Solução à vista; mas sob nova direção?
É muito comum e característico encontrar placas/anúncios com os dizeres “sob nova direção”, em estabelecimentos comerciais que não têm apresentado bons resultados. É como se o aviso “sob nova direção” rompesse com o paradigma anterior e prometesse novos tempos para o negócio/estabelecimento comercial. Pergunto-me se esse não seria o caso brasileiro em relação a inúmeras questões relacionadas à economia do país. Para citar um tópico muito específico, mas de importância […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2014 às 20h46.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 08h25.
É muito comum e característico encontrar placas/anúncios com os dizeres “sob nova direção”, em estabelecimentos comerciais que não têm apresentado bons resultados. É como se o aviso “sob nova direção” rompesse com o paradigma anterior e prometesse novos tempos para o negócio/estabelecimento comercial.
Pergunto-me se esse não seria o caso brasileiro em relação a inúmeras questões relacionadas à economia do país. Para citar um tópico muito específico, mas de importância fundamental para o país, vale analisar o recente pacote de incentivos lançado pelo governo para o mercado de capitais local.
O governo acaba de conceder benefício fiscal (isenção sobre ganhos de capitais) aos investidores em ações com pequena capitalização de mercado (small caps). Vale notar que a isenção vale apenas para o mercado primário – investimentos no momento da abertura de capital por essas empresas.
Além disso, a BM&FBovespa e a CVM também concederam algumas reduções nos custos decorrentes para a abertura de capital dessas empresas na bolsa, tornando a operação mais barata para elas.
Por fim, o BNDES se comprometeu a comprar 20% da emissão primária de ações dessas companhias em bolsa, procurando garantir uma demanda cativa para esses títulos.
Não se pode negar que as medidas sejam positivas para o mercado de capitais e que possam, eventualmente, estimular a abertura de capital de pequenas e médias empresas na bolsa. Entretanto, deve-se questionar se a ínfima presença desse tipo de empresa na BM&FBovespa é decorrente dos problemas elencados e agora solucionados e/ou neutralizados pelas medidas implementadas pelo governo.
Será que o diagnóstico apresentado pelo governo e instituições reguladoras do mercado de capitais está correto? Por que as pequenas empresas não procuram a bolsa para se capitalizarem? Ou será que procuram, mas não têm capacidade de bancar a conta para lançar e manter suas ações negociadas na bolsa?
Será que o problema é de demanda? Isto é, faltam investidores para esse tipo de empresa em função do risco relativamente maior que representam frente às blue-chips da bolsa?
Afinal, por que isso acontece? O Brasil é um país carente de capitais, onde o crédito é muito caro, e seria providencial que o mercado provesse recursos para que essas empresas investissem em novos projetos e, consequentemente, alavancassem o seu crescimento e, ao final, do próprio país.
Por que será que nos EUA a coisa acontece de maneira diferente? Por que será que lá existe uma bolsa eletrônica (NASDAQ) pujante, com inúmeras pequenas e grandes empresas (de tecnologia ou não) sendo avidamente negociadas dia-a-dia por milhares de investidores do mundo todo?
Será que a cultura do empresário brasileiro, assim como a do próprio governo e dos investidores locais – aqueles poucos que se arriscam na bolsa, seja individualmente ou por meio de fundos de investimento geridos por profissionais – é a mesma de seus correspondentes norte-americanos?
Será que a categoria de país emergente do Brasil acaba por impor restrições ao crescimento e desenvolvimento do mercado de capitais, como forma de democratização do capital no país?
Ou será que tudo não passa de um grave problema de gestão, o qual poderia ser corrigido, em sua maior parte, sob a orientação de uma nova direção?
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É muito comum e característico encontrar placas/anúncios com os dizeres “sob nova direção”, em estabelecimentos comerciais que não têm apresentado bons resultados. É como se o aviso “sob nova direção” rompesse com o paradigma anterior e prometesse novos tempos para o negócio/estabelecimento comercial.
Pergunto-me se esse não seria o caso brasileiro em relação a inúmeras questões relacionadas à economia do país. Para citar um tópico muito específico, mas de importância fundamental para o país, vale analisar o recente pacote de incentivos lançado pelo governo para o mercado de capitais local.
O governo acaba de conceder benefício fiscal (isenção sobre ganhos de capitais) aos investidores em ações com pequena capitalização de mercado (small caps). Vale notar que a isenção vale apenas para o mercado primário – investimentos no momento da abertura de capital por essas empresas.
Além disso, a BM&FBovespa e a CVM também concederam algumas reduções nos custos decorrentes para a abertura de capital dessas empresas na bolsa, tornando a operação mais barata para elas.
Por fim, o BNDES se comprometeu a comprar 20% da emissão primária de ações dessas companhias em bolsa, procurando garantir uma demanda cativa para esses títulos.
Não se pode negar que as medidas sejam positivas para o mercado de capitais e que possam, eventualmente, estimular a abertura de capital de pequenas e médias empresas na bolsa. Entretanto, deve-se questionar se a ínfima presença desse tipo de empresa na BM&FBovespa é decorrente dos problemas elencados e agora solucionados e/ou neutralizados pelas medidas implementadas pelo governo.
Será que o diagnóstico apresentado pelo governo e instituições reguladoras do mercado de capitais está correto? Por que as pequenas empresas não procuram a bolsa para se capitalizarem? Ou será que procuram, mas não têm capacidade de bancar a conta para lançar e manter suas ações negociadas na bolsa?
Será que o problema é de demanda? Isto é, faltam investidores para esse tipo de empresa em função do risco relativamente maior que representam frente às blue-chips da bolsa?
Afinal, por que isso acontece? O Brasil é um país carente de capitais, onde o crédito é muito caro, e seria providencial que o mercado provesse recursos para que essas empresas investissem em novos projetos e, consequentemente, alavancassem o seu crescimento e, ao final, do próprio país.
Por que será que nos EUA a coisa acontece de maneira diferente? Por que será que lá existe uma bolsa eletrônica (NASDAQ) pujante, com inúmeras pequenas e grandes empresas (de tecnologia ou não) sendo avidamente negociadas dia-a-dia por milhares de investidores do mundo todo?
Será que a cultura do empresário brasileiro, assim como a do próprio governo e dos investidores locais – aqueles poucos que se arriscam na bolsa, seja individualmente ou por meio de fundos de investimento geridos por profissionais – é a mesma de seus correspondentes norte-americanos?
Será que a categoria de país emergente do Brasil acaba por impor restrições ao crescimento e desenvolvimento do mercado de capitais, como forma de democratização do capital no país?
Ou será que tudo não passa de um grave problema de gestão, o qual poderia ser corrigido, em sua maior parte, sob a orientação de uma nova direção?
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