O que esperar de um Governo Temer?
Ao menos no campo econômico o governo Temer está saindo melhor do que a encomenda. Tanto pela equipe (Meirelles, Mansueto), quanto pelas diretrizes: levar a sério o ajuste, cortar gastos, privatizar estatais, pautas que são positivas sempre, principalmente em tempos de crise fiscal. Com a recuperação da confiança de investidores, com o reequilíbrio macroeconômico e […]
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2016 às 11h51.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h10.
Ao menos no campo econômico o governo Temer está saindo melhor do que a encomenda. Tanto pela equipe (Meirelles, Mansueto), quanto pelas diretrizes: levar a sério o ajuste, cortar gastos, privatizar estatais, pautas que são positivas sempre, principalmente em tempos de crise fiscal.
Com a recuperação da confiança de investidores, com o reequilíbrio macroeconômico e com um resultado fiscal que melhore nossa relação entre dívida e PIB, é possível caminhar lentamente para a queda dos juros. Os grandes gargalos e desafios do Brasil, no entanto, seguirão intocados: nossos impostos descomunais no peso e na complexidade; nossa lei trabalhista arcaica e que produz 10% de desemprego e, entre os empregados, 40% de informalidade; gastos estatais que, por lei, não param de crescer; a imensa dificuldade de se empreender no Brasil; e, é claro, a educação básica abismal. Essas são as pautas que o Brasil como nação precisa enfrentar, depois de três ciclos eleitorais jogados fora em nome de uma briga política improdutiva.
Temer já começa comprometido. Fora da equipe econômica, há nomeações que seguem o velho esquema do fisiologismo partidário — isso sem falar na opinião pública desfavorável e no Congresso nada cooperativo, que efetivamente sabota soluções mais difíceis em nome do ganho de curto prazo.
Para além disso, há toda uma agenda de reforma do Estado e da política que desde 2013 se transformou em algo inescapável. A população está alienada de seus próprios representantes, o jogo político é assistido com um misto de indignação e incredulidade, e se ninguém suporta mais o governo Dilma, não quer dizer que aprove qualquer uma das alternativas que estão dadas. O PMDB de Temer é, ademais, constitutivamente incapaz de levar adiante qualquer reforma no sentido de aproximar a política da população justamente por ser o principal beneficiado e causador do estado de coisas atual.
Temer não é o presidente dos sonhos de ninguém. O PMDB é o partido conservador por excelência; não gosta de mudanças bruscas. Com ele, pararemos de retroceder, mas ainda seremos incapazes de andar para frente. Esse passo só poderá vir em 2018, aí sim com a chancela do respaldo popular, e com o capital político de um governo que não nasça com cara de velho. O Brasil aguarda o surgimento de novas forças políticas que superem a briga de torcidas e apresentem um projeto positivo de país. A “Ponte para o Futuro” nos reconecta aos avanços que foram abandonados pelo atual governo, mas não será capaz de nos levar além.
O legado positivo possível de Temer, portanto, será devolver ao Brasil a seriedade institucional e tirar o Estado do coma fiscal e político, colocando a cabeça do Brasil para fora da água. Faltará o mais importante: nadar para algum destino melhor. Temer pode não ser a primeira opção de ninguém, mas é o que tem para hoje, e pode fazer um bom trabalho. Ele tem motivos para alimentar um otimismo moderado. Já o sucesso do PMDB em 2018, aí sim, seria uma tragédia nacional (para não falar de uma improvável volta de Dilma depois dos 180 dias…). Que voe como as palavras, e não permaneça como os escritos.
Ao menos no campo econômico o governo Temer está saindo melhor do que a encomenda. Tanto pela equipe (Meirelles, Mansueto), quanto pelas diretrizes: levar a sério o ajuste, cortar gastos, privatizar estatais, pautas que são positivas sempre, principalmente em tempos de crise fiscal.
Com a recuperação da confiança de investidores, com o reequilíbrio macroeconômico e com um resultado fiscal que melhore nossa relação entre dívida e PIB, é possível caminhar lentamente para a queda dos juros. Os grandes gargalos e desafios do Brasil, no entanto, seguirão intocados: nossos impostos descomunais no peso e na complexidade; nossa lei trabalhista arcaica e que produz 10% de desemprego e, entre os empregados, 40% de informalidade; gastos estatais que, por lei, não param de crescer; a imensa dificuldade de se empreender no Brasil; e, é claro, a educação básica abismal. Essas são as pautas que o Brasil como nação precisa enfrentar, depois de três ciclos eleitorais jogados fora em nome de uma briga política improdutiva.
Temer já começa comprometido. Fora da equipe econômica, há nomeações que seguem o velho esquema do fisiologismo partidário — isso sem falar na opinião pública desfavorável e no Congresso nada cooperativo, que efetivamente sabota soluções mais difíceis em nome do ganho de curto prazo.
Para além disso, há toda uma agenda de reforma do Estado e da política que desde 2013 se transformou em algo inescapável. A população está alienada de seus próprios representantes, o jogo político é assistido com um misto de indignação e incredulidade, e se ninguém suporta mais o governo Dilma, não quer dizer que aprove qualquer uma das alternativas que estão dadas. O PMDB de Temer é, ademais, constitutivamente incapaz de levar adiante qualquer reforma no sentido de aproximar a política da população justamente por ser o principal beneficiado e causador do estado de coisas atual.
Temer não é o presidente dos sonhos de ninguém. O PMDB é o partido conservador por excelência; não gosta de mudanças bruscas. Com ele, pararemos de retroceder, mas ainda seremos incapazes de andar para frente. Esse passo só poderá vir em 2018, aí sim com a chancela do respaldo popular, e com o capital político de um governo que não nasça com cara de velho. O Brasil aguarda o surgimento de novas forças políticas que superem a briga de torcidas e apresentem um projeto positivo de país. A “Ponte para o Futuro” nos reconecta aos avanços que foram abandonados pelo atual governo, mas não será capaz de nos levar além.
O legado positivo possível de Temer, portanto, será devolver ao Brasil a seriedade institucional e tirar o Estado do coma fiscal e político, colocando a cabeça do Brasil para fora da água. Faltará o mais importante: nadar para algum destino melhor. Temer pode não ser a primeira opção de ninguém, mas é o que tem para hoje, e pode fazer um bom trabalho. Ele tem motivos para alimentar um otimismo moderado. Já o sucesso do PMDB em 2018, aí sim, seria uma tragédia nacional (para não falar de uma improvável volta de Dilma depois dos 180 dias…). Que voe como as palavras, e não permaneça como os escritos.