(Witthaya Prasongsin/Getty Images)
Colunista
Publicado em 12 de fevereiro de 2025 às 13h11.
O mercado de mídia está atravessando um período de transformação acelerada. Assim como no esporte, onde as estratégias são ajustadas em tempo real para vencer adversários, a indústria de mídia precisa se reinventar continuamente para acompanhar o comportamento dos consumidores e os avanços tecnológicos. Conteúdos de palestra, relatórios e conversas informais do mercado publicitário dão conta que dados, personalização e inteligência artificial que antes era entendidos como ferramentas, agora são peças centrais do jogo.
A primeira mudança fundamental é o crescimento exponencial nos investimentos publicitários. A previsão de US$ 1,07 trilhão em 2024, com aumento sustentado nos próximos anos, destaca a relevância contínua da publicidade, especialmente em canais como mídias sociais e TV conectada. Esse crescimento cria oportunidades, mas também impõe desafios. Assim como um time precisa adaptar sua tática a cada partida, marcas e anunciantes estão ajustando estratégias para um ambiente onde o público migra rapidamente entre plataformas e formatos.
No centro dessa transformação está a convergência de mídia. Modelos híbridos, que combinam assinatura e anúncios, estão se tornando padrão em serviços de streaming. Plataformas como Netflix e Disney já testam novos formatos para reduzir a rotatividade e manter a fidelidade do público. Isso exige das marcas um jogo mais dinâmico, integrando formatos tradicionais e digitais para alcançar audiências dispersas.
O mercado publicitário brasileiro, apesar de menor em volume quando comparado aos grandes mercados globais, tem se mostrado pioneiro em muitas frentes. Com criatividade reconhecida mundialmente e uma abordagem inovadora em campanhas digitais e integrações multicanal, o Brasil é frequentemente usado como laboratório para testes de novos formatos e modelos de engajamento. Enquanto mercados como o americano lideram em investimento, o Brasil se destaca pela capacidade de transformar restrições orçamentárias em soluções criativas e eficientes, influenciando estratégias globais. Esse contraste entre escala e inovação posiciona o país como um player relevante na evolução do mercado publicitário.
A inteligência artificial surge como o técnico invisível que organiza o time. Ela personaliza campanhas, otimiza processos e cria conteúdo gerado por máquinas, como anúncios e vídeos. No entanto, assim como uma equipe precisa de treinamento para executar táticas avançadas, o uso eficaz da IA depende de dados organizados e estratégias claras. Empresas que ignorarem essa preparação correm o risco de ver suas iniciativas tecnológicas falharem.
Outro aspecto essencial é a medição de audiência. Com o consumo fragmentado entre dispositivos, a indústria de mídia está buscando modelos híbridos que combinem dados de grandes volumes (big data) com análises detalhadas de comportamento. Essa abordagem permite entender quem está assistindo, como e por quê: dados críticos para otimizar investimentos em campanhas.
Mas a tecnologia, por si só, não resolve tudo. O relatório reforça a necessidade de um foco renovado nas pessoas — tanto na audiência quanto na força de trabalho. Profissionais de mídia estão sendo desafiados a dominar novas habilidades, interpretar dados complexos e usar insights para guiar estratégias. Da mesma forma, consumidores esperam experiências mais imersivas e personalizadas, o que exige das marcas maior empatia e criatividade na criação de conteúdo.
O futuro da mídia será definido por quem conseguir equilibrar inovação tecnológica com inteligência humana. Assim como no esporte, onde a combinação entre preparo físico e estratégia decide campeonatos, o mercado de mídia dependerá da capacidade de unir tecnologia e talento. Esse equilíbrio será o diferencial entre quem lidera a transformação e quem fica no banco de reservas.
Seja na criação de campanhas publicitárias ou no desenvolvimento de novos formatos de conteúdo, o setor está apenas no início dessa revolução. Os próximos anos exigirão times bem treinados, ferramentas avançadas e, acima de tudo, a coragem de inovar em campo aberto. O jogo está só começando, mas as regras já mudaram.