estratégia de seu governo, vamos sem dúvida ser afetados por efeitos colaterais de suas ações. Por isto vou aproveitar nosso encontro desta semana para alinhar alguns […]
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2017 às 11h19.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h17.
É obrigação do analista de economia no Brasil se posicionar sobre o que ele espera do governo Trump. Embora nosso país não esteja na linha de frente da confusa estratégia de seu governo, vamos sem dúvida ser afetados por efeitos colaterais de suas ações. Por isto vou aproveitar nosso encontro desta semana para alinhar alguns pontos que podem ser úteis para o leitor.
Diante de um governo que se anuncia caótico, e com poucas ideias claras sobre como governar a mais poderosa nação do mundo, é importante fixar algumas referências que a história nos ensina. A primeira – e a mais importantes delas – é que Donald Trump é um político populista, que segue o manual de governantes com estas características. Apesar de se apresentar como um homem com ideias novas – e quase revolucionárias – replica várias experiências fracassadas do passado.
E, deste modelo que se esperava nunca atingiria uma democracia como a americana, podemos tirar uma primeira lição.
Como todo político populista tradicional, percebeu em uma parcela importante da população americana um sentimento muito forte de frustração e ódio para com a elite econômica e política dos Estados Unidos e de outros países do primeiro mundo. Estava colocada assim a primeira pedra da construção de seu populismo que é a identificação de inimigos externos ao seu grupo de apoio político. O “nós contra eles” está na base da construção de seu apoio popular.
Identificado o inimigo, o segundo passo na sua busca do poder político é desenvolver um conjunto de ideias símbolo, embaladas em mensagens simples e de fácil entendimento para as massas de seus seguidores. Na versão atual elas são o fechamento da economia americana ao comércio internacional, o controle das fronteiras aos emigrantes e o repúdio aos acordos multilaterais de segurança internacional. Estas questões foram escolhidas não como o resultado de uma visão estruturada sobre os problemas que afetam a sociedade americana, mas por que elas agradam seus eleitores.
E aqui temos uma segunda característica dos governos populistas que é a superficialidade de suas análises e propostas e que, carregam em si as sementes do fracasso mais à frente. O exemplo mais marcante deste comportamento é a associação do desemprego nas áreas de indústrias mais tradicionais às importações de países com acordos comerciais com o Estados Unidos. Esquece o novo presidente dos efeitos que a nova fronteira tecnológica está tendo sobre o emprego em setores importantes da economia americana e que deve se aprofundar nos próximos anos.
Esta será a primeira grande fonte de descontentamento do eleitorado de Trump e que, em dois ou três anos, chegará às pesquisas de opinião.
Mas o que mais assusta os analistas são as consequências da revolução alardeada por Trump na gestão da economia americana e no equilíbrio geopolítico internacional. Teremos uma versão americana da experiência petista da Nova Matriz Macroeconômica, em que a forma tradicional de gerir a maior economia do mundo será substituída por emaranhado de conceitos frágeis e fracassados em outros países. Trump assumiu publicamente o compromisso de fazer os USA crescer 4% ao ano no seu mandato. Para uma economia perto do pleno emprego é uma bravata muito parecida com as promessas de Dilma Rousseff ao assumir o governo. A nova matriz americana é um aglomerado de ideias sem o devido amadurecimento e teste de consistência. Como aqui no Brasil vai levar a uma situação muito difícil. A diferença é que os efeitos perversos da Matriz petista atingiram apenas a população brasileira e, no caso de Trump, vão atingir muitos países no primeiro e no mundo emergente.
Estou com medo de Donald Trump e seu despreparo para o cargo que assumiu agora.
É obrigação do analista de economia no Brasil se posicionar sobre o que ele espera do governo Trump. Embora nosso país não esteja na linha de frente da confusa estratégia de seu governo, vamos sem dúvida ser afetados por efeitos colaterais de suas ações. Por isto vou aproveitar nosso encontro desta semana para alinhar alguns pontos que podem ser úteis para o leitor.
Diante de um governo que se anuncia caótico, e com poucas ideias claras sobre como governar a mais poderosa nação do mundo, é importante fixar algumas referências que a história nos ensina. A primeira – e a mais importantes delas – é que Donald Trump é um político populista, que segue o manual de governantes com estas características. Apesar de se apresentar como um homem com ideias novas – e quase revolucionárias – replica várias experiências fracassadas do passado.
E, deste modelo que se esperava nunca atingiria uma democracia como a americana, podemos tirar uma primeira lição.
Como todo político populista tradicional, percebeu em uma parcela importante da população americana um sentimento muito forte de frustração e ódio para com a elite econômica e política dos Estados Unidos e de outros países do primeiro mundo. Estava colocada assim a primeira pedra da construção de seu populismo que é a identificação de inimigos externos ao seu grupo de apoio político. O “nós contra eles” está na base da construção de seu apoio popular.
Identificado o inimigo, o segundo passo na sua busca do poder político é desenvolver um conjunto de ideias símbolo, embaladas em mensagens simples e de fácil entendimento para as massas de seus seguidores. Na versão atual elas são o fechamento da economia americana ao comércio internacional, o controle das fronteiras aos emigrantes e o repúdio aos acordos multilaterais de segurança internacional. Estas questões foram escolhidas não como o resultado de uma visão estruturada sobre os problemas que afetam a sociedade americana, mas por que elas agradam seus eleitores.
E aqui temos uma segunda característica dos governos populistas que é a superficialidade de suas análises e propostas e que, carregam em si as sementes do fracasso mais à frente. O exemplo mais marcante deste comportamento é a associação do desemprego nas áreas de indústrias mais tradicionais às importações de países com acordos comerciais com o Estados Unidos. Esquece o novo presidente dos efeitos que a nova fronteira tecnológica está tendo sobre o emprego em setores importantes da economia americana e que deve se aprofundar nos próximos anos.
Esta será a primeira grande fonte de descontentamento do eleitorado de Trump e que, em dois ou três anos, chegará às pesquisas de opinião.
Mas o que mais assusta os analistas são as consequências da revolução alardeada por Trump na gestão da economia americana e no equilíbrio geopolítico internacional. Teremos uma versão americana da experiência petista da Nova Matriz Macroeconômica, em que a forma tradicional de gerir a maior economia do mundo será substituída por emaranhado de conceitos frágeis e fracassados em outros países. Trump assumiu publicamente o compromisso de fazer os USA crescer 4% ao ano no seu mandato. Para uma economia perto do pleno emprego é uma bravata muito parecida com as promessas de Dilma Rousseff ao assumir o governo. A nova matriz americana é um aglomerado de ideias sem o devido amadurecimento e teste de consistência. Como aqui no Brasil vai levar a uma situação muito difícil. A diferença é que os efeitos perversos da Matriz petista atingiram apenas a população brasileira e, no caso de Trump, vão atingir muitos países no primeiro e no mundo emergente.
Estou com medo de Donald Trump e seu despreparo para o cargo que assumiu agora.