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Do brilho ao desafio, o que separa os Jogos Olímpicos das Paralimpíadas?

Apesar do desafio da visibilidade, evento registra interesse crescente do público e mostra potencial de impacto global

Paris foi a cidade-sede dos Jogos Olímpicos e agora recebe os Jogos Paralímpicos (Anadolu/Getty Images)
Paris foi a cidade-sede dos Jogos Olímpicos e agora recebe os Jogos Paralímpicos (Anadolu/Getty Images)

Os Jogos Olímpicos são uma celebração mundial marcada por símbolos poderosos. Os icônicos arcos olímpicos, representando a união global em torno de um ideal comum, brilham a cada edição. Em 2024, a expectativa era ainda maior, considerando que as Olimpíadas de 2020, realizadas em 2021, foram marcadas pela ausência de público e pelas incertezas geradas pela pandemia da Covid-19.

O retorno dos Jogos Olímpicos na Cidade Luz foi aguardado com entusiasmo, não apenas pelos atletas e pelo público, mas também pelas marcas, que souberam capitalizar a simbologia do evento. As ativações das marcas patrocinadoras foram um destaque na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris, uma conquista ainda mais notável diante da complexidade do evento.

LVMH, Dior e Armani demonstraram que o luxo pode, sim, se integrar ao esporte de maneira inovadora. A LVMH marcou presença não só com patrocínios, mas também ao contribuir com sua expertise na criação de medalhas e troféus, além das sofisticadas maletas que carregavam as medalhas. Dior lançou coleções exclusivas que capturaram o espírito olímpico, enquanto Glossier e Armani exploraram a interseção entre moda e esporte, criando uma conexão emocional com os consumidores.

Agora, vamos olhar para as Paralimpíadas. Em contraste aos Jogos Olímpicos, este evento enfrenta um desafio significativo: a diferença de visibilidade. Mas essa disparidade não é uma barreira insuperável — é uma oportunidade de crescimento e inovação.

Enquanto a audiência global das Olimpíadas de Tóquio 2020 foi a menor desde Atenas 2004, a Paralimpíada de Tóquio registrou uma audiência acumulada recorde de mais de 4,25 bilhões de espectadores, superando o recorde do Rio-2016, com 4,1 bilhões. Os números revelam um interesse crescente do público, indicando que as Paralimpíadas têm um potencial de impacto global ainda maior do que muitos imaginam.

A falta de um olhar atento e um menos espaço dedicado da mídia sobre as Paralimpíadas reflete uma oportunidade não explorada. Apesar dos excelentes números de audiência geral, os esportes paralímpicos ainda recebem menos atenção. Essa disparidade pode ser atribuída a uma combinação de fatores, como a menor cobertura midiática, o limitado investimento publicitário e (impossível negar) preconceitos que, por muito tempo, marginalizaram atletas com deficiência. A falta de narrativas tão amplamente promovidas quanto as histórias dos atletas olímpicos também contribui para essa diferença. Muitas vezes, o foco está nas limitações, e não nas conquistas que fazem dos Jogos Paralímpicos um espetáculo de excelência.

Paris 2024 já demonstrou seu compromisso em elevar as Paralimpíadas ao mesmo patamar dos Jogos Olímpicos. Para isso, se valeu da simbologia, utilizando o mesmo logotipo para ambas as competições — a primeira vez na história em que isso acontece. A mensagem é a de que ambas as competições são igualmente importantes e merecem o mesmo nível de reconhecimento e celebração.

Agora, seria um bom momento para refletir sobre como podemos garantir que as Paralimpíadas recebam a atenção e o apoio que merecem. Afinal, a grandeza dos Jogos está na sua capacidade de reconhecer e celebrar os princípios olímpicos de alto desempenho e universalidade em todas as suas formas, honrando a excelência em todas as suas expressões.

O primeiro passo é fácil: assistir, prestigiar, postar e celebrar as conquistas dos atletas paralímpicos tanto quanto fizemos semanas atrás, medalhas de Ouro para o Brasil não deverão faltar!