Oportunidades para o Brasil num mundo em transformação
Conjunturas locais e globais colocam o país numa posição sem precedentes para liderar o desenvolvimento sustentável e a economia de baixo carbono
Presidente da Cosan
Publicado em 14 de agosto de 2023 às 14h58.
Como era esperado, o Banco Central reduziu a taxa de juros na reunião do último dia 2 de agosto e sinalizou que novas quedas devem ocorrer nas próximas deliberações do colegiado. Sem dúvida isso é um alento para impulsionar os investimentos no país e consequentemente o crescimento econômico, a geração de empregos e o bem-estar da sociedade. Ninguém duvida disso. Claro que este novo cenário traz a reboque a necessidade de uma atenção redobrada com as contas públicas, contudo o que proponho discutir hoje neste artigo vai além disso. Diz respeito a ótimas chances que o Brasil não pode perder em meio a conjunturas locais e globais.
As recentes transformações geopolíticas e as perenes urgências das mudanças climáticas colocam nosso país numa posição de destaque para oferecer ao mundo soluções que permitam a migração para uma economia de baixo carbono, graças a áreas em que podemos alcançar e cristalizar um protagonismo incontestável: produção de alimentos, biodiversidade, energia renovável/transição energética, créditos de carbono e recursos naturais.
Obviamente é primordial um ambiente interno que nos permita atingir isso e pode-se dizer que, de certa forma, estamos indo bem. Não apenas pela queda dos juros. O atual governo aumentou nossa credibilidade mundial no que diz respeito ao meio ambiente. Trouxe também sinalizações importantes de harmonia entre os Poderes para a implementação de reformas cruciais rumo ao desenvolvimento sustentável do país. Estamos com o arcabouço fiscal e a reforma tributária em vias de aprovação. E, quero crer, foram deixadas de lado supostas ilações de revisar reformas importantes aprovadas anteriormente.
Claro que temos desafios históricos a serem superados. Não fossem eles, já estaríamos numa posição de liderança mundial há muito tempo. Temos uma das maiores desigualdades sociais do mundo e um baixíssimo investimento em educação. Nossa complexidade impede que um ambiente pujante de negócios deslanche como deveria. Apesar de contarmos com investidores capazes e dispostos a investir no país, eles enfrentam um espectro de imprevisibilidade secular, cuja consequência mais nefasta é afastar parte considerável do capital de que tanto precisamos.
Há meia dúzia de coisas que, no Brasil, vira e mexe, atrapalham a previsibilidade e afugentam investimentos: 1) políticas de governo, e não de Estado; 2) mudanças de regras que podem mexer até com o passado; 3) disputas regulatórias entre entes federativos; 4) complexidades tributárias; 5) arroubos intervencionistas; e 6) falta de leis e pulso firme para tirar do mercado agentes anticompetitivos e ilegais, como grandes sonegadores, que parecem invencíveis em setores com alta tributação e baixa margem.
Enquanto temos tantas lições de casa para fazer, lá fora as oportunidades estão pulando diante dos olhos. Os juros no mundo continuam altos. Os Estados Unidos e a China estão em disputas cada vez mais acirradas. A Europa precisa com urgência de novos fornecedores de energia e alimentos. Nós temos. A transição energética demanda minério de ferro de melhor qualidade, capaz de produzir aço com menos emissões, além de minérios estratégicos, sobretudo os utilizados em baterias de carros elétricos. Nós temos.
Nós temos o que o mundo mais precisa, essa é a realidade atual do Brasil. Mas temos também uma propensão inexplicável para perder oportunidades. Não podemos perder essas de agora. Precisamos trabalhar com foco, driblar distrações, aprovar reformas e garantir previsibilidade para investimentos de longo prazo. É agora ou nunca!
*Luis Henrique Guimarães é presidente da Cosan
Como era esperado, o Banco Central reduziu a taxa de juros na reunião do último dia 2 de agosto e sinalizou que novas quedas devem ocorrer nas próximas deliberações do colegiado. Sem dúvida isso é um alento para impulsionar os investimentos no país e consequentemente o crescimento econômico, a geração de empregos e o bem-estar da sociedade. Ninguém duvida disso. Claro que este novo cenário traz a reboque a necessidade de uma atenção redobrada com as contas públicas, contudo o que proponho discutir hoje neste artigo vai além disso. Diz respeito a ótimas chances que o Brasil não pode perder em meio a conjunturas locais e globais.
As recentes transformações geopolíticas e as perenes urgências das mudanças climáticas colocam nosso país numa posição de destaque para oferecer ao mundo soluções que permitam a migração para uma economia de baixo carbono, graças a áreas em que podemos alcançar e cristalizar um protagonismo incontestável: produção de alimentos, biodiversidade, energia renovável/transição energética, créditos de carbono e recursos naturais.
Obviamente é primordial um ambiente interno que nos permita atingir isso e pode-se dizer que, de certa forma, estamos indo bem. Não apenas pela queda dos juros. O atual governo aumentou nossa credibilidade mundial no que diz respeito ao meio ambiente. Trouxe também sinalizações importantes de harmonia entre os Poderes para a implementação de reformas cruciais rumo ao desenvolvimento sustentável do país. Estamos com o arcabouço fiscal e a reforma tributária em vias de aprovação. E, quero crer, foram deixadas de lado supostas ilações de revisar reformas importantes aprovadas anteriormente.
Claro que temos desafios históricos a serem superados. Não fossem eles, já estaríamos numa posição de liderança mundial há muito tempo. Temos uma das maiores desigualdades sociais do mundo e um baixíssimo investimento em educação. Nossa complexidade impede que um ambiente pujante de negócios deslanche como deveria. Apesar de contarmos com investidores capazes e dispostos a investir no país, eles enfrentam um espectro de imprevisibilidade secular, cuja consequência mais nefasta é afastar parte considerável do capital de que tanto precisamos.
Há meia dúzia de coisas que, no Brasil, vira e mexe, atrapalham a previsibilidade e afugentam investimentos: 1) políticas de governo, e não de Estado; 2) mudanças de regras que podem mexer até com o passado; 3) disputas regulatórias entre entes federativos; 4) complexidades tributárias; 5) arroubos intervencionistas; e 6) falta de leis e pulso firme para tirar do mercado agentes anticompetitivos e ilegais, como grandes sonegadores, que parecem invencíveis em setores com alta tributação e baixa margem.
Enquanto temos tantas lições de casa para fazer, lá fora as oportunidades estão pulando diante dos olhos. Os juros no mundo continuam altos. Os Estados Unidos e a China estão em disputas cada vez mais acirradas. A Europa precisa com urgência de novos fornecedores de energia e alimentos. Nós temos. A transição energética demanda minério de ferro de melhor qualidade, capaz de produzir aço com menos emissões, além de minérios estratégicos, sobretudo os utilizados em baterias de carros elétricos. Nós temos.
Nós temos o que o mundo mais precisa, essa é a realidade atual do Brasil. Mas temos também uma propensão inexplicável para perder oportunidades. Não podemos perder essas de agora. Precisamos trabalhar com foco, driblar distrações, aprovar reformas e garantir previsibilidade para investimentos de longo prazo. É agora ou nunca!
*Luis Henrique Guimarães é presidente da Cosan