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Temer ou não Temer, eis a questão.

Estamos às vésperas de saber se Temer será conduzido ao cargo de presidente da república em exercício, caso confirmado o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Na esteira desse acontecimento, todas as atenções estão voltadas para a formação do ministério Temer e as primeiras medidas de seu governo. A imprensa e o mercado têm especulado sobre o que seria necessário fazer, de imediato, para corrigir as mazelas enfrentadas pela economia brasileira, […] Leia mais

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Investidor em Ação

Publicado em 9 de maio de 2016 às, 10h25.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 07h40.

Estamos às vésperas de saber se Temer será conduzido ao cargo de presidente da república em exercício, caso confirmado o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Na esteira desse acontecimento, todas as atenções estão voltadas para a formação do ministério Temer e as primeiras medidas de seu governo.

Temer ou não temer

A imprensa e o mercado têm especulado sobre o que seria necessário fazer, de imediato, para corrigir as mazelas enfrentadas pela economia brasileira, assim como para ganhar credibilidade junto aos agentes econômicos em geral a fim de interromper a espiral de desânimo e falta de esperança na melhora da economia – que já registra mais de 11 milhões de desempregados.

Nesse sentido, apesar da urgência da situação e de medidas fortes e críveis a serem tomadas, deve-se tomar o cuidado para que o Brasil não volte ao velho hábito de divulgar pacotes econômicos na calada da noite.

Sem querer tirar o mérito da análise que a fazenda venha a fazer da situação da economia e das medidas necessárias à retomada sustentada do crescimento econômico do país, bons economistas – que não faltam no Brasil -, têm consciência do que precisa ser realizado.

Mas o que precisa ficar claro é que nada será conseguido do dia para noite. Que medidas milagrosas não existem e que tudo levará tempo para florescer. Sabe-se que para destruir alguma coisa é rápido e fácil; mas para se reconstruir o que foi destruído é lento e difícil. Penso que estamos nessa situação – infelizmente.

Ainda mais, em um contexto onde a crise não é apenas econômica, mas política. Talvez, possa arriscar a dizer que a situação da economia é a face mais evidente da crise política que assola o Brasil.

De qualquer forma, parece natural que a imprensa, o mercado, e a população brasileira como um todo estejam ansiosos para ver as primeiras medidas desse novo governo. Mas acredito, também, que o governo – apesar de precisar apresentar alguns resultados positivos rapidamente para ganhar credibilidade – deva ser parcimonioso em suas primeiras medidas na área econômica, já que nada será resolvido de imediato nesse campo.

Ou seja, corremos o risco de, novamente, sermos vítimas de uma sobre-reação (overreacting) dos mercados e uma tremenda frustração e descrença caso a reação da economia – e dos agentes – à essas medidas não for a esperada por todos.

A situação é muito complexa e pouco trivial para que tenha como solução medidas decididas entre quatro paredes, na calada da noite, por meia dúzia de pseudo-salvadores da pátria…

Muita atenção Temer, pois você só terá uma oportunidade para dizer a que veio. Acertar, por outro lado, será consequência de muita sabedoria e equilíbrio em suas decisões.

Boa sorte!