Exame Logo

Você sabe onde o Brasil coleciona recordes?

Em plena pandemia, o agronegócio brasileiro fechará a safra de 20/21 com crescimento e superando resultados históricos

(Mauro Zafalon/Folhapress)
GG

Gilson Garrett Jr.

Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 18h05.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2021 às 18h06.

Para um ano tão desafiador quanto foi 2020, os resultados parciais do agronegócio brasileiro são animadores e evidenciam a pujança de um setor já célebre por sua enorme capacidade de gerar valor e alimentar o mundo de forma sustentável.

A moagem de cana-de-açúcar chegou a 597 milhões de toneladas, um aumento de 3,17% em relação a 2019, e deve fechar o ano-safra, em março, com 600 milhões de toneladas, de acordo com dados da UNICA.

O recuo de 8% registrado na produção de etanol hidratado e anidro, motivado sobretudo pela queda brusca do consumo na pandemia, foi amplamente compensado com a produção de 38 milhões de toneladas de açúcar – 44% a mais que no ano anterior.

Já ouviram falar no milagre da competitividade? Em 2016, o Brasil exportou 2,4 milhões de toneladas de açúcar para a China, sob uma pesada taxa de 50%. No ano seguinte, o imposto de entrada subiu para 95%, e o embarque caiu para 334 mil toneladas. Em 2020, com o retorno da alíquota de 50%, exportamos de janeiro a outubro 3,75 milhões de toneladas. Nenhum país do mundo chega perto dessa eficiência.

Antes de mudar de assunto para os grãos, há outros dois outros aspectos do setor sucroenergético que merecem distinção e têm tudo a ver com ESG. O primeiro foi o desempenho do maior programa de créditos de carbono do mundo, o RenovaBio, por meio do qual foram vendidos e aposentados no ano passado 14,61 milhões de CBios (Créditos de Descarbonização) no país.

Não menos importante foi a mobilização das empresas para produzir e doar milhões de litros de álcool 70% para uso sanitário no combate à pandemia, garantindo o produto em diversos hospitais e também dando mais segurança a eleitores e mesários em todo o território nacional nas últimas eleições municipais.

Agora os grãos. A última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra atual de grãos, divulgada em meados de janeiro, projetou um volume total de 264,8 milhões de toneladas, 3,1% superior ao da safra anterior. É um recorde histórico. O avanço da área plantada será de metade disso (1,6%), o que demonstra que não existe limite para o crescimento da eficiência e da produtividade da agricultura brasileira.

Os números foram confirmados na semana passada pela ministra Tereza Cristina, cuja brilhante gestão à frente da pasta da Agricultura é digna de todo o reconhecimento.

O grande destaque vai para a soja, com projeção de colheita de 133,7 milhões de toneladas, um aumento de 7,1% sobre o período passado. Outro recorde histórico. O Brasil é o maior e o melhor produtor do mundo desta leguminosa. Os número beiram ao inacreditável: nossa produtividade média com a soja alcança 3.400 kg/hectare, que é 25% superior à obtida pela França, 70% maior que a da China e o dobro da russa, como revelou o professor Marcos Jank em artigo publicado no mês passado, na Folha de S.Paulo.

Ao contrário do que dizem autoridades europeias mais preocupadas com o protecionismo do que com o desmatamento, a tecnologia aplicada ao campo permite que o país produza cada vez mais, sem pressionar as áreas florestais. Estudo de 2019 da Embrapa concluiu que o Brasil pode dobrar a produção atual usando somente as áreas que já cultivam a soja e recuperando áreas de pastagens degradadas.

Precisamos combater o desmatamento ilegal da Amazônia e monitorar a cadeia de produção, sem jamais desgrudar a estratégia da agenda de ESG. Atualmente 85% da produção de etanol é certificada e tem sua pegada de carbono auditada e mensurada. Isso beneficia também o nosso açúcar, já que a mesma cana que fabrica um produz o outro.

Saindo das porteiras, precisamos aprimorar os mecanismos de escoamento de toda a produção nacional, sobretudo a que ocorre no coração do país. Se o Brasil é o celeiro do mundo, o Mato Grosso é o celeiro do Brasil: o país possui 40% do trading de agronegócio mundial, e o MT responde por 40% das nossas exportações.

Na eficiência logística, merece aplausos a atuação do ministro Tarcísio Gomes de Freitas, que imprimiu à frente do MInfra uma gestão técnica e focada na desburocratização para destravar a logística do Brasil.

Toda a produção do sul do Mato Grosso já está ligada por ferrovia ao porto de Santos, e a capacidade de transporte saltará de 35 milhões para 75 milhões de toneladas por ano, graças a investimentos de R$ 6 bilhões até 2026.

E tudo isso pode melhorar ainda mais e ser muito otimizado com projetos importantes que estão em aprovação.

Somando-se a isso as ações já realizadas ou programadas para aumentar a eficiência dos portos, tudo indica que o epíteto de “país do futuro” dado ao Brasil no início dos anos 1940 poderá, enfim, se tornar realidade, liderado pelo nosso vitorioso agronegócio. Feliz 2021 com muita saúde.

