O tribunal de Neymar
Nesta história, o veredito da Justiça tem sido o menos importante, enquanto a batalha pela opinião pública corre a todo o vapor
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2019 às 13h39.
Última atualização em 6 de junho de 2019 às 16h44.
Ainda é cedo para tirar uma conclusão do caso do suposto estupro do Neymar. O vídeo veiculado na noite de ontem, longe de mostrar Neymar agredindo Najila Trindade, mostra-o se esquivando de ataques dela e saindo rápido da cena. O vídeo parece uma tentativa frustrada de incriminá-lo, e que acaba saindo pela culatra, por minar a credibilidade da acusadora.
Ao mesmo tempo, mesmo que de fato o vídeo tivesse sido uma tentativa de incriminá-lo, isso não significa que a acusação de que Neymar a tivesse agredido no encontro anterior fosse falsa. Não é de todo inverossímil que uma mulher que foi agredida de verdade mas não tem nenhum registro para provar o crime, marque um segundo encontro com a finalidade de provocar o agressor e, aí sim, registrar para não deixar dúvidas e conseguir condená-lo. Seja como for, a cada nova revelação (hematomas no corpo, depoimento de advogado, entrevista, vídeo etc.) a opinião pública sobre o que provavelmente aconteceu muda; não é impossível que mais indícios estejam por vir.
Do ponto de vista jurídico, não parece que os elementos que vieram a público sejam o bastante para condenar Neymar. Nesta história, contudo, o veredito da Justiça tem sido o menos importante, enquanto a batalha pela opinião pública corre a todo o vapor.
Nessa guerra, a única coisa que podemos fazer é evitar cometer injustiças. E com um tema tão sensível quanto estupro e violência sexual (que hoje em dia, curiosamente, movimenta mais paixões do que o assassinato), isso significa refrear nossas simpatias espontâneas.
Dado o machismo da sociedade, existe uma predisposição em muitas pessoas de imediatamente desconfiar de qualquer mulher que venha a público acusar um agressor. Isso apenas torna mais difícil que estupros e violências contra mulheres sejam devidamente denunciadas e punidas.
Contudo, como resposta a isso, uma nova tendência se impôs como obrigatória em meios mais progressistas: acreditar automaticamente em qualquer denúncia feita por uma mulher, como se as mulheres fossem incapazes de mentir sobre esse tema e como se todo homem fosse sempre culpado. Isso, evidentemente, também não é verdade.
Nos poucos estudos que se tem a respeito, em geral americanos, a estimativa acerca de acusações falsas de estupro é que sejam menos de 10% do total de acusações; ou seja, uma minoria. Mas essa minoria é o bastante para destruir a reputação e a vida de pessoas inocentes.
Em reação ao excesso dessa reação feminista, circulam já hoje em dia teorias “masculinistas” que dão um passo além: vêm toda mulher como uma oportunista em busca de enganar homens e, se necessário, acusá-los falsamente. Uma sociedade em que pessoas de um gênero enxerguem o outro gênero como fundamentalmente mau é uma sociedade doente.
Acreditar automaticamente no homem permite que estupros passem impunes e nem sejam denunciados. Acreditar automaticamente na mulher facilita que acusações infundadas sejam feitas e prosperem junto à opinião pública.
Gênero não é garantia de idoneidade e nem de culpa. De uma forma ou de outra, sempre formaremos opiniões sobre os casos que se nos apresentam. Que essa opinião, contudo, seja baseada na informação e na nossa análise do contexto de cada caso, e não na opinião a priori que temos sobre cada gênero. Assim cometeremos um pouco menos de injustiças em nossas avaliações, e quem sabe nos pouparemos de alguma vergonha ao dar menos opiniões precipitadas nas redes sociais.
Ainda é cedo para tirar uma conclusão do caso do suposto estupro do Neymar. O vídeo veiculado na noite de ontem, longe de mostrar Neymar agredindo Najila Trindade, mostra-o se esquivando de ataques dela e saindo rápido da cena. O vídeo parece uma tentativa frustrada de incriminá-lo, e que acaba saindo pela culatra, por minar a credibilidade da acusadora.
Ao mesmo tempo, mesmo que de fato o vídeo tivesse sido uma tentativa de incriminá-lo, isso não significa que a acusação de que Neymar a tivesse agredido no encontro anterior fosse falsa. Não é de todo inverossímil que uma mulher que foi agredida de verdade mas não tem nenhum registro para provar o crime, marque um segundo encontro com a finalidade de provocar o agressor e, aí sim, registrar para não deixar dúvidas e conseguir condená-lo. Seja como for, a cada nova revelação (hematomas no corpo, depoimento de advogado, entrevista, vídeo etc.) a opinião pública sobre o que provavelmente aconteceu muda; não é impossível que mais indícios estejam por vir.
Do ponto de vista jurídico, não parece que os elementos que vieram a público sejam o bastante para condenar Neymar. Nesta história, contudo, o veredito da Justiça tem sido o menos importante, enquanto a batalha pela opinião pública corre a todo o vapor.
Nessa guerra, a única coisa que podemos fazer é evitar cometer injustiças. E com um tema tão sensível quanto estupro e violência sexual (que hoje em dia, curiosamente, movimenta mais paixões do que o assassinato), isso significa refrear nossas simpatias espontâneas.
Dado o machismo da sociedade, existe uma predisposição em muitas pessoas de imediatamente desconfiar de qualquer mulher que venha a público acusar um agressor. Isso apenas torna mais difícil que estupros e violências contra mulheres sejam devidamente denunciadas e punidas.
Contudo, como resposta a isso, uma nova tendência se impôs como obrigatória em meios mais progressistas: acreditar automaticamente em qualquer denúncia feita por uma mulher, como se as mulheres fossem incapazes de mentir sobre esse tema e como se todo homem fosse sempre culpado. Isso, evidentemente, também não é verdade.
Nos poucos estudos que se tem a respeito, em geral americanos, a estimativa acerca de acusações falsas de estupro é que sejam menos de 10% do total de acusações; ou seja, uma minoria. Mas essa minoria é o bastante para destruir a reputação e a vida de pessoas inocentes.
Em reação ao excesso dessa reação feminista, circulam já hoje em dia teorias “masculinistas” que dão um passo além: vêm toda mulher como uma oportunista em busca de enganar homens e, se necessário, acusá-los falsamente. Uma sociedade em que pessoas de um gênero enxerguem o outro gênero como fundamentalmente mau é uma sociedade doente.
Acreditar automaticamente no homem permite que estupros passem impunes e nem sejam denunciados. Acreditar automaticamente na mulher facilita que acusações infundadas sejam feitas e prosperem junto à opinião pública.
Gênero não é garantia de idoneidade e nem de culpa. De uma forma ou de outra, sempre formaremos opiniões sobre os casos que se nos apresentam. Que essa opinião, contudo, seja baseada na informação e na nossa análise do contexto de cada caso, e não na opinião a priori que temos sobre cada gênero. Assim cometeremos um pouco menos de injustiças em nossas avaliações, e quem sabe nos pouparemos de alguma vergonha ao dar menos opiniões precipitadas nas redes sociais.