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Como mudar de trabalho?

Uma decisão de trabalho é mais que uma decisão de trabalho... é uma escolha de vida

Seu trabalho pode ser parte da sua missão, se você trabalhar com essa intenção (Thinkstock/Thinkstock)
Seu trabalho pode ser parte da sua missão, se você trabalhar com essa intenção (Thinkstock/Thinkstock)
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João Branco

Publicado em 23 de fevereiro de 2023 às, 13h35.

Trabalho, trampo, ocupação, serviço, bico, emprego, ganha pão, obra, labuta, rala peito, ofício. Como você chama o lugar onde exerce a sua profissão?

Tem gente que chama de tortura. E não vê a hora de fugir.

As buscas por “como mudar de trabalho” no Google são 8 vezes maiores do que as consultas por “como pedir divórcio” e 2 vezes maior do que “como mudar de cidade”. Se você colocar no ChatGPT um pedido de dicas sobre esse assunto, ele vai entregar uma receita com 6 passos:

  1. Avalie o seu trabalho atual
  2. Identifique o que você quer
  3. Atualize o seu currículo
  4. Ative a sua rede de contatos
  5. Prepare-se para entrevistas
  6. Tome uma decisão informada

A inteligência artificial está correta na receita básica. Mas como esse artigo foi escrito por um humano, quero ir além.

Mudar de trabalho é uma decisão difícil, pois traz novidades ao lugar onde passamos metade do nosso tempo acordado. Também implica na mudança da sua renda, na sua capacidade de pagar as contas e no seu nível de conforto. Provoca uma nova rotina, novos esforços e um desgaste diferente do que estávamos acostumados. Provavelmente um novo emprego impactará toda a sua família. Por isso, costumo dizer que uma decisão de trabalho é mais que uma decisão de trabalho... é uma escolha de vida.

Ninguém quer se submeter a um suplício diário. Se o seu trabalho vai contra os seus valores, destrói a sua saúde ou não tem ligação nenhuma com os seus talentos, a mudança é necessária. Mas se você está apenas chateado com uma falta de reconhecimento pelo último projeto, pelo tratamento que recebeu de um cliente ou com as cobranças que o chefe fez ontem, vale a pena tomar cuidado para não ser impulsivo. Largar um trabalho não é uma decisão que deve ser tomada de cabeça quente.

Em épocas de demissão em massa, vale o conselho: só saia de um trabalho se ele for pior do que o desemprego. Ou se já tiver outra opção boa (ênfase no “boa”) engatilhada.

A busca por alternativas aumenta as chances de sucesso quando passa pela construção de relacionamentos, maior exposição da suas as ideias, um esforço de “bater nas portas” e pelo investimento em oportunidades paralelas. Mas nesse processo existe algo que jamais pode ser ignorado: a sua intenção. Por que você está pensando em mudar de trabalho? Quais são as reais motivações para esse movimento? Qual vazio você está tentando preencher?

Ninguém odeia a segunda-feira. Na verdade, odiamos a rotina, o ambiente, o gestor, a demora em conseguir ter uma grama mais verde que a do vizinho, a sensação de que “não estou recebendo os aplausos que mereço”. Mas nem sempre esses sentimentos estão trabalhando a nosso favor. Cuidado.

O seu emprego nunca será um ambiente sem problemas, injustiças ou dificuldades. Mudar de vaga pelas razões erradas só vai fazê-lo renovar os problemas.

O seu trabalho é o lugar onde você mais vai impactar pessoas ao longo da vida. Ele é o ambiente onde suas habilidades serão colocadas em prática, em benefício das outras pessoas. É na sua profissão que você irá produzir frutos que vão despertar uma sensação de orgulho na sua velhice. Quando você percebe isso, os critérios para escolha de um emprego mudam. O salário segue importante, mas o sentido da atividade é outro.

Se você tem a oportunidade de fazer um movimento para se aproximar mais do que sente que nasceu para fazer, pise fundo nesse plano. Mas se estava querendo mudar de rota com a motivação errada, lembre-se: é possível mudar de trabalho sem mudar de emprego.

Seu trabalho pode ser parte da sua missão, se você trabalhar com essa intenção.