*Luis Henrique Guimarães é presidente da Cosan

Veja também

Para um ano tão desafiador quanto foi 2020, os resultados parciais do agronegócio brasileiro são animadores e evidenciam a pujança de um setor já célebre por sua enorme capacidade de gerar valor e alimentar o mundo de forma sustentável.

A moagem de cana-de-açúcar chegou a 597 milhões de toneladas, um aumento de 3,17% em relação a 2019, e deve fechar o ano-safra, em março, com 600 milhões de toneladas, de acordo com dados da UNICA.

O recuo de 8% registrado na produção de etanol hidratado e anidro, motivado sobretudo pela queda brusca do consumo na pandemia, foi amplamente compensado com a produção de 38 milhões de toneladas de açúcar – 44% a mais que no ano anterior.

Já ouviram falar no milagre da competitividade? Em 2016, o Brasil exportou 2,4 milhões de toneladas de açúcar para a China, sob uma pesada taxa de 50%. No ano seguinte, o imposto de entrada subiu para 95%, e o embarque caiu para 334 mil toneladas. Em 2020, com o retorno da alíquota de 50%, exportamos de janeiro a outubro 3,75 milhões de toneladas. Nenhum país do mundo chega perto dessa eficiência.

Antes de mudar de assunto para os grãos, há outros dois outros aspectos do setor sucroenergético que merecem distinção e têm tudo a ver com ESG. O primeiro foi o desempenho do maior programa de créditos de carbono do mundo, o RenovaBio, por meio do qual foram vendidos e aposentados no ano passado 14,61 milhões de CBios (Créditos de Descarbonização) no país.

Não menos importante foi a mobilização das empresas para produzir e doar milhões de litros de álcool 70% para uso sanitário no combate à pandemia, garantindo o produto em diversos hospitais e também dando mais segurança a eleitores e mesários em todo o território nacional nas últimas eleições municipais.

Agora os grãos. A última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra atual de grãos, divulgada em meados de janeiro, projetou um volume total de 264,8 milhões de toneladas, 3,1% superior ao da safra anterior. É um recorde histórico. O avanço da área plantada será de metade disso (1,6%), o que demonstra que não existe limite para o crescimento da eficiência e da produtividade da agricultura brasileira.

Os números foram confirmados na semana passada pela ministra Tereza Cristina, cuja brilhante gestão à frente da pasta da Agricultura é digna de todo o reconhecimento.

O grande destaque vai para a soja, com projeção de colheita de 133,7 milhões de toneladas, um aumento de 7,1% sobre o período passado. Outro recorde histórico. O Brasil é o maior e o melhor produtor do mundo desta leguminosa. Os número beiram ao inacreditável: nossa produtividade média com a soja alcança 3.400 kg/hectare, que é 25% superior à obtida pela França, 70% maior que a da China e o dobro da russa, como revelou o professor Marcos Jank em artigo publicado no mês passado, na Folha de S.Paulo.

Ao contrário do que dizem autoridades europeias mais preocupadas com o protecionismo do que com o desmatamento, a tecnologia aplicada ao campo permite que o país produza cada vez mais, sem pressionar as áreas florestais. Estudo de 2019 da Embrapa concluiu que o Brasil pode dobrar a produção atual usando somente as áreas que já cultivam a soja e recuperando áreas de pastagens degradadas.

Precisamos combater o desmatamento ilegal da Amazônia e monitorar a cadeia de produção, sem jamais desgrudar a estratégia da agenda de ESG. Atualmente 85% da produção de etanol é certificada e tem sua pegada de carbono auditada e mensurada. Isso beneficia também o nosso açúcar, já que a mesma cana que fabrica um produz o outro.

Saindo das porteiras, precisamos aprimorar os mecanismos de escoamento de toda a produção nacional, sobretudo a que ocorre no coração do país. Se o Brasil é o celeiro do mundo, o Mato Grosso é o celeiro do Brasil: o país possui 40% do trading de agronegócio mundial, e o MT responde por 40% das nossas exportações.

Na eficiência logística, merece aplausos a atuação do ministro Tarcísio Gomes de Freitas, que imprimiu à frente do MInfra uma gestão técnica e focada na desburocratização para destravar a logística do Brasil.

Toda a produção do sul do Mato Grosso já está ligada por ferrovia ao porto de Santos, e a capacidade de transporte saltará de 35 milhões para 75 milhões de toneladas por ano, graças a investimentos de R$ 6 bilhões até 2026.

E tudo isso pode melhorar ainda mais e ser muito otimizado com projetos importantes que estão em aprovação.

Somando-se a isso as ações já realizadas ou programadas para aumentar a eficiência dos portos, tudo indica que o epíteto de “país do futuro” dado ao Brasil no início dos anos 1940 poderá, enfim, se tornar realidade, liderado pelo nosso vitorioso agronegócio. Feliz 2021 com muita saúde.

*Luis Henrique Guimarães é presidente da Cosan

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAgropecuária

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se